Coronavírus: mortalidade de enfermeiros no Brasil é a maior do mundo


Profissionais da área de enfermagem estão na linha de frente no enfrentamento à epidemia do novo coronavírus. No Brasil, a morte desses profissionais já ultrapassou as de Espanha e Itália.

Esse segmento, que é constituído 85% por mulheres, está perdendo várias trabalhadoras que dedicam as suas vidas para salvar outras. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), até essa última quarta-feira (6), 73 profissionais morreram pela Covid-19 no país. Em vistas disso, o Cofen está monitorando as mortes dos enfermeiros com o auxílio dos Conselhos Regionais, informa El Pais.

O número de vítimas desse segmento é alarmante no Brasil comparado ao dos Estados Unidos, onde 46 profissionais faleceram em decorrência da doença, da Itália, que teve 35 óbitos, e da Espanha, que registrou 4 óbitos. O Conselho Internacional de Enfermagem estima que cerca de 100 enfermeiros foram vitimados pela Covid-19, ou seja, só o Brasil registra a maior parte dessas mortes.

O presidente do Cofen, Manoel Neri, interpreta que um dos fatores da alta mortalidade dos enfermeiros no país se deve ao fato de os profissionais com mais de 60 anos não terem sido afastados das atividades da linha de frente, quando deveriam ter sido remanejados para serviços de retaguarda ou afastados de suas funções.

A Justiça Federal determinou que os enfermeiros com idade avançada sejam realocados para funções de menor risco, que não envolvam contato com pacientes infectados por qualquer vírus gripal.

Além desse fator, os profissionais de saúde não estão recebendo os equipamento de proteção individual (EPI).

“Não apenas escassez quantitativa desses produtos, mas também a qualidade do material é questionável. Outra questão é o treinamento das equipes para usá-los: muitos profissionais se contaminam ou pelo uso inadequado do EPI, ou então na hora da desparamentação [retirada da máscara, luvas e avental]”, afirma Neri.

Tanto os profissionais que trabalham na rede pública quanto na privada estão correndo risco de morte. Médicos e enfermeiros estão sendo “jogados” para trabalhar em UTIs destinadas aos pacientes em tratamento de Covid-19 sem que tenham recebido uma preparação adequada. Neri denuncia que:

“Então o profissional acaba sendo colocado nesse serviço extremamente especializado sem o treinamento adequado. Todos estes fatores que levam à morte de profissionais da Saúde existem tanto nos hospitais públicos quanto nos privados”.

Para piorar ainda mais essa situação, um grupo, em Brasília, agrediu enfermeiros que faziam uma manifestação defendendo o isolamento social e homenageando os colegas que perderam as vidas.

Esse grupo não representa a maioria dos brasileiros, que só têm a agradecer a quem sai todos os dias de casa para arriscar a sua vida e a de seus familiares.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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