Hibristofilia: quando a violência vira fetiche e o agressor se torna desejado


O caso recente do ex-jogador de basquete Igor Cabral, preso após espancar a namorada Juliana Garcia com mais de 60 socos dentro de um elevador, chocou o Brasil pela brutalidade das imagens. Mas algo inquietante veio à tona nas redes sociais: Igor passou a receber centenas de mensagens de apoio, pedidos de contato e até declarações de amor de mulheres que desconhecem a vítima e a violência cometida.

Esse fenômeno tem nome: hibristofilia. Trata-se de uma parafilia, um tipo de atração sexual ou emocional por pessoas que cometem crimes, especialmente os mais graves e violentos. Mas não é apenas um capricho psicológico — hibristofilia revela muito sobre os mecanismos profundos da cultura, do desejo e das relações humanas.

A psicologia explica que esse tipo de atração nasce da mistura entre o perigo e a proteção, o medo e o fascínio. O criminoso violento é percebido como uma figura poderosa, capaz de controlar e dominar, mas também de proteger quem está sob seu domínio. É o desejo de ser dominada por alguém rude, fora das regras convencionais da sociedade, um desafio às normas, uma fantasia de intensidade extrema.

Na cultura pop, essa imagem é alimentada por filmes e séries que romantizam vilões e marginais, transformando-os em símbolos de paixão e poder. Essa romantização pode distorcer a percepção do que é amor, confundindo violência com desejo, controle com cuidado.

No Brasil, esse fenômeno não é novo. Assassinos em série e agressores famosos já receberam cartas de fãs e propostas de casamento mesmo após cometerem crimes hediondos. O Maníaco do Parque, um dos casos mais emblemáticos da violência contra a mulher, também despertou esse tipo de fascínio perturbador.

A hibristofilia não explica a violência doméstica, mas é uma pista sobre as complexidades que envolvem o ciclo do abuso. Muitas vezes, a vítima permanece no relacionamento mesmo diante dos sinais claros de agressão, e o agressor se aproveita dessa tolerância para manter o controle.

É fundamental compreender esse fenômeno para além do sensacionalismo. A hibristofilia mostra o quanto a violência, a dominação e o desejo estão entrelaçados em nossas narrativas sociais. Para quebrar esse ciclo, não basta apenas prender o agressor — é preciso desconstruir a cultura que romantiza o abuso e educar para relações baseadas em respeito e igualdade.

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Fonte: TNH1




Redação greenMe

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Este artigo possui 3 comentários

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