O que o Titanic e o submersível Titan falam sobre nós


Acabaram as esperanças de encontrar vida na desventura do submersível Titan, embora as buscas continuem. Mas essa história é muito interessante e fala muito sobre a nossa sociedade onde Deus é o Dinheiro. Do Titanic ao Titan, vai vendo como as coisas foram caminhando…

©Divulgação

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Relembrando a história do Titanic:

Breve história do navio Titanic e seu naufrágio

O Titanic foi um navio de passageiros britânico de proporções grandiosas que foi construído no início do século XX. Ele foi considerado um dos navios mais luxuosos e avançados da época, destinado a oferecer uma viagem de classe mundial aos seus passageiros. O navio foi projetado para ser uma verdadeira maravilha tecnológica, com uma estrutura imponente e uma ampla variedade de comodidades a bordo.

No dia 10 de abril de 1912, o Titanic partiu de Southampton, na Inglaterra, em sua viagem inaugural com destino a Nova York, nos Estados Unidos. A bordo estavam mais de 2.200 passageiros e tripulantes, incluindo pessoas de diversas classes sociais, desde ricos empresários até imigrantes em busca de uma nova vida na América.

No entanto, na noite de 14 de abril, o navio colidiu com um iceberg na região do Atlântico Norte, conhecida como Campo de Gelo de Labrador. O impacto causou danos graves ao casco do navio, comprometendo sua estrutura e permitindo a entrada de água. O Titanic estava equipado com compartimentos estanques que deveriam impedir a inundação em caso de acidente, mas o dano foi tão extenso que vários compartimentos ficaram submersos.

A equipe de navegação do Titanic imediatamente começou a enviar sinais de socorro e ordenou que os passageiros usassem os botes salva-vidas disponíveis. No entanto, havia uma falta significativa de botes salva-vidas para todos a bordo, o que levou a um número alarmante de vítimas fatais. Além disso, muitos passageiros e tripulantes não estavam cientes da gravidade da situação e acreditavam que o navio era inafundável, o que levou a uma resposta inicial de confusão e despreocupação.

À medida que o Titanic afundava lentamente nas águas geladas do oceano, o caos e o desespero tomaram conta do navio. A prioridade foi dada às mulheres, crianças e passageiros de primeira classe nos botes salva-vidas, enquanto muitos outros lutavam para encontrar uma maneira de escapar. A tragédia foi agravada pela falta de preparação adequada para um desastre dessa magnitude.

Por volta das 2h20 da manhã do dia 15 de abril, o Titanic mergulhou completamente nas profundezas do oceano, levando consigo mais de 1500 vidas. Apenas cerca de 700 pessoas sobreviveram ao naufrágio, principalmente devido à falta de capacidade dos botes salva-vidas e à falta de um plano eficiente de evacuação.

Símbolo da arrogância que continua

O naufrágio do Titanic destacou a necessidade de melhorias nos regulamentos de segurança marítima, mas sobretudo hoje, essa história deveria ser vista com um símbolo trágico da arrogância humana.

Veja bem: Uma viagem para ricos e milionários se divertirem no luxo, acabou em tragédia onde a protagonista da história foi a miserabilidade da alma humana (em controlar, em mostrar superioridade, em ser prepotente, em acreditar que Deus é Dinheiro).

E como se não bastasse, hoje revivemos a mesma história, pois existem milionários dispostos a ver o que restou daquilo que seria o símbolo da falência humana.

O miserável Titan

Todos a essa altura do resgate devem estar sabendo que 5 milionários estão provavelmente mortos tendo pagado uma fortuna para verem de perto o que sobrou do falimento humano em ser humano.

Para quem ainda está por fora vamos resumir…

Resumo da história do submersível Titan

Um submersível utilizado para levar turistas aos destroços do Titanic desapareceu no Oceano Atlântico no domingo 18/06. A empresa responsável pela expedição, OceanGate, confirmou o desaparecimento da embarcação no mesmo domingo e pediu ajuda à Guarda Costeira dos EUA que começou uma operação de busca e salvamento na segunda-feira (19).

