Shein: a “fast fashion” que virou febre. Pense mil vezes antes de comprar


Quem vive no Brasil sabe que roupas boas e bonitas saem caro. Não dá para comparar os preços das peças vendidas por quem valoriza a cadeia produtiva, produz pouco e usa matéria-prima natural e de menor impacto ambiental com os praticados pelas fast fashion.

Muitas fast fashions, como a espanhola Zara, foram acusadas de trabalho análogo à escravidão e buscaram rever sua atuação no mercado da moda. A própria Zara, por exemplo, tem investido em peças sustentáveis nos últimos anos. Mas a sua concorrente oriental, a Shein, é que vem conquistando milhões de consumidores no ocidente, ou melhor, no mundo todo.

Febre de consumo

No Brasil, a Shein já virou uma febre, sobretudo, entre os jovens. As redes sociais a todo momento mostram publicidades da fast fashion chinesa, que oferece modelos descolados a baixo preço.

Entretanto, é preciso questionar a equação barato + bonito. Será que realmente esse negócio vale a pena quando paramos de pensar apenas no nosso bolso e no nosso guarda-roupa e ampliamos o nosso olhar para o impacto do nosso consumo?

Soltam aos olhos os modelos vendidos pela Shein: são vários e de diferentes estilos. Comparando a loja virtual com concorrentes que oferecem produtos similares, o preço da Shein é imbatível.

Entretanto, essa concorrência desleal tem um impacto social e ambiental que é preciso ser posto às claras. Não dá mais para fingirmos ou fazermo-nos de desentendidos sobre o impacto das nossas compras para o meio ambiente e para as formas de exploração de trabalho contemporâneas.

Qualidade questionável

Uma matéria da Folha de S. Paulo investigou a qualidade questionável da Shein, o que faz com que ela consiga vender produtos a preços baixos.

Quando lemos a descrição das peças vendidas pela gigante da moda, descobrimos que a maioria delas é feita de tecidos sintéticos, que geram um duplo impacto ambiental: baixa qualidade, o que faz a roupa durar menos, tornando-a descartável – o famoso “barato que sai caro” -, e alta poluição.

A obscuridade sobre a cadeia de produção da Shein levanta um alerta sobre os tipos de relações de trabalho da empresa. Não se sabe se as milhões de pessoas envolvidas nessa rede em todo o mundo, e não apenas na China, recebem de forma justa pelo trabalho que realizam. Se compararmos a Shein com uma outra gigante, a Amazon, é de se desconfiar sobre a prática de exploração laboral.

Consumo consciente

Não dá mais para sermos consumidores sem consciência. Hoje há muita informação sobre os diversos produtos que adquirimos, alimentos, roupas, calçados, acessórios etc.

Investigar marcas e ler rótulos e etiquetas são estratégias simples e fáceis de serem executadas para não corroborar com um consumo compulsivo que faz tanto mal a pessoas e ao meio ambiente.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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