Um oásis criado em cima de um antigo lixão: sustentabilidade e trabalho de comunidade


Tudo começou no desespero do vizinho mais próximo do lixão, o percussionista Mauro Quintanilla que tem sua casa na região desde sempre. Ele é vizinho da Favela do Vidigal, entre as praias do Leblon e de São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro.

Onde agora está o Parque Sitiê antes era o “lixão do Vidigal”. Conta Quintanilla que na década de 60, ali havia um sítio com árvores frutíferas e que fora invadido há uns 20 e tantos anos. Algumas casas foram construídas e começou a se juntar lixo. Depois, as casas foram interditadas e demolidas pela prefeitura, e mais lixo se juntou, com a entulheira da demolição. Já se sabe que lixo chama lixo e, no lixão instituído lá, o povo de cima, como diz Quintanilla, vinha jogar tudo o que não prestava mais – fogão, geladeira, sofá, entulho, e bichos que morriam.

Foi a vergonha e o desespero de se ver morando ao lado de um lixão mal cheiroso que empurrou Quintanilla a começar a limpar a área, com a ajuda e incentivo de outro vizinho, Paulo César Almeida, por verem outra solução possível. E os vizinhos começaram a se interessar, e voluntários vieram ajudar durante todo o processo. A comunidade do Vidigal, acostumada a jogar lixo, também se acostumou a cuidar da área pois gostou do que via acontecer por lá.

Os pneus encontrados, muitos, foram usados para se fazerem os muros de contenção, necessários à estabilidade da área, e também a escada de acesso. Todos foram preenchidos com os entulhos das antigas casas demolidas. Usou-se para solucionar os problemas que apareciam aquilo que havia no local atrapalhando, e deu muito certo. O lixo não utilizável foi levado, na mão, em sacos, até a lixeira mais próxima, morro acima.

O projeto começou em 2005. Hoje há lá o parque, Sitiê, como o batizaram os moradores do Vidigal, uma área de 8 mil metros quadrados com horta comunitária e reflorestamento, área de reciclagem e cozinha orgânica, educação ambiental e uma vista maravilhosa.

Tanto fizeram e continuam fazendo que o Sitiê é hoje a primeira agro-floresta na cidade do Rio de Janeiro. E não só, o projeto artístico do Sitiê ganhou um dos mais respeitados prêmios de arquitetura, urbanismo e design do mundo, o 2015 SEED Design Awards coloca o Parque,  com o Instituto Sitiê e o trabalho da +D, empresa de arquitetura,  no nível de reconhecimento e validação internacional por seu design socialmente consciente, de interesse público que atingiu o mais alto nível de excelência e relevância, conforme afirmou a presidente do Juri, Susan Szenasy, respondendo aos desafios sociais, econômicos, culturais e ambientais da comunidade e integrando-se nesta.

Premiação de excelência no design de interesse público, o SEED busca identificar projetos que, além de apresentarem design diferenciado, respondam de forma efetiva aos desafios sociais, econômicos e ambientais dentro de critérios rigorosos.

O grande aprendizado, conta Pedro Henrique de Cristo, arquiteto e diretor do Sitiê, foi a mudança que este trabalho de fazer lixão virar parque operou na própria comunidade do Vidigal: “O grande segredo para fazer isso é que a comunidade precisa ser dona do processo de mudança”, disse ele. “Precisamos entender bem o que é comunidade para fazer isso acontecer”, disse Quintanilla. “Se a comunidade não quiser, faz uma cruzada e nada acontece”.

Assista a entrevista de Mauro Quintanilla e Pedro Cristo:

 

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Fonte foto: Facebook.com

 




Redação greenMe

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