O lado triste do Carnaval que ninguém vê: desperdício, crueldade animal e degradação ambiental


Infelizmente, o Carnaval tem um lado muito triste: muito dinheiro gasto, crueldade animal e lixo decorrentes da produção das fantasias e carros alegóricos, que causam um grande impacto destrutivo ambiental.

Sabemos que o Brasil é conhecido como país do Carnaval, disso não resta dúvida, porém, porque não nos destacamos também como uma nação sustentável e consciente?

A indústria do Carnaval move muito dinheiro. Imensos montantes financeiros são investidos em fantasias, em carros alegóricos e em todo o aparato que sustenta o maior espetáculo da Terra.

Todo esse investimento exorbitante, usado para confeccionar fantasias de luxo (que podem custar um carro e até uma casa) e produzir carros alegóricos monumentais, é para comprar matérias-primas extraídas da natureza ou materiais sintéticos que são poluentes, e que depois de usados, irão parar no meio ambiente em forma de lixo.

Todos esses aspectos prejudiciais constituem um lado pouco conhecido do Carnaval, que faz essa festa do luxo se transformar em lixo, tornando-se uma comemoração insustentável, antiecológica e ainda por cima, cruel com os animais.

Os problemas ecológicos do Carnaval

  • Produção de lixo que acaba ficando em vias públicas sujando avenidas e ruas.
  • Após o consumo de bebidas, latas de cervejas e garrafas PETs acabam sendo jogadas indevidamente em locais públicos, o que acaba por entupir as entradas das redes de esgoto, ajudando a inundar as cidades em casos de chuvas fortes.
  • O glitter e a purpurina utilizada pelos foliões também são materiais que provocam danos ao meio ambiente, pois são constituídos de microplástico que, com o banho no chuveiro, na cachoeira ou no mar, vão parar nos mares poluindo as águas e prejudicando a saúde dos peixes e outros animais aquáticos.
  • Outro aspecto que revela o lado danoso do Carnaval é o uso de penas nas fantasias, que envolve abuso e sofrimento aos animais no processo de retirada das penas de aves. Ou seja, uma festa de diversão às custas do sofrimento de outros seres.

Fantasia com 4.000 penas de faisão e preço de um carro popular: ostentação de dor e sofrimento

Por um Carnaval mais sustentável e ecológico

Para nossa verdadeira alegria, há algum tempo, a cada ano que passa, alguns grupos carnavalescos e patrocinadores do Carnaval espalhados pelo país têm mostrado preocupação ecológica (ou interesse publicitário que seja) e empreendido ações para diminuir o impacto prejudicial dessa festa aos animais e ao meio ambiente.

Já aconteceu de carnavalescos de escolas de samba e dirigentes de blocos carnavalescos reduzirem os custos com fantasias e carros alegóricos, utilizando materiais recicláveis ou ecológicos e sustentáveis, diminuindo assim o impacto destrutivo ambiental.

Outra atitude que vem sendo tomada e que precisa ser ampliada é a reutilização de fantasias e alegorias de outros Carnavais, ou ainda, que sejam repassadas para servirem para outras escolas de samba, diminuindo o desperdício e o uso de materiais para confecção de fantasias. A reutilização e a reciclagem de materiais são mais fácil de serem alcançadas quando há uma coleta de lixo diferenciada e eficaz.

Como exemplo de preocupação com o meio ambiente, tivemos a escola de samba da zona norte de São Paulo, a Império da Casa Verde, que em 2014 desfilou com o samba enredo Sustentabilidade, construindo um Mundo Novo. A escola empolgou o a plateia com o tema e com a utilização de fantasias, carros e alegorias, feitos somente materiais de menor impacto como papelão e alumínio, entre outros materiais que possam ser reaproveitáveis, biodegradáveis ou recicláveis.

No Rio de janeiro, fundado em 2005, o Bloco Vagalume o Verde arrasta seus foliões pelas ruas do bairro Jardim Botânico divulgando práticas ambientais e amor ao planeta “utilizando o carnaval como vetor de sensibilização e conscientização ambiental a partir do Horto e seu histórico compromisso em defender a natureza pela arte, cultura e educação com base local e sentido de comunidade global”, lê-se na página FB do bloco que desfila sempre às terças-feiras:

Contudo, estes exemplos são exceções à regra. É preciso ampliar a consciência para que mais e mais escolas e blocos se comprometam a fazer um Carnaval cada vez mais green.

Que a alegria dessa grande festa da cultura brasileira, não seja mais realizada às custas da tristeza dos animais e da natureza, e que tenha como enredo principal a consciência da importância da preservação e da valorização da vida em nosso planeta!

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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