Escola promove educação holística eliminando conteúdo disciplinar


Não é uma novidade escolas que não adotam a fragmentação de conteúdos em disciplinas, carteiras em fileiras, divisão de séries por faixa etária e provas de avaliação de conteúdo.

Em São Paulo, na Wish Bilingual School não é apenas o bilinguismo que a faz ser uma escola diferente. O que a distingue das demais escolas é o estímulo ao desenvolvimento integral dos alunos pela valorização da educação holística, uma estratégia central do seu projeto pedagógico.

A escola tem pouco mais de cem alunos na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. A sua metodologia de ensino se baseia em projetos que buscam incentivar a construção do conhecimento dos alunos a partir de seus próprios interesses. A proposta inclui aspectos pouco convencionais nas escolas tidas como tradicionais: há o envolvimento do corpo e da mente em busca do autoconhecimento e da relação com o mundo e com os outros.

Na escola, qualquer assunto pode ser tema de pesquisa, desde o nascimento dos bebês até a história da paquistanesa Malala. A aluna Lara Muniz, 9 anos, do 4° ano, por exemplo, está estudando o tema florestas para construir uma maquete sobre a natureza. “A gente pode fazer tudo o que quiser. Tudo está ao nosso alcance”, conta a menina, que está na Wish há dois anos e meio. Em sua outra escola, ela precisava “escrever de cara na lousa”. “Você vai fazendo o seu projeto e do nada percebe que usou matemática para calcular quantos centímetros de um papel vai precisar”, conta.

A escola não nasceu com essa proposta, em 2008. Ela foi sendo adaptada até o formato atual. “O projeto tinha uma existência prévia. Eu tinha o projeto dos dinossauros para as crianças de três anos. Antes de qualquer criança de três anos chegar, o projeto já estava montado com começo, meio e fim”, conta a diretora e fundadora, Andressa Lutiano. Em 2012, a diretora viajou para conhecer escolas inovadoras na Espanha, Dinamarca e Reino Unido e voltou motivada a colocar em prática as experiências aprendidas.

As transformações começaram a afetar o currículo, o tempo, a forma de avaliação e os espaços de aprendizagem. Foi preciso formar uma equipe e explicar o novo modelo aos pais. “Em um primeiro momento a gente perdeu uns 20 alunos”, recorda. A solução adotada pela escola para explicar a nova abordagem foi convidá-los a conhecê-la dentro da escola. Materiais informativos também foram enviados para a casa dos alunos.

A escola é reconhecida pelo Ministério da Educação entre as 178 instituições educacionais brasileiras inovadoras.

Hoje, a escola trabalha com turmas multietárias, com exceção do primeiro ano, alunos do 2° e 3° ano ou 4° e 5° ano desenvolvem atividades em conjunto. As salas têm, em média, 20 alunos atendidos por uma dupla de professores. “Dá mais trabalho porque a gente tem que ir atrás de material. Mesmo a avaliação, não é só dar uma prova para saber o que está certo e o que está errado”, diz a professora Marina Gadioli, responsável pelas atividades de artes.

A avaliação é feita por meio de observações e acompanhamento contínuo dos professores no lugar das provas e fica registrada na plataforma Gold, que tem ferramentas de acompanhamento dos alunos e apresenta diferentes projeções de aprendizagem a serem atingidas. “Cada um tem um ritmo de fazer sua atividade. A gente vai observando, registrando e acompanhando. Eles fazem tudo ao mesmo tempo, mas aqueles que têm dificuldade sempre pedem ajuda”, explica a professora Angela Graziela Fagá, que acompanha alunos do 2° e 3° ano.

O método acredita que cada criança tem seu ritmo para aprender. Por isso, a semana escolar é organizada em uma agenda individual entre os alunos e os professores, que juntos fazem um planejamento que inclui momentos de livre exploração, acompanhamento individual, atendimento em pequenos grupos e períodos que envolvem toda a classe. “A gente brinca, faz lição, projetos e várias coisas”, conta o aluno Rafael Poiate, 9, do 4° ano.

Futuramente, a escola pretende ocupar novas instalações, maiores e com móveis e divisórias que se movimentam para criar salas ou um grande galpão.

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Fonte: ebc




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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