China constrói prédios para criar mais de 1 milhão de porcos


Como aumentar a produção de carne suína em espaços estreitos urbanos? Muito simples, colocando os animais para viverem em condições subumanas, afinal, são animais e em alguns lugares, como em Hong Kong por exemplo, os próprios humanos vivem em condições animais, morando em casas-gaiolas de 1 metro quadrado. É o mundo contemporâneo!

©greenpeace/Facebook

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A China inventou um modo radical de enfrentar os desafios da produção de carne suína, criando um “conjunto habitacional de porcos”, redefinindo o conceito de fazenda e levantando questões éticas, ambientais e econômicas sobre a produção e o consumo de carne.

Megaestrutura pode abrigar 1,2 milhão de suínos

Zhongxin Kaiwei Modern Farming, o “conjunto habitacional de porcos”, está localizado na província central de Hubei, na China. Desde sua inauguração, tem sido motivo de debate e controvérsia. Com seus impressionantes 26 andares, esta megaestrutura é capaz de abrigar até 1,2 milhão de suínos, tornando-se um marco na produção agropecuária.

Como funciona

Concebida especificamente para responder à demanda cada vez mais elevada daquela que é a principal fonte de proteína da população chinesa, a estrutura é super organizada. Cada andar foi pensado para a exploração de cada fase de vida dos suínos. Há um andar para os filhotes, outro para as porcas gestantes, departamentos de maternidade, além dos pontos de alimentação e engorda.

O prédio tem sistemas de controle de ventilação, temperatura, detectores de gases e monitoramento constante dos suínos por meio de câmeras de alta definição. Para a nutrição, são 30 mil pontos de alimentação automáticos, que distribuem mais de um milhão de quilos de ração por dia, acionados remotamente de uma sala de controle. Cada animal recebe a quantidade certa de alimento de acordo com idade, peso e estado de saúde.

Os resíduos produzidos na “fazenda” serão utilizados para gerar biogás e produzir energia para a própria estrutura em uma espécie de economia circular.

Além de poupar espaço (pois o prédio ocupa um quinto da área agrícola normalmente necessária para criar o mesmo número de animais), os porcos estando isolados do mundo, ficariam protegidos de doenças e vírus, um perigo constante nas grandes produções pecuárias.

Questões éticas

Enquanto alguns elogiam a eficiência e a inovação por trás desse empreendimento, outros levantam preocupações sobre o bem-estar dos animais. Será possível garantir o conforto e a qualidade de vida dos suínos em um ambiente tão artificial e confinado? A busca pela eficiência pode sacrificar o respeito aos direitos e necessidades dos animais?

Para além das questões éticas, o “prédio dos porcos” também suscita preocupações ambientais. Como essa megaestrutura afetará o meio ambiente local e global? A intensificação da produção animal pode aumentar a poluição do ar, do solo e da água, além de contribuir para as mudanças climáticas. Será que essa solução é verdadeiramente sustentável a longo prazo?

Você comeria?

Os defensores desse modelo argumentam que ele é essencial para atender à crescente demanda por carne suína na China, garantindo a segurança alimentar e impulsionando a economia do país. A eficiência e a produtividade do “prédio dos porcos” podem ser vistas como uma resposta necessária aos desafios enfrentados pelo setor agrícola. No entanto, apesar da inovação ser um reflexo da busca contínua por soluções para a crescente demanda por alimentos, é crucial ponderar os impactos éticos, ambientais e econômicos dessa novidade.

Por fim, a pergunta que fica: você comeria carne de porco sabendo que ela seria sido produzida nestas condições?

Atenção: o vídeo contém cenas de confinamento animal. 

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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