Um brasileiro a cada 2 dias morre por intoxicação por agrotóxico


O uso de agrotóxicos no país se multiplicou por seis em 20 anos: um ótimo negócio para alguns, com consequências nefastas para a natureza, as comunidades locais e os povos indígenas.

Um relatório recentemente publicado pela Friends of the Earth Europe mostra como o lobby dos agrotóxicos europeus está prejudicando as pessoas e o planeta.

O relatório mapeia o comércio entre empresas agroquímicas europeias – como Bayer, Syngenta e Basf – e o agronegócio brasileiro, revelando dados alarmantes:

  • a cada dois dias, uma pessoa morre por intoxicação de agrotóxicos no Brasil
  • cerca de 20% das vítimas são crianças e adolescentes de até 19 anos.

O relatório aponta um número recorde de novos pesticidas aprovados no Brasil: 45 nos últimos três anos, 19 dos quais contêm substâncias proibidas na União Europeia.

Agrotóxicos banidos da Europa

Agrotóxicos banidos na Europa

O que não serve para eles, serve para nós

Se os venenos fabricados pela Bayer são perigosos demais para a União Europeia, seus representantes expandem seus negócios onde encontram espaço.

Um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul está prestes a ser ratificado. Por isso, a Friends of the Earth Europe está se posicionando contrária a ele.

Segundo a ONG, o acordo UE-MERCOSUL aumentaria as exportações de produtos agrícolas nossos, como soja, cana-de-açúcar e etanol para a Europa, e as importações de agroquímicos para os países do Mercosul, pois essas culturas dependem fortemente do uso de agrotóxicos.

É um toma lá, dá cá:

“Embora o acordo traga oportunidades para as empresas agroquímicas que operam na UE, incluindo a Bayer e a Basf, também corre o risco de exacerbar os danos devastadores causados à natureza e às comunidades locais, incluindo os povos indígenas, cujo modo de vida e os direitos à terra são atacados pelo agronegócio brasileiro”, diz o texto.

O relatório também aponta para o problema das carnes bovina e aviária que são alimentadas com ração feita de soja transgênica. As culturas trans embora tenham sido criadas para diminuir o uso de agrotóxicos, causou efeito contrário, como todos sabem.

Ademais,

“esses produtos agrícolas também estão ligados ao desmatamento e à destruição da biodiversidade, bem como à violação dos direitos indígenas (…) A União Europeia tem a responsabilidade de parar o comércio tóxico UE-Mercosul agora”, diz o relatório.

Um histórico legado colonial

O negócio promovido pelo acordo UE-Mercosul segue o histórico legado colonial que todos conhecemos.

De um lado, extraem-se recursos naturais dos países dominados – cerca de três quartos das exportações do Mercosul para a UE são recursos agrícolas e minerais. Do outro, 84% das exportações da UE para os países do Mercosul são serviços e produtos de alto valor industrial.

É um negócio muito vantajoso para os ricos, principalmente quando os pobres pagam com a própria saúde.

Conclui o relatório que pode ser lido AQUI, em português.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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