Além de Covid, casos de malária e verminose explodem entre os Yanomamis


A foto de uma criança Yanomami doente em uma rede ganhou destaque nos últimos dias por expor a precária situação de seu povo.

Além do risco de infecção por Covid-19, os Yanomamis sofrem com a escassez de medicamentos para malária e verminoses há seis meses.

A Folha de S. Paulo teve acesso à foto e à história da criança através do missionário católico Carlo Zacquini, que atua entre o povo Yanomami desde 1968. Ele é cofundador da Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY), que deu visibilidade aos problemas na aldeia, promoveu atendimento em saúde e lutou pela demarcação do território, concluída em 1992.

Um estudo recente da Fiocruz com o Ministério da Saúde revelou que houve aumento da malária em território Yanomami e de desnutrição infantil crônica, que já atinge 80% das crianças com até 5 anos.

Não bastassem as doenças que chegam ao seu território, os yanomamis ainda precisam enfrentar a invasão de garimpeiros, que espalham Covid-19 e contaminam os rios com mercúrio.

Quadro estável

O Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, do Ministério da Saúde, informou que a criança foi transferida para a capital de Roraima, Boa Vista, após a visita médica que diagnosticou a sua vulnerabilidade. A menina, que tem 8 anos e pesa apenas 12,5 kg, está recebendo tratamento para pneumonia, anemia e desnutrição grave. O quadro de malária foi curado.

O Dsei informou que não há falta de medicamentos para os yanomamis e admitiu a dificuldade de realizar atendimentos à saúde, já que faltam profissionais e gasolina para deslocamento. Além disso, o órgão reconhece que a alta incidência de malária se deve à presença do garimpo ilegal.

Os membros das equipes de saúde têm medo de serem punidos se denunciarem a situação. Alguns postos foram abandonados e não há estoque de medicamentos para verminose na sede do Dsei em Boa Vista. Para o tratamento de malária, a quantidade é limitada.

Sobre os garimpeiros invasores da Terra Indígena Yanomami, o presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou que irá pessoalmente falar com os militares que atuam na região e, também, com os garimpeiros.

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©Foto: Centro de Documentação Indígena/Divulgação/G1




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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