Espinafre-amazônico ou orelha-de-macaco: PANC rica em proteínas e antioxidantes


Para a maioria dos brasileiros, orelha-de-macaco ou espinafre-amazônico é uma PANC (Planta Alimentícia Não Convencional) mas, como o nome já diz, é bastante conhecida e cultivada na região amazônica, sendo uma hortaliça muito comum por lá, facilmente encontrada em feiras livres, quintais das casas e roças.

Porém, para o restante dos brasileiros, essa planta ainda é pouco conhecida e consumida.

Vamos conhecer essa PANC cheia de benefícios.

Espinafre-amazônico, mais conhecido como orelha-de-macaco, tem o nome científico Alternanthera sessilis, a planta pertence à família botânica das Amaranthaceae, com 170 gêneros e cerca de 2.360 espécies com predominância de ervas e subarbustos.

Na maioria, são plantas herbáceas perenes, com caule ereto e folhas verde escuras.

Em outros países, essa planta é bastante comumente conhecida como brazilian spinach.

De sabor que lembra o do espinafre, com textura um pouco mais firme, uma busca simples no Google é possível encontrar mais informações pelo nome em inglês (brazilian spinach), do que pelo próprio nome científico ou brasileiro.

O Brasil, sendo um dos países com a maior biodiversidade de flora no mundo, necessita enfatizar alternativas de alimentação saudável e de baixo custo, colocando em destaque as Plantas Comestíveis Não Convencionais e nativas, como é o caso do espinafre-amazônico.

Características

Esta espécie tropical, ocorre portanto em todo o Brasil, cresce em ambientes úmidos e iluminados de orla de matas, terrenos baldios e cultivados.

O plantio é feito por estacas que podem ser enraizadas ou não, provenientes de pedaços do caule. A melhor época do ano para o plantio é durante as temperaturas mais quentes e úmidas, sendo adequado o plantio com pouco sol ou à sombra, podendo formar densas moitas, sendo sua multiplicação feita pelo caule que enraízam facilmente, fazendo nascer novos brotos que precisam ser podados anualmente.

As estacas podem ser plantadas em vasos ou em espaços pequenos, de preferência próximas a árvores grandes, que lhes forneçam sombra.

Propriedades nutricionais

O espinafre-amazônico mostrou grande potencial ao teor de proteína, podendo ser consumido para suprir parte da demanda proteica.

Segundo informa o pesquisador e engenheiro agrônomo Romário Rodrigues Gomes, em sua tese de mestrado sobre o espinafre-amazônico, pela Universidade do Acre, se comparado aos demais gêneros da família Amaranthaceae.

“é possível identificar a presença de compostos tais como esqualeno, fibras alimentares, tocoferóis, tocotrienóis, flavonóides e compostos fenólicos que apresentam ação antioxidante, esses compostos fenólicos auxiliam nas atividades hipocolesterolêmicas, hipolipemiantes, anti-hipertensivas, anti-diabéticas, anti-trombótica, hiper-homocisteinemia dentre outros, contribuindo significativamente para melhoria da saúde dos seres humanos”.

Suas características nutricionais são superiores até mesmo às das hortaliças folhosas convencionais como alface, couve e rúcula.

Ele também explica que as amarantáceas, conhecidas popularmente como amaranto, podem ser consumidas na forma de flocos ou como farinha, devido ao alto valor nutritivo destas espécies.

Na farinha por exemplo, foram encontradas características químicas e nutricionais com resultados bons para umidade, proteínas, lipídios, fibras e minerais.

Ainda segundo a tese do pesquisador, foram encontrados aminoácidos leucina, isoleucina e valina os quais apresentam importante função metabólica para reparação de tecidos lesionados, bem como atua na reabilitação do sistema hepático dos seres vivos.

Segundo esta publicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o espinafre-amazônico além de nutritivo,  apresenta alto teor de vitaminas A, B9 (ácido fólico), C e K, carotenoides, flavonoides, fibras e minerais, como o ferro, cálcio e potássio.

Usos medicinais

Ainda segundo a UFRJ, em países como China, Taiwan e Índia, o espinafre-amazônico, vem sendo empregado na medicina tradicional para tratamento de doenças do sangue, de pele e úlceras e, através da maceração das folhas, compressas para alívio de entorses, queimaduras e eczemas.

Já a decocção das folhas é recomendada para problemas respiratórios, como tosse e bronquite, e gastrointestinais, como náuseas e vômitos.

Possui ainda utilização como anti-hipertensivo, anti-diabético, hepatoprotetor, antiviral, antimicrobiano, e é eficaz na produção de bile e de leite (em lactantes).

Altamente recomendável

Como se vê, é altamente recomendável o uso do espinafre-amazônico na alimentação, considerando o sabor, os benefícios e, principalmente, suas propriedades benéficas, riqueza de proteínas, sais minerais e aminoácidos de excelente valores nutricionais.

Dicas de uso

A parte utilizada do espinafre amazônico são as folhas, que devem ser consumidas, sempre, pré-fervidas por um a 3 minutos e a água, descartada, não sendo recomendado seu uso cru.

Evite também usar folhas de plantas que estão nascendo a pleno sol ou em períodos de seca, tornando-se amargas e fibrosas.

As folhas cruas não são recomendadas pois possui oxalatos e taninos considerados fatores antinutricionais, ou seja, impedem a plena absorção de seus potencias nutritivos.

Caso pretenda usar em preparações cozidas, como arroz, feijão, tortas, sopas, caldos, as folhas devem ser cozidas separadamente, a água descartada e adicionada ao final da preparação.

Atenção

Dado ao alto teor de ácido oxálico observado em espécies desta família recomenda-se que o consumo não exceda 500 g de folhas por dia.

Receita de bolinho de arroz com espinafre-amazônico

Nesse guia prático de PANC em hortas escolares, foi desenvolvida essa receita de bolinho de arroz, que usa espinafre-amazônico.

Essa receita foi desenvolvida pelas cozinheiras da EMEF Amorim Lima: Adelândia Batista do Nascimento, Eliane Aparecida da Silva, Quitéria Maria da Silva e Samile Pacheco dos Santos, sob supervisão das nutricionistas: Janaina Cerqueira Nascimento e Ana Carolina Moz Ricioli)

Ingredientes:

  • 400g de arroz cozido e temperado;
  • purê de 2 inhames ou batatas médias, ou 100g de farinha de mandioca;
  • 20 folhas picadas de ora-pro-nóbis;
  • 1 maço de orelha-de-macaco ou espinafre-amazônico (pré-fervura de 1 a 3 min. e descartada água do cozimento);
  • 3 a 4 ovos (dependendo do tamanho);
  • 3 colheres de sopa de manteiga ou ½ xícara de óleo;
  • temperos da horta;
  • 1 pitada de sal
  • 100 ml de leite – se necessário, para dar o ponto.

Modo de preparo:

Prepare o purê de inhame – cozinhe os inhames, descasque, amasse e acrescente um fio de óleo (ou, ainda, substitua os pela farinha de mandioca).

Adicione os ovos, a manteiga, uma pitada de sal e o restante dos temperos.

Mexa a massa, adicionando o arroz já cozido, as folhas de orelha-de-macaco cozidas e as folhas de ora-pro-nóbis picadinhas.

Por fim, acrescente os 100 ml de leite, terminando de misturar todos os ingredientes.

Faça bolinhos ou coloque em assadeira. Asse no forno por 40 minutos.

Pode ser servido com o molho “bionese” de batata-doce ou de abóbora ou com os molhos que deixamos as receitas abaixo.

Bom apetite!

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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