Afinal, de que se trata a felicidade?


Os contos infantis costumam terminar com um “e viveram felizes para sempre”. Qual é o imaginário de felicidade que essa frase de efeito provoca nos leitores? Qual caminho percorreram as personagens para serem felizes?

Nós, seres humanos, somos os únicos animais capazes, de certa forma, de “manipular” nossos sentimentos, por exemplo, quando temos pensamentos distorsivos ou destrutivos, aumentamos o nosso sofrimento. Entretanto, também somos capazes de alterá-los para o lado bom, potencializando nosso bem-estar e protegendo o nosso organismo como um todo.

A ciência já se dedica a estudar os processos que desencadeiam a felicidade para poder estabelecer definições mais precisas sobre o que ela significa. Há pesquisas destinadas a descrever os estados que se relacionam com a felicidade, como os de prazer e os de bem-estar.

A filosofia, há muitos anos, já vem se dedicando a entender os mecanismos desencadeadores da felicidade. A corrente filosófica hedonista, por exemplo, entendia o bem-estar e o prazer como um desfrute de tudo aquilo que pudesse causar um prazer imediato, como comer, apreciar uma paisagem, um encontro entre amigos, etc. Outra corrente é a eudaimônica, que buscava a satisfação a longo prazo, gerada como consequência de resultados obtidos pelo esforço, pela dedicação, pelo trabalho.

Segundo o neurologista e neurocientista Facundo Manes, professor de Neurologia e Neurociêncais Cognitivas em universidades na Argentina, Estados Unidos e Austrália, hoje em dia, há várias correntes de pesquisa que tentam explicar o funcionamento da felicidade. Uma delas a psicologia positiva, que especifica a felicidade em três eixos: vida prazerosa, vida com compromisso e vida com significado. Espera-se, dessa maneira, compreender o ser humano em toda sua complexidade, tratando não somente de enteder os seus problemas, mas de propor a construção de qualidades positivas capazes de fortalecer as pessoas.

Por exemplo, se nos propomos a melhorar a nossa vida em algum âmbito, é necessário que afastemos algumas ideias falsas que nos impedem de alcançar o bem-estar. Uma delas é achar que o bem-estar é um acontecimento repentino, quando, na verdade, ele se trata de uma construção. Outra ideia falsa é crer que o bem-estar está fora de si, como no dinheiro, no companheiro, etc, projetando sobre eles uma sensação de ter “adquirido” um bem-estar definitivo. Todavia, o bem-estar trata de uma adaptação hedônica, isto é, ele se relaciona com a nossa capacidade de adaptação para assimiliar as mudanças da vida.

Como alcaçar o bem-estar?

Existem algumas atividades que podem aumentar o bem-estar e a saúde emocional. Nós podemos fazer uso delas aumentando essa capacidade em nós. A neuroplasticidade, que é capacidade de o cérebro criar novas conexões neuronais e, inclusive, gerar novos neurônios ligados à experiência, pode produzir mudanças estruturais e funcionais no cérebro.

A atividade física é um meio de alcançar bem-estar, já que reduz a ansiedade, o estresse e o risco de se contrair doenças. Além disso, ela libera endorfina, o hormônio gerador da sensação de prazer. As funções cognitivas, como a memória de longo prazo, nos fortalecem emocionalmente. Investigações também têm comprovado o poder da meditação na regulação positiva da estrutura e do funcionamento cerebral, pois ela cumpriria um papel importante para a plasticidade sináptica, que é a capacidade de os neurônios gerarem maior número de “diálogo” entre eles.

Potencializar as emoções positivas é um recurso que favorece o bem-estar. Por isso, é importante ampliar nosso rol de recursos positivos que promovem a construção de estratégias para melhorar a nossa qualidade de vida.

O bem-estar é como um círculo vicioso: ele nos ajuda a estar bem e contagia aqueles que estão ao nosso redor. Expandir as possibilidades de alcançá-lo é uma maneira de tentarmos escrever não só o nosso final feliz, mas o nosso caminho de felicidade.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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