ONG revela as condições em que são produzidas as roupas da Shein


Onde e em que condições são produzidas as roupas da marca low-cost Shein? Uma ONG suíça descobre que funcionários da fábrica trabalham 75 horas por semana, e outras aberrações de direitos humanos.

Um relatório elaborado pela ONG suíça Public Eyeque iventiga violações de direitos humanos e ambientais em empresas do mundo inteiro, revela os bastidores do sucesso da Shein.

Quem é a Shein?

Qual mulher nunca viu um anúncio da Shein (pronuncia-se “she-in”) , a empresa de sucesso bombástico que invadiu as redes sociais com sua enorme variedade de roupas descaradamente baratas, e que está colocando no chinelo as também gigantes H&M e Zara na corrida pelo mercado do fast fashion?

Apesar de sua presença online maciça, a empresa por trás da marca é um mistério. Afinal, quem é a Shein?

Muita gente se fez essa pergunta quando soube que o aplicativo Shein havia ultrapassado o da Amazon como ferramenta de compras mais baixado nos Estados Unidos.

O site da Shein fornece poucas informações sobre si: é “uma empresa internacional de comércio eletrônico de moda rápida B2C” (Business-to-Consumer).

A empresa não indica o local de onde as roupas são distribuídas nem dá maiores informações. Sabe-se apenas que está sediada em Hong Kong e nada mais.

Acredita-se que a empresa predecessora foi fundada por três homens em 2008 na cidade de Nanjing, no leste da China, e que originalmente vendiam principalmente vestidos de noiva. Entre os fundadores, estava Xu Yangtian, especialista em otimização de mecanismos de busca. Em 2012 – até então sem seus ex-colegas – ele começou a distribuir moda feminina sob o nome de domínio sheinside.com. O negócio decolou em 2015.

Mas, muito além da sua história de sucesso, o que os consumidores da marca deveriam querer saber é como, onde e em que condições são produzidas as peças de vestuário da Shein, para sejam tão absurdamente baratas.

A pesquisa

No final de 2020, a Public Eye foi investigar os mistérios da Shein e, entrando em contato com uma organização que defende os direitos dos trabalhadores no sul da China, conseguiu localizar um total de 17 empresas que forneciam para a Shein.

O que se lê no detalhado relatório “Toiling away for Shein” é uma série de violações de direitos humanos, como se poderia esperar.

A marca que investe em novidades que vão e vêm na velocidade da luz, aliás, esse é um dos motivos do seu sucesso: o fashion ultra fast que faz com que H&M ou Zara pareçam antiquadas – não tem a menor preocupação com a segurança e com o bem-estar de seus trabalhadores.

Sem contrato e com 1 dia de folga por mês

De acordo com a investigação, os funcionários são pagos por item; não há salário-base nem retribuição pelas horas extras. A jornada de trabalho chega a ser de 11 a 12 horas por dia, com apenas um dia de folga por mês, o que significa 75 horas de trabalho por semana.

Os trabalhadores não têm contratos nem benefícios previdenciários, embora isso viole não apenas o Código de Conduta do Fornecedor da Shein, mas também as leis trabalhistas chinesas.

A Public Eye também encontrou uma complexa estrutura corporativa da Shein, composta de muitas entidades offshore para disfarçar a grandeza da propriedade e evitar o pagamento de impostos.

Resumindo, o modelo de sucesso da Shein é controlar o máximo possível da sua cadeia de produção, e ao mesmo tempo assumir o mínimo possível de responsabilidades.

É claro que era de se esperar que por trás desse comércio barato, existiam trabalhadores explorados, sem falar nos danos ambientais causados por toda cadeia de produção da fast fashion.

Ludibriadas

Devemos alertar sempre porque o público da Shein é especialmente composto de jovens que, ludibriadas, acreditam que para estar na moda, vale a pena sacrificar vidas (pessoas e ambiente). A estratégia de marketing para todas as formas e tamanhos dá a entender que a Shein é uma marca bacana, inclusiva, sexy, etc. Na verdade, a única ética da empresa é a da venda. Não se deixe ludibriar.

Comprar uma roupa barata para estar 5 minutos na moda tem um custo ambiental escandaloso. Até quando as pessoas vão se deixar enganar?

Leia aqui o relatório completo para saber os detalhes dessa sórdida história.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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