Ideia de que alimentos saudáveis são mais caros pode não ser real, dizem pesquisas


Quem costuma ir ao mercado frequentemente para manter a despensa cheia, sabe bem que os preços dos alimentos não são nada amigáveis. A situação parece piorar quando procuramos especificamente por alimentos saudáveis ou orgânicos. Mas, pesquisas publicadas recentemente no Journal of Consumer Research mostram que nossa percepção de que alimentos mais saudáveis tendem a ser mais caros pode ser irreal.

O preço dos alimentos saudáveis

O conceito irreal de que alimentos saudáveis são mais caros, no entanto, tem parcelas de verdade. Quando procuramos por um determinado alimento, como o macarrão, e comparamos o seu preço com o de um macarrão sem glúten ou com adição de nutrientes, teremos certeza de que o segundo caso será mais caro. Nesta situação, estaremos concluindo a partir de uma análise direta, o que é o mais certo a se fazer.

Porém, quando paramos para pensar a respeito de alimentos saudáveis, quase de pronto os associamos a preços mais elevados, normalmente sem nenhuma base de comparação. A falsa relação que fazemos “saudável = preço mais alto” pode ser totalmente arbitrária, ao menos segundo o que mostrou um dos estudos.

Na pesquisa, alguns consumidores foram apresentados a dois pratos diferentes: Roasted Chicken Wrap que custava US$8.95 dólares e Chicken Balsamic Wrap ao preço de US$6.95 dólares. De forma direta, os consumidores optaram em sua maioria por adquirir o Roasted Chicken Wrap, mesmo que o segundo prato apresentasse elementos mais saudáveis. No entanto, quando os preços foram invertidos, as escolhas também se inverteram.

Isso, segundo a pesquisa, é parte de um comportamento intuitivo do consumidor. Numa inferência empírica e particular, tendemos a acreditar automaticamente que os produtos mais saudáveis são mais caros. Esta conclusão pessoal, em contrapartida, não tem evidências de relação com a realidade de mercado, segundo a pesquisa.

O barato pode ser bom

A pesquisa mostra também outro cenário interessante de como fazemos a análise do que estamos prestes a adquirir. Segundo a publicação, quando o preço de um produto alegadamente saudável é muito mais baixo do que o preço normal praticado pelo mercado, tendemos a desconfiar que se trate de um produto verdadeiramente saudável, procurando por evidências concretas antes de adquiri-lo.

Isso foi evidenciado na pesquisa ao apresentarem uma barra de proteínas de US$0.99 centavos de dólar aos consumidores. Antes que os consumidores emitissem sua opinião, eles foram informados que o preço médio das barras de proteínas era de US$2.00 dólares. O valor de 99 cents, segundo a pesquisa, causou desconfiança, fazendo com que o produto tivesse menos análises favoráveis do que quando comparado ao período em que custava US$4.00.

barra energetica

Mesmo com dados muito interessantes a respeito de como o consumidor avalia a veracidade das informações saudáveis em relação ao preço, a análise pessoal não pode ser descartada. É evidente que muito além dos enganos de intuição, o mercado e a indústria também se aproveitam das brechas de consumismo para obter lucros. Primeiro, lança-se a tendência. Em seguida, lança-se uma maneira de seguir a tendência, desde que se pague os altos preços que ela exige.

O comodismo se paga

No Brasil, alimentos são caros, independentes de serem saudáveis ou não. Basta uma visita ao supermercado para ver os abusivos preços cobrados. Por outro lado, se analisarmos bem, veremos que alimentos naturais costumam ser mais baratos. Quando visitamos a seção de hortifrúti, por exemplo, veremos que é possível comprar muitos quilos de frutas e legumes, pagando geralmente menos da metade de um alimento industrial pronto para ser colocado no micro-ondas. Onde está a diferença? No comodismo.

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A falta de tempo da contemporaneidade, muitas vezes, faz que com os consumidores não tenham oportunidade de preparar a própria comida, optando quase sempre pelas alternativas industrializadas. Se adquirirmos o hábito de cozinharmos para nós mesmos, o preço será muito mais baixo, e o alimento muito mais saudável.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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