Mulheres que não se depilam: a posse do próprio corpo


Quantas mulheres não passam a vida toda se depilando sem se perguntarem por que fazem isso. A exigência por corpos sem pelos inclusive atinge os homens. É bastante comum, no Brasil, ver em academias de ginástica homens sem pelos nas pernas, axilas e peitoral. Mas, afinal, por que a depilação virou uma imposição em nossas vidas?

Depilação é uma questão de escolha

Depois da moda da depilação total, agora as mulheres estão se questionando sobre a cultura da depilação e, com isso, decidindo deixar os seus pelos crescerem naturalmente. Entretanto, essa escolha ainda é pouco entendida por muita gente.

Depilação causa dor, gastos financeiros, perda de tempo. Logo, investir tempo e dinheiro em depilar-se para quem curte está ok. Mas há muitas mulheres que sofrem com a depilação, não têm dinheiro ou, simplesmente, não querem ou não têm interesse em estar “lisinhas”.

Muitas mulheres que optaram por deixar seus pelos crescerem se sentem, hoje, mais autoconfiantes sobre seus próprios corpos, afinal, não é fácil nadar contra a corrente e aceitar-se naturalmente como se é, principalmente em culturas como a nossa, onde mulher peluda é lésbica, suja, descuidada e por aí vai.

A depilação feminina é ainda tabu. Muitas artistas famosas vêm publicando em suas redes sociais fotos expondo os seus pelos no intuito de romper preconceitos, afinal, depilação é uma escolha, faz quem quer.

Pressão social por higiene?

Há quem argumente que depilação é uma questão de higiene. Outras dizem que o calor provoca suor e, consequentemente, provoca mau cheiro nas regiões onde há pelo. Entretanto, homens têm pelo e muitos deles são cheirosos, certo?

Dermatologistas recomendam que a remoção total dos pelos pode ser prejudicial à saúde, por facilitar a presença de micro-organismos e provocar escoriações, alergias e inflamações, devido ao contato da pele com as roupas.

Será que vale a pena mesmo se depilar e sucumbir à pressão social? Se você escolhe depilar-se porque se sente bem, problema algum. Mas se você o faz porque se sente pressionada, talvez valha a pena questionar-se sobre isso.

depilacao axila

Entretanto, ao escolher não mais se depilar, é preciso que a mulher assuma que receberá olhares de preconceito e assédio e “peite” a sua decisão, como ocorreu com a atriz Bruna Linzmeyer, que foi criticada em suas redes sociais porque optou por não se depilar.

História da depilação

A depilação feminina não é uma prática contemporânea; ela já é feita desde a antiguidade pelas mulheres. Relata-se que no Egito antigo as mulheres usavam como cera uma mistura de argila, sândalo e mel. Na Grécia antiga, as mulheres usavam um instrumento chamado estrigil para a depilação.

Os indígenas brasileiros também removiam pelos, como relatado na carta de Pero Vaz de Caminha sobre as suas impressões ao chegar ao Brasil. Ele deixou na carta o registro de que as índias não tinham pelos pubianos, que eras raspados por elas com espinha de peixe.

No século XX, as roupas mudaram assim como os hábitos. Enquanto os hippies, na década de 1960, pregavam a liberdade dos corpos, as pessoas “recatadas” diziam que mostrar pernas e axilas peludas era desagradável. A depilação passa a ganhar uma conotação estética e higiênica.

A depilação é uma prática antiga que tem suas oscilações ao longo da história, a depender de os tempos serem mais libertários ou repressores.

Depilação íntima faz mal

A depilação é tão popular que mais técnicas surgem para facilitar a vida de quem opta pela remoção de pelos. A mais moderna e “definitiva” delas é a depilação a laser.

A moda da depilação a laser chegou a vários lugares do mundo junto, também, com a propagação de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Uma pesquisa realizada na Espanha e nos Estados Unidos constatou que essas duas coisas estariam correlacionadas.

A explicação é que a depilação total nas partes íntimas deixaria a região mais vulnerável a certas doenças, como herpes, fungos, HPV, verrugas genitais e sífilis.

Os pelos pubianos têm a função de proteger a genitália de lesões e infecções, mesmo com o uso de preservativo. Especialistas dizem que não há problema em cortar os pelos ou depilar um pouco a região, contanto que se mantenha uma quantidade suficiente na área central do púbis. Nas laterais, o risco de infecção é menor, tanto que os pelos ali já são mais curtos mesmo.

Bom senso, portanto, é fundamental. Para quem opta por depilar-se, é importante verificar as condições de higiene do local onde a depilação é feita bem como se a remoção dos pelos não afeta a sua própria saúde.

A posse do próprio corpo

O interessante dessa história toda é ter a consciência de posse do próprio corpo. Depilar-se ou não, assim como alisar ou cabelos ou não, retirar as sobrancelhas ou não, devem ser opções pautadas no desejo e no gosto de cada um, e não em modas impostas sabe-se lá por quê ou por quem.

Para aquelas que quiseram dizer adeus à depilação, lhes resta sair por aí do jeito mais natural do mundo, felizes e orgulhosas de si!

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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