Remédios caseiros: estudo cita plantas tóxicas, e perigosas, usadas no tratamento de câncer


A gente fala “use essa planta que vai dar bom resultado para essa dor…” e muitas vezes nem se para para pensar que podem ocorrer efeitos negativos, ou interações medicamentosas, entre o princípio ativo da planta da tal chá e aquele remédio que o médico te disse para tomar. Este é um problema que está sendo estudado, e discutido nos meios médicos. Os médicos precisam aprender de plantas para que possam aconselhar, bem, aos seus pacientes.

Mas, há muito poucos médicos que se interessam, realmente, por aprender como as plantas funcionam como medicamento. A maioria ainda pensa que “é planta então não vai fazer mal pois, seu efeito é uma crendice popular“. Eles se esquecem de que são as plantas que produzem os princípios ativos que a indústria farmacêutica pesquisa, e sintetiza depois, para fabricar seus caríssimos remédios.

Um estudo feito em Sergipe mostrou alguns dados muito interessantes sobre este assunto e afirma que, a interação medicamentosa entre as plantas medicinais e os medicamentos de farmácia (industrializados) pode ser bastante preocupante, especialmente no que concerne ao uso de medicamento antineoplásicos (usados em tratamentos de câncer) pois esses são remédios com baixo índice terapêutico efetivo sendo este afetado por uma enorme variedade de outros elementos.

A pesquisa científica em questão partiu de um levantamento etnofarmacológico das plantas medicinais usadas pela população do município de Lagarto, Sergipe, e deu-se especial ênfase àquelas usadas pelos pacientes de Oncologia – foi constatado que, 40% destes pacientes usavam plantas medicinais em concomitância com a quimioterapia, dado que foi considerado alarmante pela magnitude, especialmente porque os pacientes oncológicos da região não receberam qualquer orientação específica de profissional qualificado. Quer dizer, o uso é empírico, como sempre foi feito e, por outro lado, os médicos continuam não sabendo o que as plantas fazem, nem de bem, nem de mal.

As plantas medicinais mais usadas para fins terapêuticos foram a erva-cidreira (Lippia alba), o boldo (Plectranthus barbatus) e o Capim-Santo (Cymbopogon citratus) e essas são bastante leves e quizás, isentas de interação medicamentosa apesar de muito eficazes na cura de problemas digestivos e estomacais, bastante frequentes nos pacientes oncológicos.

Porém, não se pode esquecer que existem outras plantas medicinais tóxicas, nas quais a diferença entre o medicamento que cura e a droga que mata, está na diluição, na quantidade de gotas que se toma, na forma de preparar o medicamento, nas partes da planta usadas.

Plantas tóxicas

No estudo são citadas as seguintes plantas, muito comuns dos nossos campos e extremamente tóxicas, podendo ser mortais, inclusive:

* mandioca-brava (Manihot utilissima)

* mamona (Ricinus communis)

* cicuta (Conium maculatum)

* estricnina (Strychnos nux-vomica)

Ou outras, como o cambará (Lantana camara), que pode causar intoxicações severas e que é fartamente usada na medicina popular como emenagogo, diurético, expectorante, febrífugo e antirreumático.

Lembrar que as plantas medicinais são tóxicas é importante para que vocês que nos lêem saibam que é preciso conhecer muito bem tanto a planta que se vai usar, como sua forma de uso.

Considero do maior interesse que vocês, leitores deste artigo, dêem uma passada de olhos pela tabela 2 do estudo feito com a população de Lagarto. E atentem para que, muitas das plantas usadas não foram identificadas pelo seu nome botânico – isso não quer dizer que a população que as usa não as conheça mas sim que, faltam estudos científicos que as reconheça. E, quando não se sabe o nome botânico ou, só pelo nome popular, não temos a certeza, de uma região para outra, de que planta estamos falando. Portanto, nunca use uma planta sem saber, exatamente, qual esta é.

Conclusão deste estudo

A conclusão deste estudo é de que “se faz necessárias pesquisas acerca da segurança do uso das plantas medicinais citadas e possíveis interações medicamentosas entre as plantas utilizadas por pacientes oncológicos e medicamentos antineoplásicos, a fim de assegurar o uso racional de plantas medicinais“. E, esta conclusão é algo de que devemos nos preocupar, todos nós que buscamos nas plantas medicinais algum conforto para a vida.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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Este artigo possui 1 comentário

  1. Linario José Leal
    Publicado em 19/12/2020 às 12:22 am [+]

    Só o conhecimento traz embasamento, obrigado por estas informações , muito obrigado mesmo !


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