Fogo nas ruas de Paris: bombeiros se pintam de Coringa e vão às ruas exigir melhores condições de trabalho


Paris está em chamas: os bombeiros da cidade estão em greve, exigindo melhores salários e condições de trabalho, além da manutenção do sistema de pensões.

O palco das principais manifestações que ocorrem na capital francesa, nessa terça-feira, foi a Place de la République, onde os bombeiros entraram em confronto direto com a polícia.

A greve dos bombeiros começou há vários meses por causa de um incentivo pecuniário cujo valor está desatualizado desde 1990, de acordo com Quentin De Veylder, membro da corporação, informa a France Info.

Não apenas os bombeiros estão lutando por direitos. Paris também vem enfrentando a greve dos metroviários, que tem afetado a mobilidade na capital desde o fim de 2019.

Um dos pontos críticos que está levando os trabalhadores franceses para as ruas, desde as manifestações dos Coletes Amarelos, é a reforma no sistema previdenciário proposta pelo governo de Emmanuel Macron, que estaria, de acordo com os manifestantes, claramente desconectada da realidade social do povo francês – assim como ocorreu com o Brasil com a Reforma da Previdência.

Entretanto, na França, a sociedade está mobilizada para impedir que a reforma entre em marcha.

A vida imita a arte

Os bombeiros estão “incendiando” Paris para que as suas demandas sejam ouvidas. Elas formam um uníssono junto com as reivindicações de outros trabalhadores franceses contrários às reformas propostas por Macron. Durante os protestos, alguns bombeiros foram vistos com o rosto pintado com o tema “Coringa”, personagem do filme homônimo no qual em uma das cenas uma horda de cidadãos se insurge nas ruas de Gotham City contra o status quo.

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Assim que Coringa estreou no Brasil, o GreenMe publicou uma resenha destacando a reflexão sociológica proposta pelo filme. Em um outro texto, o site fez um paralelo com mais dois filmes que fizeram sucesso em 2019 que tratam, também, de questões sociais: Bacurau e Parasita.

Os três filmes têm como eixo o colapso das sociedades contemporâneas, trazendo aquela sensação de que o mundo está derretendo. Não à toa todos eles tiveram tanto apelo popular: conquistaram o público por um processo de identificação que confronta o espectador com uma espécie de carência de princípios humanitários que estaria provocando uma convulsão social.

Problemas globalizados

Os tempos atuais, apesar dos confrontos que parecem nos distanciar, colocam-nos cada vez mais próximos, visto que os problemas das sociedades contemporâneas são globalizados.

Os bombeiros parisienses se mostrarem para a população e para a classe política com a máscara do Coringa é uma crítica ao estado de estafa que está acometendo a todos nós em decorrência de um mundo no qual as nossas vidas estão sendo massacradas em nome dos desejos de um parcela mínima que as tratam como marionetes no teatro econômico-político.

A questão “Estaríamos no começo de uma grande reviravolta?”, que encerra o artigo “Bacurau, Coringa e Parasita: a desigualdade social nas telas, como apelo para a mudança”, incita-nos a pensar que, talvez, apesar dos atuais tempos parecerem desastrosos e desesperançosos, sejam uma possibilidade de trajar um novo paradigma no qual o “comum” seja o ponto de inflexão necessário para restabelecermos as nossas relações.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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