A bordo do submersível estão cinco pessoas, número que representa a capacidade total da embarcação. O valor do “passeio” era de US$ 250 mil por passageiro.

A expedição estava programada para terminar hoje, quinta-feira (22) mas, como sabemos, a busca pelo desaparecimento do submersível entrou em uma fase crítica. Simplesmente não se sabe onde ele possa estar e acredita-se que o suprimento de oxigênio a bordo esteja acabando nas próximas horas, ou já tenha acabado.

A área de buscas foi expandida após a detecção de sons, mas ainda não está claro se esses ruídos são provenientes do Titan. Apesar das incertezas, esforços estão sendo feitos para localizar o submersível e resgatar os tripulantes. O Flyaway Deep Ocean Salvage System (FADOSS) está sendo mobilizado, e um veículo operado remotamente (ROV) chamado Juliet está a caminho do local. O FADOSS é forte o suficiente para levantar 27 toneladas e pode descer a até 6 mil metros no mar.

A busca continua hoje com o uso de equipamentos de varredura subaquática.

Comparações nada a ver

Muita gente está comparando a mobilização mundial pelo resgate dos milionários enquanto pobres morrem afogados todos os anos no Mediterrâneo, vítimas do tráfico de pessoas. Mas as comparações são nada a ver. Uma coisa é pagar para tentar uma vida melhor, outra coisa é pagar uma fortuna para arriscar de morrer no fundo do oceano, só para ver de perto uma história tão triste quanto a do naufrágio do Titanic que, como falamos, é um símbolo da arrogância humana.

E a pergunta que não quer calar…

Veja bem, como bem resumiu o jornalista italiano Massimo Mazzucco, a história foi assim: O submersível Titan perdeu o contato com a nave-mãe uma hora e 45 minutos após o mergulho. A diferença entre um submarino e um submersível é exatamente essa: o primeiro é autônomo e o segundo depende de um barco na superfície para ajudar na sua operação de submergir.

No caso, a única forma de comunicação entre o Titan e a nave mãe é por meio de um sistema de mensagens de texto, que só funciona se o submersível estiver abaixo e em posição vertical à nave. Caso seja desviado da rota pela corrente, toda a comunicação é perdida.

Após alguns minutos de imersão, o Titan fica completamente na escuridão. O submersível possui luzes externas, mas elas só conseguem iluminar até no máximo 30 metros. Para chegar ao Titanic, o pequeno submersível deve seguir as instruções que chegam via SMS da nave mãe. Em outras palavras, ele navega às cegas.

Em caso de emergência, o Titan possui diversos sistemas que permitem que ele volte à superfície, mas ficaria flutuando no meio do oceano sem nenhuma possibilidade dos ocupantes respirarem ar fresco, pois o pequeno sub é selado com 17 parafusos que só podem ser abertos do lado de fora.

Os tripulantes, portanto, a partir do momento em que perdem o contato, têm um tempo limitado para serem encontrados dado pelas horas que a reserva de oxigênio lhes permite, estejam eles debaixo d’água ou na superfície.

O Titan utiliza um sistema de reciclagem do ar semelhante ao “mágico” PLSS dos astronautas: um sistema especial remove o dióxido de carbono emitido durante a respiração, permitindo que os ocupantes do submersível continuem respirando. Mas em qualquer caso, por apenas 90 horas.

Agora, a pergunta que não quer calar: O que faz alguém se submeter a entrar em uma cápsula de aço com 5 metros de comprimento, ser trancado em seu interior com 17 chaves para mergulhar na escuridão mais profunda do oceano, com temperaturas externas próximas a zero, incapaz de se comunicar com o mundo, sabendo que carrega consigo apenas 90 horas de reserva de oxigênio, só para ver de perto o que sobrou de uma tragédia?

A resposta é o resumo da nossa sociedade.

Fontes:

  1. BBC
  2. CNN
  3. Massimo Mazzucco

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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