Coronavírus na Itália: eventos cancelados, escolas fechadas. Pânico


Uma loucura, assim definiu a situação na Itália para o coronavírus, Maria Rita Gismondo, responsável pelo laboratório onde estão sendo analisadas as amostras dos possíveis casos de infecção em Milão.

Mas uma loucura inventada, não real. Na sua opinião, não é preciso alarmismo. Uma gripe comum mata muito mais e sem alardes.

“Uma infecção um pouco mais grave do que uma gripe comum foi confundida por uma pandemia letal”, disse a especialista em um post na sua página FB. Para mim parece loucura. Não é assim”, continua. “Vos lembro que, até o momento, as mortes por coronavírus na Itália são 2 e 217 por gripe. Acredito que algo não esteja funciona na comunicação!”.

“Olhem para os números – alerta – essa loucura causará muitos danos, principalmente do ponto de vista econômico” (…) Sigam as recomendações publicadas pelo Ministério da Saúde e abaixem o tom!”

Mas a população está sim muito preocupada, e com razão. Os números atualizados são
229 casos com 6 mortes, o país é terceiro no mundo por infecções após China e Coréia do Sul (pois já ultrapassou o Japão). Os casos se restringem, por ora, na região norte, apenas 3 na região central, Lazio, mas o medo de se espalhar rapidamente por Roma, a capital no centro do país, é grande.

O primeiro caso

Em Roma, no Spallanzani, hospital especializado em doenças infecciosas, estão internados um casal de chineses e um jovem pesquisador italiano de 29 anos. O pesquisador resulta negativo para os testes, e portanto estaria curado do vírus. Já o casal, 67 e 66 anos, segue em terapia.

O casal é o primeiro caso de coronavírus na Itália e, ao que se sabe, não teria infectado ninguém em Roma. Eles chegaram da China, especificamente de Wuhan, pelo aeroporto de Malpensa, Milão. Passaram por Verona, Parma, Florença e Roma em um percurso de normal complexidade turística. E é aí que mora o perigo!

Do aviso de não alarmismo por parte das autoridades sanitárias italianas por conta do casal (que chegou na Itália dia 23 de janeiro e teve os primeiros sintomas em 29 de janeiro) hoje o clima de pânico cresce de maneira exponencial (assim como os casos de infecção).

O medo ocorre porque esse vírus, o SARS-CoV-2, é novo! Ele pode ser menos mortal, menos agressivo mas é desconhecido. Não se sabe ao certo como o vírus chegou ali (se através do casal que aliás chegou na Itália  juntamente com uma comitiva de turistas chineses) ou de outras pessoas que foram e vieram da China. Como se diz, o paciente zero – aquele que teria difundido o vírus na região norte da Itália, segue desconhecido.

O ser humano é por natureza avesso ao desconhecido. O desconhecido amedronta e isso faz parte da nossa lei biológica de sobrevivência.

Ademais, uma gripe é sempre uma gripe. Os sintomas do coronavírus podem ser facilmente confundidos com qualquer gripe ou resfriado, a sua transmissão pode se dar sem os sintomas. É tudo ainda muito incerto e pouco sabido.

Escolas e universidades, igrejas e pontos turísticos ao norte fechados, carnaval de Veneza e outros eventos cancelados. Trens da Itália para Áustria bloqueados por suspeita de passageiros contagiados. Na Romênia, quarentena para quem chega da Lombardia e Vêneto (as regiões mais atingidas).

Um clima de guerra: assim definiram a situação alguns moradores das regiões afetadas para o jornal italiano la Repubblica.

Pânico x calma

“Tudo isso nos faz entender o quão erradas foram algumas declamações tranquilizadoras de uma determinada política nos últimos dias”, acusa o virologista italiano Roberto Burioni, em um vídeo publicado no jornal Il Tempo.

Chega de “hesitações, polêmicas e controvérsias”. Entre as coisas a serem feitas imediatamente, explica o virologista, é “identificar e isolar todas as pessoas que entraram em contato com esses pacientes. Melhor isolar vinte a mais, do que vinte a menos. Estamos falando de duas semanas de isolamento, não de dez anos de prisão. Um pequeno sacrifício, que tenho certeza de que esses cidadãos poderão fazer pelo bem público”. Devemos impedir que outras pessoas infectadas cheguem à Itália para espalhar o vírus. Para isso, isolamento de todas as pessoas que vêm da China”.

Para finalizar o médico lembra que a saúde não é de direita nem de esquerda (na Itália assim como no Brasil, existe uma guerra entre as duas visões políticas opostas). O problema é que a Europa, e o mundo, vive um clima de xenofobia. Houve o caso de uma chinesa agredida na cidade de Torino (região atingida) onde lhe acusaram:

“Tem coronavírus, vá embora ou te mato”.

Chineses, e asiáticos em geral, que vivem na França denunciaram estar vivendo sob forte preconceito por causa do coronavírus. Assim eles criaram a hashtag #jenesuispasunvirus (eu não sou um vírus) para tentar esclarecer que nem todo asiático é portador de doença.

No clima xenófobo mundial contrário à globalização, seria fácil resumir as questões em “cada um na sua casa”. No entanto, fato é que é muito complexo, senão impossível, impedir a circulação de pessoas.

Brasileiros na Itália

Muitos brasileiros com viagem marcada pra Itália, que tristeza! As recomendações de saúde no país são de lavar as mãos sempre, evitar contatos de perto, não tocar os olhos, boca, nariz, usar lenço se tossir viu espirrar, limpar superfícies com desinfetante, enfim… as recomendações de sempre.

Mas o problema nem é medo de pegar o vírus e sim o de não poder fazer uma viagem tranquila, sem paranoia. Além disso, corre-se o risco é encontrar pontos turísticos fechados.

O desenrolar dos fatos, infelizmente, são imprevisíveis.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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