TikToker italiano se mata ao vivo diante de milhares de seguidores


Na última terça-feira, 9 de outubro, um TikToker italiano, conhecido na Itália e em outros países, cometeu suicido em uma transmissão ao vivo em seu canal. Vincent Plicchi, seu nome verdadeiro, era um cosplayer conhecido como Inquisitor Ghost.

Milhares de pessoas estavam conectadas à sua transmissão no momento do ato. O jovem que tinha 23 anos e vivia em Bolonha, deixou um bilhete explicando o motivo de seu gesto extremo, com palavras de despedida que hoje soam mais como um pedido de ajuda: “Não aguento mais”, escreveu.

De acordo com as reconstituições iniciais, o jovem teria se envolvido em uma espécie de armadilha, tudo ainda a ser esclarecido. Nas últimas semanas mensagem suas privadas foram publicadas e viralizadas mostrando um seu envolvimento amoroso com uma moça de 17 anos, que o acusara de abuso. O jovem suicida estaria portanto sendo acusado de pedofilia com uma enxurrada de ameaças que chegavam em uma onda de ódio, inveja e desprezo.

Provavelmente por falta de recursos psicológicos e materiais (um advogado poderia tranquilizá-lo pois, para a lei italiana não se trataria de pedofila um jovem de 23 anos se envolver com uma moça de 17), o Inquisitor Ghost primeiro excluiu todos os seus perfis nas redes sociais e, em seguida, reativou o perfil no TikTok na noite de terça-feira para a fatídica transmissão ao vivo.

O pai do tiktoker, chocado, disse ao jornal italiano La Repubblica que seu filho “morreu de cyberbullying”.

«Ele tinha mudado, tinha até medo de sair. Ele era bom demais para este mundo infame”, concluiu.

A cena mais dramática do episódio não fora enquadrada por escolha do próprio criador, mas a câmera do celular continuou enquadrando seu quarto enquanto o jovem se despedia do mundo. Percebendo que estava falando sério e que não se tratava apenas de uma encenação, as pessoas conectadas ao vivo começaram a chamar por socorro e a alertar os pais. O pai do menino, alarmado com as mensagens, derrubou a porta do quarto, mas já era tarde demais.

Mundo infame

O Inquisitor Ghost tinha em torno de 200 mil followers. Agora, seus seguidores pedem por justiça, mas muitos deles fomentaram o discurso do ódio acusando-o de crimes que muito provavelmente não cometeu. A moça envolvida no caso era uma norte-americana e poderia haver um conflito jurídico na história. De qualquer forma, atém dos motivos do suicídio, importa fazer uma reflexão sobre a sociedade odiosa que somos.

Não existe mais socialização, não existe mais vida real. O que existe são jovens (e também muitos adultos) trancados em seus quartos ou em suas bolhas mentais, vivendo em um mundo de fantasia, de game, de namoro virtual (para não dizer outra coisa). Pessoas que se distanciam de pessoas para evitarem sofrimento e acabam por sofrer ainda mais.

Aqui, cabe um lembrete: muito se fala de “feminismo”, das mulheres vítimas de violência sexual, mas pouco se fala da violência que elas cometem contra os homens, e esse pode ser um caso. Mulheres que se vingam fazendo acusações falsas levam, na melhor das hipóteses, os caras para o mundo dos redpills ou dos Mgtows. Na pior das hipóteses, ao suicídio.

Somos seres sociais e precisamos uns dos outros. Essa é a paradoxal condição humana: enquanto amamos, odiamos, precisamos e recusamos ao mesmo tempo. Em um período histórico onde a internet nos permite viver em ilhas e os valores são medidos em termos de seguidores, números e dinheiro, a evolução só pode ser involução.

Este vídeo é o último do Inquisitor Ghost. Não contém violência, mas é forte mesmo assim. Descanse em paz!

Fontes:

  1. Cosmopolitan
  2. l’Unità

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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