Coronavírus: 1/3 das crianças infectadas não desenvolvem sintomas. Por que?


Mais de um terço das crianças que são contaminadas pelo novo coronavírus não desenvolvem sintomas. Isso é o que aponta um novo estudo, realizado pela Universidade Alberta, no Canadá, e publicado no Canadian Medical Association Journal.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores testaram 2.463 crianças, entre março e setembro deste ano. Um outro estudo feito pelo Hospital Sant Joan de Déu, em Barcelona, Espanha, mostra ainda que quando elas desenvolvem sintomas, eles tendem a ser bem brandos. O levantamento foi feito com 724 crianças que tinham pelo menos um dos pais com Covid-19. Segundo a pesquisa, mais de 99% delas não apresentou sintomas ou eles foram bem leves.

Dos casos diagnosticados e divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 1,2% envolve crianças com menos de 4 anos, 2.5%, entre 4 e 14 anos e 9.6%, entre 15 e 24 anos.

De fato, quanto mais jovens, mais “protegidos” do coronavírus Sars-Cov-2.

Mas por que isso acontece?

Um artigo publicado na revista Nature fez uma análise sobre os motivos das crianças desenvolverem versões mais leves da doença, ou mesmo serem assintomáticas.

Pode acontecer ainda de o teste PCR – que diagnostica a presença do vírus no organismo – dar negativo, mesmo se a criança estiver contaminada. Uma das explicações para isso é que a imunidade delas é mais “robusta” que a dos adultos, isso porque elas contam com uma resposta inata do sistema imunológico, que, como o próprio nome indica, nasce com o indivíduo, ajudando no combate às primeiras infecções.

O pesquisador e professor da Universidade de Sevilha, Jesús Rodríguez Baño, ao El Pais, esclarece que isso pode explicar a resposta mais eficaz e rápida, o que torna mais difícil a replicação do vírus.

Além da imunidade inata, existe ainda a adquirida, que vai combater o agente nocivo quando ele aparecer novamente no organismo. A imunidade adquirida é conseguida com a vacinação e tende a ser menos eficiente conforme a pessoa vai envelhecendo. A imunidade cruzada – o contato com outros coronavírus – é algo que pode ajudar a explicar, mas existe bastante controvérsia sobre o assunto.

O sistema imunológico das crianças seria também mais direcionado. É o que indica um outro estudo ainda, publicado pela Science que mostra que, no organismo delas há menos receptores ACE2, uma proteína humana que “ajuda” o vírus a introduzir material genético na célula e se replicar.

Ainda há muito a ser descoberto sobre o tema, mas tudo indica que na infância e na juventude os males do novo coronavírus não são tão graves quanto na população em geral, por isso as crianças raramente desenvolvem a doença, a Covid-19, ou apresentam sintomas muito leves dela.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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