Jardim de Chuva: o canteiro drenante que absorve água da chuva e evita enchentes


Todo verão, várias cidades brasileiras são atingidas por desastres provocados pelas chuvas, sem que o poder público atue de forma definitiva para a resolução do problema.

Quando as pessoas assumem um problema comunitário e decidem resolvê-lo junto com o poder público trata-se não apenas de um exercício de cidadania como de uma maneira eficaz de fazer as coisas funcionarem a seu favor.

Foi isso o que os moradores da Rua Almirante Gonçalves, em Copacabana, no Rio de Janeiro, decidiram fazer: arregaçar as mangas.

Há cinco meses eles não enfrentam mais problemas com alagamento, por causa de um projeto que juntou moradores, arquitetos e engenheiros da prefeitura e da sociedade civil, em fevereiro deste ano a rua ganhou um Jardim de Chuva, um modelo de sustentabilidade que virou assunto do Rio Capital Mundial da Arquitetura.

Jardim de chuva é o nome de um modelo de jardim, que como o nome sugere, tem a ver com chuva. São projetos paisagísticos feitos para drenar a água pluvial evitando enchentes e inundações, por isso também são chamados de canteiros drenantes.

O jardim drenante de Copacabana

A Rua Almirante Gonçalves foi fechada para veículos em 1997, tornando-se uma pequena praça. O que parecia ser uma solução agradável para os moradores virou motivo de discórdia entre eles, pois a pracinha passou a ser usada como estacionamento por carros, sempre alagava e ainda virou ponto de furtos e assaltos.

A conciliação para o litígio veio da Coordenadoria-Geral de Planejamento Urbano da Secretaria Municipal de Urbanismo, que propôs a criação de um canteiro drenante, o Jardim de Chuva. Segundo Claudia Grangeiro da Silva Castro, assessora de projetos da SMU:

“O conceito é um dos recursos para mitigar os efeitos das enchentes usando soluções baseadas na natureza, para captar filtrar e devolver mais lentamente ao solo ou à rede pluvial, dependendo do subsolo encontrado”.

Como funciona

Esse projeto consistiu em fazer 3 camadas filtrantes de água, usando terra, brita e pedras, entremeadas por camadas de filtro de Sombrite 50%.

Fonte foto

Nos canteiros foram plantadas espécies nativas. Também foram ampliadas as golas das árvores (o canteiro onde elas ficam).

A prefeitura entrou com uma parte dos custos da obra e assumiu a manutenção dos canteiros. A arquiteta da prefeitura contou sobre a acolhida da proposta:

“Iniciativas que partem da população devem ser ouvidas e consideradas, porque promovem responsabilidade, sensação de pertencimento e o cuidado na construção e na manutenção do lugar, reativando espaços públicos”.

Enchente nunca mais

Todos os anos o mesmo espetáculo macabro se repete por aqui:

Sendo que soluções para o problema das enchentes existem, algumas inovadoras, outras simples como esta do Jardim de Chuva, a qual toda prefeitura pode investir, pois os cultos são baixos e o projeto é simples. É basicamente fazer um canteiro que aumente a permeabilidade do solo com a absorção da água da chuva.

E tem mais.

Segundo o site da LuLacerda, a técnica de permacultura também foi usada no Jardim de Chuva, o que permitiu a construção de um nível ligeiramente mais baixo do que as calçadas e ruas para alimentar o lençol freático, irrigar as plantas e árvores, poupar água, aumentar a umidade do ar por meio da transpiração das plantas, diminuir ilhas de calor e ajudar no combate às enchentes.

Além do jardim, o local ganhou também ganhou um bicicletário.

Parabéns aos moradores e à prefeitura pela parceria! Quando um quer, os dois fazem!

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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