Pela 1 ª vez, microplásticos são encontrados no sêmen: uma ameaça à espécie humana?


“O futuro da humanidade está em risco, hoje mais do que nunca, ameaçado em sua essência.” Essa afirmação ressalta a importância de uma pesquisa recente sobre a poluição causada pelo plástico, que deixa evidente a gravidade da situação.

Um novo estudo publicado no preprint do International Journal Science of the Total Environment revela uma nova ameaça para a espécie humana: microplásticos no fluido seminal. Essa descoberta, marca um novo recorde negativo sobre a poluição plástica, coloca em destaque a urgência de lidar com a contaminação por microplásticos em nosso planeta, destacando o perigo crescente que essa praga representa inclusive para a reprodução humana.

Conduzido pelo uroandrologista Luigi Montano, o estudo encontrou a presença de vários tipos de microplásticos no sêmen humano, como polipropileno, polietileno, polietileno tereftalato, poliestireno, policloreto de vinila, policarbonato, polioximetileno e material acrílico.

As causas e as consequências

A origem desses fragmentos pode ser variada – explicam os pesquisadores – e pode incluir cosméticos, detergentes, pastas de dente, cremes faciais e corporais, adesivos, bebidas, alimentos ou mesmo partículas dispersas no ar, para as quais as vias de entrada no organismo humano podem ocorrer pela nutrição, respiração e também pela via cutânea”.

“As vias de passagem mais prováveis ​​para o sêmen humano parecem ocorrer a partir do epidídimo e das vesículas seminais, estruturas mais facilmente susceptíveis a processos inflamatórios que podem favorecer uma maior permeabilidade, mas também devido a alterações importantes da barreira hematotesticular”.

“Também se notou uma maior presença de microplásticos em relação à pior qualidade do sêmen – continuam os pesquisadores -, o que, no entanto, requer investigações mais aprofundadas e posteriores, considerando, no entanto, que os mesmos microplásticos atuam como um cavalo de Tróia para outros tipos de contaminantes ambientais que, ao se ligarem, eles causam mais danos dentro dos órgãos reprodutivos, que são particularmente sensíveis a poluentes químicos!.”

“Continuamos investigando outras matrizes humanas, o que, se confirmado nos experimentos em andamento, representaria uma demonstração de o quanto a contaminação plástica deve ser considerada uma emergência a ser enfrentada imediatamente; já que encontrá-la em uma matriz tão sensível à conservação e integridade do nosso patrimônio transmissível certamente não é uma notícia reconfortante, o futuro da nossa espécie está hoje mais do que nunca ameaçado na sua essência”.

Ou seja, segundo a pesquisa, os microplásticos afetam a qualidade do sêmen e podem levar a consequências negativas para a saúde reprodutiva masculina. Além disso, fragmentos de plástico podem atuar como um veículo para outros contaminantes químicos, causando danos adicionais aos órgãos reprodutivos sensíveis.

Essa descoberta segue outros estudos preocupantes sobre a presença de microplásticos no sangue humano e até mesmo no leite materno. Os microplásticos estão se tornando uma ameaça global, afetando tanto o meio ambiente quanto a saúde humana.

Chega de plástico

Diante dessas descobertas, é crucial enfrentar urgentemente a contaminação plástica em nossas vidas diárias. Pesquisas adicionais estão em andamento para entender melhor os efeitos desses contaminantes e tomar medidas para proteger a saúde e a fertilidade humana.

O estudo em questão faz parte do projeto EcoFoodFertility, uma pesquisa multicêntrica pioneira que investiga a relação entre ambiente, alimentação e saúde reprodutiva.

Avaliar o fluido seminal humano como um indicador da saúde ambiental e geral, é uma abordagem importante para compreendermos o impacto desses contaminantes em áreas de alto risco ambiental.

É fundamental agir agora para preservar a essência e o futuro da nossa espécie.

Fonte: La Nazione

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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