Cada um de nós se circunda de 300 mil objetos…dos quais, a maior parte…inútil


Quantos objetos existem em uma casa? Um estudo norte-americano recentemente estabeleceu que existem cerca de 300 mil, dos grampos às tábuas de passar roupa. Quantas coisas inúteis nós temos em casa? Levante a mão quem não tem aquela famosa gaveta onde se jogam todos os objetos porque “uma hora eles podem servir”?!

Servir “a quê” não se sabe dado que muitas vezes nos esquecemos da existência de determinadas coisas que temos em casa (ou sabemos que temos mas não sabemos onde estão) e vamos recomprá-las alimentando o consumismo, o lixo e o plástico.

Em um artigo no El Pais, Martín Caparrós faz uma breve reflexão sobre os objetos que temos, partindo da realidade de um fato: enquanto antes conhecíamos tudo sobre um objeto, sua origem, sua utilidade… hoje não sabemos absolutamente nada sobre o que guardamos em casa.

Pensei nisso ontem, quase sem querer, quando grudei um gancho autoadesivo na parede do banheiro: não tinha a menor idéia, nem a menor chance de ter ideia, de sua origem. Não havia modo de saber quem tinha feito, onde tinha sido feito, como era o trabalho, e qual era o seu caminho de algum canto da China para os chineses da loja da esquina. Como quase tudo o que usamos, esse gancho chegou aqui do nada, e é algo que sequer nos surpreende mais“, escreve o jornalista.

Embora os objetos antes tivessem uma história, hoje eles já não as têm porque vivemos em uma sociedade com milhares de coisas descartáveis, tantas que nem nos importamos mais em saber de onde elas vêm (menos ainda pra onde elas vão).

Quem tinha um martelo sabia de onde este vinha, quem o havia feito, a pessoa da loja na rua do lado, o filho de Fulano, o primo de Cicrano. Agora não mais: e depois temos tantas coisas que se soubéssemos a história delas, não teríamos tempo para fazer mais nada, escreve Caparrós.

A confirmação está em um estudo norte-americano que afirma que em uma casa há cerca de 300 mil objetos, e que um menino inglês de 10 anos tem em média de 238 brinquedos, mesmo que ele acabe jogando com dez, no máximo, doze, deles.

De acordo com uma companhia de seguros britânica, em nossas vidas gastamos cerca de 200 dias procurando por algo que não encontramos mais, e 2 mil dias para comprar algo.

Qual é o ponto? Que uma parte do mundo desperdiça, enquanto outra parte não tem nada. 12% da população da Europa e América consomem 60% dos bens do mundo, 33% mais pobres, africanos e asiáticos, consomem 3%.

Há alguns anos escrevi sobre o movimento dos sem-terra em um canto da Amazônia. Uma mulher chamada Gorette me emprestou sua cabana, e eu pensei que a melhor descrição da pobreza era contar o que não se tinha“. Explica Caparró que na cabana de Gorette havia um facão, quatro pratos de lata, três copos, cinco colheres, dois potes de latão, duas redes, um recipiente cheio de água, três latas de leite em pó açucarado, sal e leite em pó, uma lata de óleo cheia, duas latas de óleo vazias, três toalhas, uma caixa de papelão com algumas roupas, dois calendários de alguma loja com paisagens, um fragmento de espelho, duas escovas de dente, uma concha, meio saco de arroz, um rádio, dois jornais do movimento, o caderno escolar, um recipiente de plástico para levar água do poço, uma bacia de plástico para lavar pratos e uma boneca de pano com um vestido vermelho.

Estas eram suas posses no mundo, junto com três troncos para se sentar, um par de chinelos, uma lâmpada de querosene e nada mais.

Por muito tempo, muitas pessoas viviam com o essencial, então cada objeto tinha um valor porque você só tinha isso. Pense em nossos avôs, por exemplo, aqueles que viveram durante as guerras mundiais, que sofreram fome e frio.

Certamente para eles não valia a regra: se quebrar não faz mal que eu compro outro. É claro que há também aqueles que adotaram uma cultura minimalista e se mantêm longe da acumulação desnecessária, no entanto, escreve o jornalista, há um grande paradoxo:

O sistema econômico mundial se alimenta do fato de que precisamos cada vez de mais coisas, porque ele vive de sua produção. Então, se disséssemos chega, se nos organizássemos para fazer um uso racional dos recursos, milhões de pessoas, trabalhadores, empresários, funcionários, comerciantes, teriam sérios problemas.”

No entanto esse sistema não é mais autossustentável. Precisamos mudar a base. E o que fazer? Começar em nós a mudança que gostaríamos de operar no mundo. Comprar menos, valorizar o trabalho artesão, cuidar das nossas coisas com esmero, escolher objetos feitos de materiais renováveis e por aí vai. Um mundo melhor é possível. Em termos de consumo: menos é mais!

Simples assim!

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Redação greenMe

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