Movimento antivacina aumenta no mundo: é preciso informação para acompanhar esse debate


A vacinação faz parte de um programa de saúde pública que visa à imunização contra doenças. Mas, recentemente, tem sido criada uma grande polêmica sobre a eficácia das vacinas e, por isso, é preciso informação para acompanhar esse debate.

As vacinas são substâncias biológicas que agem no nosso organismo para protegê-lo de doenças através da ativação, no sistema imunológico, do reconhecimento e do combate a vírus e bactérias em futuras infecções. Quando uma vacina entra no corpo, ela estimula o sistema imunológico a produzir os anticorpos que evitam o desenvolvimento de certas doenças, conforme explica a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Nas duas últimas décadas, tem havido uma estagnação na imunização contra o tétano, a difteria e o sarampo, de acordo com o Relatório Anual sobre Imunização, elaborado pela OMS e a UNICEF, conforme informado pelo El Pais. Em 2018, vinte milhões de crianças deixaram de receber as vacinas contra essas doenças, o que fez a taxa de cobertura global ficar em 86%, quando o desafio era de 95%, explica Robin Nandy, chefe da área da UNICEF.

A cobertura da vacinação caiu, principalmente, nos países que mais precisam dela, aqueles que são muito pobres ou que estão em guerra. São eles: Afeganistão, República Centroafricana, Chade, República Democrática do Congo, Etiópia, Haiti, Iraque, Mali, Níger, Nigéria, Paquistão, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Síria e Iêmen.

O Brasil, por exemplo, consegui implementar, nas últimas décadas, uma política pública de vacinação que é exemplar para o mundo, apresentando um dos maiores índices de cobertura global. Todavia, um levantamento do Ministério da Saúde revelou que sete das oito vacinas obrigatórias para crianças recém-nascidas não atingiram a meta de 95% de cobertura em 2018, informa The Intercept Brasil. A queda da taxa de vacinação em crianças de até dois anos vem ocorrendo desde 2011 – um fato preocupante.

Especialistas supõem que uma das razões para isso é a erradicação de certas doenças, fazendo com que alguns pais considerem desnecessário vacinar os seus filhos. Outro fator é a onda de desconfiança em relação às vacinas, que vem crescendo no Brasil e no mundo. Acontece que ambos os motivos têm trazido doenças que já haviam sido erradicadas.

Movimento antivacinas no mundo

Se a vacinação pode salvar vidas, por que, afinal, tem havido um movimento global antivacinas?

Vários adultos têm questionado a eficácia das vacinas, embora Jan Grevendonk, especialista da OMS, assegure que esse questionamento ainda não se reflete estatisticamente. De qualquer maneira, ele alertou ao The Intercept que:

“É um grupo muito pequeno, mas suas mensagens viajam mais rápido do que antes. De maneira que é algo que devemos levar a sério, porque a longo prazo pode ser que desestabilizem o sucesso dos programas de vacinação”.

Com a internet, o movimento antivacina ganhou o mundo, assim como outras “opiniões” infundadas, tais como o terraplanismo e a negação do aquecimento global. As consequências disso são preocupantes. Nos Estados Unidos, um surto de sarampo apavorou o estado de Washington, onde foi declarado estado de emergência após a confirmação de 37 casos da doença, a maioria deles por falta de vacinação. Na Europa a situação também não é animadora. Na Itália, por exemplo, políticos do partido governista chegaram a propor, em 2015, uma lei contrária à vacinação com a justificativa de que ela poderia causar doenças como “leucemia, imunodepressão, autismo, câncer, alergias e mutações genéticas hereditárias”.

A importância da vacinação

Ainda segundo The Intercept, a Organização Mundial da Saúde estima que a vacinação evita mais de 2 milhões de mortes anualmente, e poderia evitar mais 1,5 milhão se a cobertura fosse mundial fosse expandida.

A preocupação da OMS com a onda antivacina levou a entidade a inseri-la num documento que lista os dez maiores riscos à saúde global, em 2019. Na lista estão também o ebola, o HIV, a dengue e a influenza.

As vacinas inegavelmente foram um avanço em termos de saúde mundial. Negar a sua eficácia e deixar de utilizá-las sem qualquer embasamento científico coloca em risco a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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