Terra Indígena Yanomami: caos, fome e doenças provocadas pelo garimpo ilegal


O garimpo ilegal em Roraima está desaparecendo com o povo indígena Yanomami. Nos últimos dias, após o registro de casos de desnutrição severa e de malária, o Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública para combater desassistência sanitária das populações em território Yanomami.

Cenário catastrófico

A situação é de caos, fome e doenças. Dados apontam que 570 crianças Yanomami menores de 5 anos morreram nos últimos 4 anos.

O clima de ameaças contra os Yanomami se intensificou desde abril de 2021, mês em que os indígenas interceptaram uma carga de combustível para aeronaves do garimpo que descia o Rio Uriracoera.

Desde então, os invasores perseguem, agridem, ameaçam e atacam com balas e bombas de gás lacrimogêneo os povos originários da região de Palimiu. Por causa dos ataques, os povos originários tiveram que se revezar em esquemas de segurança. Muitos indígenas não conseguem mais dormir.

Drama humanitário

Estima-se que ao menos 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome. Um relatório da Hutukara Associação Yanomami descreveu o aumento drástico da malária e de abusos sexuais de mulheres e crianças em troca de comida.

Em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas estão em maiores de 50 anos, seguida pela faixa etária de 18 a 49 e 5 a 11 anos.

Andréia Silvério, advogada e coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT) informou:

“A gente vê crianças com má formação genética, dificuldades das indígenas durante o período gestacional, desnutrição das crianças (…). E o garimpo continua avançando sobre essas áreas”.

O cenário catastrófico está ceifando a vida desse povo originário, no maior território indígena demarcado no Brasil, que sofre com a invasão de mais de 20 mil garimpeiros.

Genocídio: medo do fim de um povo

Com o caos sanitário, o governo Federal deve decretar estado de calamidade pública.

Os efeitos são sentidos por 16 mil moradores de 273 comunidades, o que equivale a 56 % da população total. O território Yanomami tem 29 mil habitantes em 350 aldeias.

Nas regiões de Auaris e Maloca Paapiu, 6 de cada 10 crianças menores de 5 anos estão desnutridas. Além disso, idosos e pessoas de diversas faixas etárias estão morrendo pelo descaso do governo com a saúde indígena.

Os trabalhadores da saúde foram expulsos de diversas áreas de atendimento pelos garimpeiros sob ameaças e violência. Há muitas mortes e o medo do fim de um povo.

Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, foram ignorados 21 ofícios com pedidos de ajuda dos Yanomami. Funai, Exército, Polícia Federal e Ministério Público Federal receberam dezenas de relatos de ataques de garimpeiros e pedidos de reforço na segurança.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou abertura de investigação para apurar o crime de genocídio e crimes ambientais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A Polícia Federal ficará responsável para apurar as responsabilidades.

O atual presidente Luís Inácio Lula da Silva e o ministro visitaram a região este final de semana. Flávio Dino declarou:

“O presidente Lula determinou que as leis sejam cumpridas em todo o país. E vamos fazer isso em relação aos sofrimentos criminosos impostos aos Yanomamis. Há fortes indícios de crime de genocídio, que será apurado pela PF”.

Veremos…

Fonte: g1

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Lara Meneguelli


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