Cemitérios de abelhas em plena Amazônia: desmatamento e agrotóxico assassinos


As abelhas estão morrendo devido ao desmatamento e ao uso de agrotóxicos nas plantações de soja na Amazônia. Moradores locais, que antes conseguiam viver da meliponicultura, hoje sofrem ao se deparar com verdadeiros cemitérios de abelhas em suas propriedades.

Uma reportagem de Mara Régia e Elizabeth Oliveira para a BBC Brasil denuncia os estragos provocados pela produção de soja na Amazônia. Essa prática, além de provocar o desmatamento desenfreado na região, fazendo com que o planeta fique cada vez mais quente, está acabando com a vida de animais, insetos e pessoas, devido ao uso indiscriminado de produtos químicos.

Cemitério de abelhas

Um dos locais mais afetados pela monocultura de soja é a Chácara João do Mel, em Belterra, no oeste do Pará. Trata-se da propriedade do Sr. João Batista Ferreira, de 59 anos, que tinha a meliponicultura como principal atividade econômica.

Conta a reportagem que João do Mel chegou a ter 1.000 colmeias, construídas por ele no decorrer de sua vida. Cada caixa produzia cerca de 5 a 6 kg de mel. No entanto, o agronegócio fez com que houvesse uma mudança no comportamento das abelhas que acabaram morrendo, deixando as colmeias vazias.

Atualmente, João do Mel possui apenas 100 colmeias, cuja produção não rende nem meio quilo de mel. Daí vem o que ele lamenta e chama de “cemitério de abelhas”, pois as poucas que restam não estão mais produzindo como deveria e o pior, estão se alimentando do próprio mel para sobreviver.

Para piorar, além das abelhas que não conseguem polinizar devido ao excesso de agrotóxico nas plantações e ao desmatamento das florestas, o desequilíbrio ecológico faz com que elas tenham que lidar com alguns predadores. É o caso dos tamanduás que rompem as tampas das colmeias em busca de alimento.

Uso indiscriminado de agrotóxico

Essas situações estão minando as esperanças dos produtores locais, principalmente a do Sr. João que, além de não enxergar mais um futuro na criação de abelhas, também faz um alerta gravíssimo sobre as consequências do uso de agrotóxicos sem fiscalização.

Segundo ele, os produtos químicos pulverizados nas plantações de soja acabam sendo espalhados pelo vento e pela chuva, alcançando até mesmo as árvores mais altas, que possuem floradas que seriam utilizadas na polinização das abelhas.

A falta de fiscalização no uso de agrotóxicos nas monoculturas de soja está causando problemas também para a saúde dos moradores da região. De acordo com a matéria, o número de casos de câncer vem aumentando a cada dia. Até então, essa doença nem existia por lá e essa é uma das preocupações da população.

Com a morte das abelhas, João do Mel teve que buscar outra atividade para garantir o sustento da família e do filho que está a caminho. Ele montou uma oficina e começou a produzir móveis e peças decorativas com restos de madeira.

Apesar da mudança de rumo profissional, João do Mel não abandonou suas abelhas. Junto de seu irmão José Batista Ferreira, de 57 anos, que também possui uma propriedade em uma área de conservação, eles lutam para evitar a extinção dos polinizadores.

Na propriedade de José, conhecido também como pastor Natalino, ainda existe uma diversidade de florestas e animais que ajudam na dispersão das sementes e fazem com que o mel da região tenha um alto valor nutricional. Apesar da queda na produção de mel, eles acreditam que a área ainda pode ser considerada uma “ilha de vida silvestre”, mas precisam ficar atentos com as investidas dos produtores de soja que almejam comprar essas propriedades.

Riscos à saúde das pessoas

Assim como eles, outras pessoas entrevistadas, estão com medo dos efeitos dos agrotóxicos, não só nas plantações, mas também na saúde como um todo. O cheiro do produto químico pulverizado nas plantações de soja, invade casas e causa alergias, problemas respiratórios e doenças mais graves como o câncer.

A contaminação também chega às cidades pelo ar, água e solo, fazendo com que habitantes vivam com medo de contrair tais doenças. Contudo, infelizmente eles não podem fazer nada por enquanto, pois não têm com quem contar para fiscalizar esse crime. Nem mesmo com o próprio prefeito de Belterra, Jociclélio Castro de Macedo, que é médico, mas demonstra estar mais preocupado com a atividade econômica da região.

A BCC Brasil levantou ainda outras questões relacionadas a esse assunto. Para ler a reportagem completa, clique AQUI.

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Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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