Mangarito “quem conhece, não esquece jamais”: benefícios, como cultivar e receitas


“Quem conhece, não esquece jamais”, esse tem sido a corrente propagada por aqueles que tiveram contato com o mangarito.

Não há consenso sobre a origem exata, mas estudos apontam que esta planta ocorre em regiões tropicais do México ao Brasil, pertence à família das Araceae, a mesma da taioba e do taro, conhecido no Brasil como inhame.

Mangarito é PANC

Mangarito é uma hortaliça tradicional, mas considerada Planta Alimentícia Não Convencional, as famosas “PANCs”, porque não são comumente vendidas nos mercados. Embora já tenha sido muito utilizado, principalmente pela comunidade indígena e rural, hoje em dia é difícil de ser encontrado.

Antigamente, em algumas regiões, as pessoas do campo chamavam o mangarito de “batatinha do mato”. O diminutivo faz jus ao nome, porque ele é bem pequeninho mesmo.

Se comparado ao inhame, cará ou mandioca, o mangarito é bem menor e geralmente de cor amarela, mas também nas cores internas branca, laranja e até arroxeada.

As folhas do mangarito são comestíveis, mas são os rizomas (caule que fica dentro da terra) que representam verdadeira iguaria culinária.

Chegou a estar ameaçado de extinção, mas aos poucos vem sendo resgatado às mesas dos brasileiros e projetos de incentivo de plantio junto aos produtores rurais, e reintroduzido na culinária através de chefs famosos que foram conquistados pelo sabor especial do mangarito.

Benefícios e propriedades

Nutricionalmente, destaca-se como fonte amilácea altamente energética.

  • Apresenta índice calórico em torno de 100 kcal/100g
  • cerca de 3 a 3,5% de proteína (2 gramas)
  • 15 mg. de cálcio
  • 46 mg. de fósforo
  • 09 mg. de ferro
  • 2 mg. de vitamina A
  • 013 mg. vitamina B1
  • 0,02 mg. de vitamina B2 e
  • 7 mg. de vitamina C.

Vitaminas do complexo B e Vitamina C, auxiliam

  • na aceleração da cicatrização
  • na redução de infecções
  • potencializa o sistema imunológico e protege as células.

O fósforo e o cálcio ajudam a fortalecer dentes e ossos.

Pelo alto teor proteico e energético (ferro e reserva de aminoácido), melhora o desempenho nos treinos.

Como usar o mangarito

As folhas do mangarito são comestíveis, podendo ser preparadas de modo semelhante à couve, mas são os rizomas que melhor representam o mangarito.

Eles devem ser cozidos com a casca, porque ela se solta e fica fácil de retirar. Se descascados crus, é difícil e perdem muito da hortaliça.

Pode ser cozido, assado, frito, salteado (“sauté”) ou em cremes.

No passado, era típico no café da manhã ou lanche com melado.

O mangarito pode ser conservado por meses, em local fresco e arejado, preferencialmente mantendo-se as touceiras.

Receitas com mangarito

Creme de mangarito

Ingredientes

  • 500g mangarito

Modo de preparo

Numa panela com água, leve os mangaritos com casca para ferver até ficarem amolecidos e não cozidos.

Após esse processo, as cascas se soltam sozinhas e ficam fáceis de retirar.

Depois de retirada toda a casca, volte para a panela com água fervente para terminar o cozimento.

Depois, bata no liquidificador e retorne a panela, tempere com sal, manteiga e pimenta do reino.

Risoto de mangarito

Ingredientes

  • 1/4 de xícara de azeite
  • 1 colher (sopa) de manteiga
  • 1 pitada de pimenta-do-reino
  • 2 tomates sem pele (separe a polpa)
  • 1 cebola grande picada
  • alho e salsinha picada a gosto
  • 1/2 cenoura bem picada
  • 1 colher (sopa) de molho inglês
  • 1 cubo de caldo de legumes
  • 300 g de mangarito (dos bem pequenos) descascados e cozidos
  • 100 g de talo de couve-flor (cortado em rodelas)
  • 1/4 de xícara de vinho branco
  • 1 xícara de arroz arbóreo
  • 150 g de queijo parmesão ralado grosso
  • 1 colher (sopa) de cheiro-verde bem picado

Modo de fazer

Aqueça o azeite com a manteiga, frite a cebola, o alho em seguida, coloque o tomate, a cebola, a cenoura, o molho inglês.

Adicione o mangarito cozido/ e os talos da couve-flor e deixe refogar.

Depois, acrescente o arroz e vá cozinhando e mexendo com o caldo de legumes e o vinho branco.

No final, junte o parmesão e o cheiro verde.

Como cultivar mangarito

Por ser um tubérculo, vasos não são um meio mais adequado para produção, necessitando de, no mínimo, um canteiro. Se mesmo assim quiser produzir em vaso, leve em consideração que você terá duas ou três plantas por vaso.

A propagação é feita por rizomas-semente diretamente no local definitivo do plantio, não é preciso berçário de mudas. São usados buracos, o plantio pode ser feito em pequenas leiras ou em canteiros. Em leiras, o espaçamento deve ser de até 0,5 m entre as leiras e de até 0,3 m entre plantas. Em canteiros, o espaçamento deve ser de 0,3×0,3 m e feita a adubação, porque não aguenta solos muito pobres, por ser um tubérculo bem pequeno, ele não se desenvolve.

O adubo pode ser o esterco de curral e de galinha com a profundidade de 15 cms distante uma das outras de 30/40 cms, e colocar nas covas de três a quatro tubérculos médios e pequenos até 10 e os mangaritos “mães” cortá-los em três ou quatro pedaços e jogá-los dentro das covas, sem observar a posição dos brotos, que nascerão naturalmente.

Períodos de plantio e colheita

No Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o plantio é feito em setembro-outubro, no início do período quente e chuvoso.

No Nordeste, a partir de novembro.

Deve-se irrigar, quando necessário, lembrando que é cultivado no período chuvoso, em geral dispensando irrigação. A cultura é bastante tolerante a pragas.

A colheita é realizada 6 a 9 meses após o plantio, quando as folhas murcham.

Para saber mais sobre o mangarito, existe um blog dedicado totalmente a esta PANC, o blog do Sr. João Lino, um dos maiores defensores e entusiastas do mangarito no Brasil. Clique AQUI para visitá-lo.

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Fonte foto: Embrapa




Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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