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O sucesso da série Tremembé reacendeu discussões importantes sobre a fetichização do crime e a romantização de criminosos. Esse fenômeno tem nome: hibristofilia. O termo vem do grego ὑβρίζειν (hybrízein), “cometer uma afronta” (derivado de ὕβρις, hybris) e philo, que significa “ter afinidade ou preferência por”. Trata-se de uma atração emocional ou sexual por indivíduos que cometem crimes graves, um interesse que ultrapassa a curiosidade e revela camadas profundas do psiquismo e da cultura.

Violência contra a mulher. Mulher se defendendo de socos
A dinâmica por trás da hibristofilia não se resume a um simples desvio, nem tampouco pode ser explicada como uma fantasia ocasional. Ela aponta para mecanismos psíquicos profundos ligados a carências afetivas, distorções emocionais, histórias de abuso, fragilidade na percepção de risco e idealizações que se formam como resposta a experiências de dor.
O caso recente do ex-jogador de basquete Igor Cabral, preso após agredir sua namorada Juliana Garcia com 61 socos, ilustra essa inquietante dinâmica. Apesar da violência explícita, ele passou a receber mensagens de apoio, interesse romântico e declarações de amor. A reação social expôs o quanto o imaginário coletivo mistura poder, perigo e desejo, transformando figuras violentas em símbolos de força e intensidade.
A psicologia aponta que essa atração surge da combinação paradoxal entre ameaça e proteção. O agressor violento é visto como alguém capaz de dominar e controlar, mas também de oferecer uma suposta segurança a quem se submete. Surge a fantasia de ser escolhida, protegida ou valorizada por alguém que desafia normas e encarna uma força bruta que, inconscientemente, parece preencher ausências afetivas.
Na cultura pop, essa imagem é reforçada por séries, filmes e narrativas que tratam vilões com glamour emocional. Essas representações podem distorcer a noção de vínculo saudável, confundindo violência com cuidado, intensidade com afeto e possessividade com amor.
O Brasil já testemunhou esse padrão diversas vezes. Criminosos famosos, inclusive autores de crimes hediondos, receberam cartas, promessas de relacionamento e propostas de casamento. O caso do Maníaco do Parque é um dos exemplos mais emblemáticos dessa idealização que desafia qualquer racionalidade.
Embora a hibristofilia não explique sozinha a violência doméstica, ela ajuda a compreender a complexidade do ciclo do abuso. Muitas vítimas permanecem em relações destrutivas por repetirem padrões afetivos que têm raízes antigas, geralmente estruturadas em vínculos frágeis, medo da perda, idealização do agressor ou dificuldade em reconhecer o risco.
Compreender esse fenômeno é fundamental. Não se trata de glamourizar crimes, mas de reconhecer que padrões afetivos distorcidos nascem de vivências emocionais profundas. Ignorá-los apenas perpetua ciclos de vulnerabilidade. Falar sobre isso é um primeiro passo para fortalecer o pensamento crítico, incentivar a psicoeducação e promover relações baseadas em responsabilidade, consciência e segurança emocional.
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Fonte: TNH1
Categorias: Sociedade
Publicado em 09/12/2025 às 10:03 am [+]
papas rameneria 游戏玩法挺有意思的,可以试试。
Publicado em 09/12/2025 às 10:03 am [+]
my tiny market 玩起来很有趣,模拟经营的玩法很放松。