Uma infância na memória do celular, sem lembrança da vida


O surgimento da fotografia é um feito de muitos anos. Desde a antiguidade, os seres humanos vêm experimentando diversas formas de registrar momentos para a posteridade. Uma das mais famosas, fruto do trabalho do francês Joseph Niépce, é considerada a primeira fotografia do mundo e data de 1826. De lá para cá, passaram-se séculos e hoje o registro de imagens é algo tão corriqueiro na vida de todos que, muitas vezes, as pessoas se esquecem do impacto que esses registros podem ter.

Um vida registrada

Você já parou para pensar que uma criança que nasce hoje terá pelo menos uma centena de fotos só no primeiro ano de nascimento? Do primeiro banho aos primeiros passos, tudo, atualmente, fica gravado para sempre em imagens digitais. No afã de gravar a infância, os pais querem registrar tudo e isso é muito válido. Com a ajuda de uma câmera de celular já é possível memorizar digitalmente a carinha do filho quando ele fez a primeira travessura ou a roupinha que a filha usava quando dançou na escolinha aos 5 aninhos.

E as crianças de hoje terão acesso a uma enorme quantidade de registros delas mesmas. Serão inúmeras as imagens dos primeiros anos, dos aniversários, das viagens, do dia a dia pulando e brincando em casa. Além das fotos, atualmente é possível gravar vídeos. Nesse caso a memória não é só aquele quadro estático na parede, mas uma vida em movimento. E o adulto de amanhã poderá ver a criança que foi, suas habilidades na dança, no futebol, suas travessuras nos parquinhos…

A vida passa em um clique

É importante manter registros fotográficos. A tecnologia evolui, em teoria, para tornar a vida do ser humano mais fácil. Então, registre sim os primeiros anos de seu filho, faça vídeos brincando com ele, guarde – e faça backup – não esqueça aquele aniversário que a criança caiu de cara no bolo e se lambuzou toda.

Tudo isso é vida e é memória. Só não esqueça de tirar um pouco os olhos da telinha do celular e dos registros de infância que anda fazendo para apreciar o presente – a criança que está ali, brincando e vivendo. As fotografias ajudam muito e devem ser celebradas, porém, mais importantes do que elas é a vida acontecendo no agora.

Então aprecie a foto, mas desligue a telinha do celular e curta a infância do seu filho, que assim como um clique de uma câmera, passa rápido, muito rápido, e não volta mais.

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Cintia Ferreira

Paulistana formada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro, tem o blog Mamãe me Cria e escreve para greenMe desde 2017.


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