Sífilis ainda em aumento no Brasil. Veja por que e como se proteger


Não é de hoje que vem aumentando o número de casos de sífilis no Brasil (aqui um artigo de 2015 e aqui um de 2016) e os casos continuam a aumentar. Mas, afinal, por que isso está acontecendo?

A sífilis é uma doença infectocontagiosa provocada pela bactéria Treponema pallidum. Pode ser transmitida através de relações sexuais e, também, por transmissão congênita, quando o sangue contaminado da mãe entra em contato com o do feto, transfusão de sangue ou contato direto com sangue contaminado.

Doença silenciosa

A sífilis está se espalhando pelo Brasil de forma silenciosa, o que preocupa ainda mais, já que muitas pessoas sequer sabem que estão infectadas pela bactéria causadora da doença.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2010 foram registrados 1.249 casos de sífilis adquirida no país. Em 2015, houve um aumento de 5.000% no número de casos, que passou para 65.878, e, em 2016, um novo aumento fez saltar a doença para 87.593 casos.

Dados do Ministério da Saúde sobre o Boletim Epidemiológico de Sífilis – 2018 que apontam que a taxa de detecção da sífilis adquirida passou de 44,1 por 100 mil habitantes, em 2016, para 58,1/100 mil habitantes, em 2017.

As mulheres são as mais afetadas pela doença, principalmente as mulheres negras com idade entre 20 e 29 anos. Nessa faixa etária, elas representam 26,2% do total de casos notificados, enquanto os homens são 13,6%.

Ante esse aumento alarmante, podemos dizer que há uma epidemia de sífilis no Brasil?

Uma epidemia ocorre quando uma doença deixa de ser transitória e atinge uma localização específica passa a afetar um grande número de pessoas em diversos locais. Por exemplo, para a sociedade médica, segundo o infectologista Celso Granato, doenças como gripe, dengue, zika vírus e chikungunya são consideradas uma epidemia.

HIV e sífilis

Desde 2012, o número de casos de sífilis na Bahia saltou de 1.911 para 9.900, um crescimento de 518% em todo o estado, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) publicados pelo Correio 24 horas.

A técnica do programa estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)/AIDS Aliucha Magalhães explicou ao Correio 24 horas que o crescimento da sífilis está diretamente ligado à evolução do HIV, vírus causador da AIDS.

Embora ainda não haja cura para a doença, o tratamento é bastante avançado, o que pode ter feito as pessoas deixarem de usar o preservativo em relações sexuais.

As pessoas não têm mais medo de morrer de HIV, principalmente as gerações mais novas. Só que isso facilita a entrada de outras DSTs, a exemplo da sífilis”, alerta a especialista.

Reinfecção

Outro fato que potencializa a sífilis é a reinfecção, que ocorre quando o paciente é infectado mas recebe o tratamento à base de penicilina e fica curado. Novamente, ele se contamina e volta a ter sífilis.

A psicóloga Milena Pérsico, professora da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e da Faculdade Anísio Teixeira (FAT), admite que a causa da reinfecção são as relações estáveis, que fazem com que as pessoas deixem de usar o preservativo.

“As pessoas têm consciência que existe a doença, mas a questão é que, se tem tratamento e tem cura, elas acreditam que está tudo certo. Isso é banalizado, de certa maneira”, explica Pérsico.

Já para a coordenadora do programa de controle das DSTs de Salvador, Helena Lima, o fato de o teste rápido para a sífilis ser feito de forma rápida e gratuita nas unidades básicas de saúde tem feito que a população fiquei mais mobilizada, já que os profissionais de saúde já vêm tratando a sífilis como epidemia.

Medicação

O surto de sífilis em 2016 provocou a falta de abastecimento da penicilina na rede pública de saúde. Foi preciso que o Ministério da Saúde intervisse, através de uma medida provisória, no preço do medicamento vendido nas farmácias. O problema ainda é percebido em muitas cidades brasileiras. Em Salvador, apenas duas das cinquenta farmácias consultadas pela reportagem do Correio tinham o benzetacil (nome comercial do antibiótico) .

Mas nos postos públicos de saúde o tratamento está normalizado, podendo ser feito em qualquer unidade básica.

Como se proteger da Sífilis

1. Não adianta inventar, DST se previne somente com o uso de preservativo.

2. Se contraída a doença, ambos os parceiros devem fazer o tratamento.

3. Mulheres que queiram engravidar devem fazer o teste antes de para evitar a sífilis congênita.

4. Em mulheres já grávidas, uma rotina de exames pré-natal deve ser feita no primeiro trimestre da gravidez.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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