O Movimento das Mulheres Yarang que está reflorestando o Cerrado e a Amazônia


Elas não andam sós. Há 10 anos, desbravam a mata juntas, conversam e cantam enquanto coletam sementes. O grupo adotou o nome de um tipo de formiga, as Yarang, para mostrar a que veio: usam a força da união para suportar o peso do enorme desafio de recuperar as florestas e garantir o futuro e a sobrevivência de seus descendentes.

Formado por mulheres da etnia Ikpeng, em uma década, desempenharam um papel fundamental na recuperação das nascentes dos rios Xingu e Araguaia, no Mato Grosso, além de outras áreas do Cerrado e da Amazônia, como mostra a reportagem de Roberta Almeida para o Instituto Socioambiental (ISA).

“O movimento das mulheres é um conjunto”, reflete Koré Ikpeng, liderança Yarang da aldeia Arayó. “Convidei todas as Yarang para coletar sementes, tomamos banho cedo e viemos. Viemos para conversar, trocar ideias. É uma atividade coletiva, de união das mulheres.”

“A gente incentiva, ensina os conhecimentos sobre sementes para os jovens”, continua. “E não é só as meninas que trabalham. Os meninos também. Meus netos estão aí. A gente orienta, a gente convida, eles vão aprendendo.”

1 milhão de árvores plantadas

O trabalho se assemelha ao das formigas não só pela união do grupo, mas também quando se olha para o quadro de desmatamento da região. No entanto, incansáveis, em 10 anos, elas coletaram 3,2 toneladas de sementes florestais, geraram R$ 105 mil em renda direta para as 65 integrantes do Movimento das Mulheres Yarang, parte da Associação Rede de Sementes do Xingu (ARSX). O resultado? Cerca de 1 milhão de árvores plantadas.

“Nosso esforço todo está brotando”, diz Maragá, outra liderança Yarang. “Eles reflorestam as nascentes dos rios. Fiquei emocionada ao ver o fruto do trabalho. Preciso andar mais para conhecer tudo. A gente está coletando e as pessoas estão plantando mesmo”, conta, referindo-se a sua participação em uma expedição em outubro de 2018, quando as mulheres puderam ver de perto as áreas recuperadas com as sementes recolhidas pelo seu grupo.

“Você só vai valorizar a floresta se olhar para ela como algo bom. Se não fizer sentido, não vai dar valor. A floresta oferece o abrigo, a roça, a caça. Eu sonho em oferecer aos meus netos e netas o que eu tenho agora, e que no futuro eles não percam essa riqueza”, continua Magaró.

Que a força dessas mulheres e os espíritos da floresta nos inspirem e nos guiem em nossas próprias lutas pela preservação da natureza.

Leia a reportagem completa clicando AQUI.

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Foto: Carol Quintanilha




Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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