FDA alerta que todos os implantes mamários podem causar câncer


Primeiro fazem a propaganda depois divulgam os malefícios. Depois da moda dos seios grandes e firmes, agora a moda é dos seios pequenos. Quem colocou e não se arrependeu, agora talvez queira retirar os implantes com o alerta da FDA de que todos os tipos de implante mamário podem causar câncer.

A autoridade americana pede que as mulheres que têm implantes mamários, ou que pretendem colocá-los, fiquem cientes dos riscos envolvidos de desenvolverem certos tipos de câncer no tecido da cicatriz que se forma ao redor do implante.

Já se sabia que os implantes poderiam causar um tipo incomum de câncer, chamado Linfoma Anaplásico de Grandes Células (LAGC). Agora o que vem à tona é que um outro tipo de câncer, chamado Carcinoma Espinocelular, além de outros tipos de linfoma, possam estar relacionados aos implantes.

Como os implantes e os problemas de saúde a eles relacionados são ainda novos, existem poucos estudos e casos documentados mas, segundo a FDA, pelo menos 20 carcinomas e menos de 30 linfomas inesperados, ambos no tecido cicatricial, estariam ligados aos implantes.

Uma agressão estética

O Carcinoma Espinocelular pode aparecer em qualquer tecido cicatricial, como explica aa oncologista Laura Testa para O Globo:

“Quando temos um tecido que está cicatrizando significa que houve uma agressão ao local e que nossas células estão reparando aquela área. Então em várias situações, como lesões solares, lesões no pulmão pelo tabagismo, essas células estão trabalhando continuamente para reparar os tecidos, o que leva ao risco para o desenvolvimento de um câncer aumentado”.

Apesar de alguns médicos dizerem que é raro desenvolver câncer por causa da cicatriz de uma prótese mamária, a FDA recomenda que os implantes sejam monitorados com frequência, para a prevenção de problemas.

Era óbvio?

Cirurgias plásticas nascem como cirurgias para reparar danos físicos e se tornaram populares depois da Primeira Guerra Mundial. Ali havia um propósito que foi transformado em estética com o tempo. Assim, pessoas se submetem a cirurgias, e muitas morrem, em busca de um ideal de beleza.

Para que mexer em um corpo saudável para satisfazer uma estética que vive mudando: antes era moda sobrancelha fina, agora é sobrancelha grossa. Quem tirou tudo e ficou sem pêlo, agora faz implante ou maquiagem definitiva.

O mesmo acontece com o silicone nos seios. Já foi a maior moda e agora tem um movimento crescente contrário. E aí vai mais uma cirurgia, só que agora para a remoção do implante.

“O que as pacientes devem entender é que existe um risco aumentado de ter um corpo estranho em nosso corpo, mas como tudo na vida temos que pensar em risco benefício. Esse implante pode estar relacionado a benefícios como reconstrução da mama, aumento da autoestima. Então é uma balança. Não existe uma recomendação de se retirar o implante por conta desse risco, nem de deixar de fazer o procedimento. A questão é que todas estejam cientes dos riscos envolvidos e que estejam em dia com o acompanhamento médico”, orienta a oncologista.

O implante mamário é o procedimento estético mais realizado por cirurgiões plásticos no mundo todo. Cada caso é um caso e é preciso respeitar a escolha de cada um. Mas há que se ter em conta que os procedimentos nem sempre dão certo, que existem riscos à saúde, que perfeição não existe e que a idade vai chegar para todos, com plástica e sem plástica.

Aceitar-se esteticamente como se é  talvez seja a melhor opção quando não se tratar de problemas realmente graves, como a perda de uma mama ou outros problemas de saúde.

Os novos tratamentos estéticos de hoje podem revelar problemas amanhã. Coloque isso na balança!

Os riscos dos implantes mamários

Especificamente sobre os riscos existentes nos implantes mamários, segundo a FDA, algumas das complicações e reações adversas que podem ocorrer são:

  • Complicações do implante, como dor na mama e alterações na sensação do mamilo e da mama
  • Cirurgias adicionais, com ou sem remoção do dispositivo para correção dos problemas (mamas assimétricas, por exemplo).
  • Contratura capsular, tecido cicatricial (cápsula) que se forma ao redor do implante e comprime o implante
  • Ruptura e vazamento do material
  • Linfoma anaplásico de grandes células associado a implante mamário (BIA-ALCL), um tipo de linfoma não-Hodgkin (câncer do sistema imunológico)
  • Doença do tecido conjuntivo, câncer de mama e problemas reprodutivos
  • Sintomas sistêmicos
  • Problemas para amamentação
  • Efeitos nas crianças

Fontes:

  1. O Globo
  2. Riscos FDA
  3. Alerta FDA

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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