As novas terapias alternativas oferecidas pelo SUS. Agora são 29!


O Ministério da Saúde anunciou na segunda-feira, 12, durante o evento de abertura do 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Saúde Pública (INTERCONGREPICS) a inclusão de 10 novas práticas integrativas no SUS.

As informações pertinentes sobre essa ação foram publicadas no site do Ministério da Saúde.

O encontro promoveu debates entre pesquisadores internacionais e brasileiros, ocorrendo troca de experiências entre profissionais, gestores e pesquisadores das diversas práticas integrativas e terapêuticas.

Foram apresentados durante esse evento mais de 900 trabalhos científicos e relatos de experiências do SUS no Brasil, e também em outros países. Essas medidas e ações implantadas pelo Ministério da Saúde, voltadas à inclusão de práticas terapêuticas alternativas, trazem diretrizes gerais para a incorporação delas nos serviços de saúde pública.

Em cada município, será de competência do gestor municipal elaborar as normas para inserção da PNPIC (Política Nacional de Prática Integrativas e Complementares), em sua rede municipal de saúde. Através dos recursos do Piso da Atenção Básica (PAB), repassados para cada município implantar as PICS, o gestor municipal fará a sua inserção, de acordo com o que considerar prioridade do seu município.

Estados e municípios podem instituir sua própria política, levando em conta as necessidades locais, sua rede de saúde e processos de trabalho dos profissionais envolvidos no atendimento público de saúde.

Estes tratamentos abrangem recursos terapêuticos e alternativos, baseados em conhecimentos tradicionais, e até milenares, que contribuem para prevenção e cura de diversas doenças.

Desde 2006, já eram oferecidos pelo SUS os tratamentos de acupuntura, homeopatia, fitoterapia, antroposofia e termalismo.

No ano passado (2017), foram incluídas 14 práticas: arteterapia, ayurveda, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturoterapia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa e ioga.

De acordo com a nova inclusão de 10 Práticas Integrativas de Saúde (PICS) agora, somam-se à lista a apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais.

Com inclusão dessas práticas, o SUS passa à oferecer 29 procedimentos terapêuticos à população e Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), que serão tratados e beneficiados pelas seguintes formas de tratamentos de saúde holística:

Acupuntura

A Medicina Tradicional Chinesa é um conjunto de práticas voltadas para o bem-estar integral do ser humano, associando o trabalho energético à saúde do corpo. Alguns exemplos dessas práticas são o Tai-Chi-Chuan e a Acupuntura que é uma terapia muito utilizada e conhecida da medicina chinesa tradicional, e se baseia na utilização de agulhas metálicas aplicadas em pontos energéticos do corpo do paciente, para tratamento de diferentes doenças ou para uso anestésico.

Homeopatia

Como terapia curativa, a Homeopatia utiliza substâncias da Natureza, diluídas e dinamizadas, para tratamento de doenças partindo do princípio similia similibus curantur (semelhante pelo semelhante se cura). A Homeopatia foi criada no século XVIII, pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843).

Fitoterapia

Fitoterapia é uma denominação oriunda do grego therapeia = tratamento e phyton = vegetal. Essa prática atua com a utilização de plantas medicinais para tratamento e cura das doenças.

Antroposofia

A antroposofia, nome originário do grego que quer dizer “conhecimento do ser humano”, surgiu no início do século XX, introduzida pelo austríaco Rudolf Steiner, como um método que leva ao conhecimento da natureza do ser humano e sua ligação com Universo, ampliando a compreensão em várias áreas da vida humana, inclusive ciência e medicina.

Termalismo/Crenoterapia

A água termal contém inúmeros componentes (minerais e gases) que contribuem para tratamento e cura de diversas patologias. O Termalismo usa vários meios para utilização da água mineral em tratamentos de saúde e do corpo (Crenoterapia).

Arteterapia

A arteterapia utiliza recursos artísticos/visuais ou outras expressões artísticas como método terapêutico. A arte criada através desta prática terapêutica, favorece a promoção do bem-estar do paciente, tanto no âmbito físico, como mental e emocional.

Ayurveda

Em sânscrito, a palavra Ayurveda significa ciência (veda) da vida (ayur). Na índia é tida como medicina oficial e tem sido difundida pelo mundo inteiro, como uma prática terapêutica milenar.

Esta terapia se fundamenta na análise do Dosha, que é o perfil biológico de cada indivíduo. Existem três doshas: Vata, Pitta e Kapha e cada um deles apresenta determinadas características. As pessoas possuem os três doshas, mas em proporções diferenciadas, variando de indivíduo para indivíduo.

Biodança

A Biodança, denominação derivada do grego bio (vida) e do espanhol danza (dança), que quer dizer “dança da vida”. Essa prática também é chamada de psicodança e se baseia em um sistema de integração afetiva e desenvolvimento humano, através de vivências criadas com o uso dos movimentos da dança.

Dança circular

O principal propósito da Dança Circular Sagrada é desenvolver o sentimento de união e fraternidade e despertar o espírito comunitário, através da prática em grupo dessa dança. Essa prática promove a calma emocional, melhora a concentração e memória e desenvolve a expressão lúdica e corporal, favorecendo a saúde mental, emocional e física dos indivíduos.

Meditação

A meditação é uma prática na qual o indivíduo foca sua mente em um objeto, pensamento, paisagem ou atividade em particular, com o objetivo de alcançar um estado de clareza mental e emocional e equilíbrio físico. A origem da Meditação remonta às antigas tradições orientais e tem relação com ensinamentos milenares, como o Hinduísmo, Budismo, e até mesmo o Cristianismo.

Musicoterapia

Essa atividade se baseia em um conjunto de técnicas que utilizam a música para tratamento de problemas psicossomáticos.

Naturoterapia

A Naturoterapia aplica ações terapêuticas naturais, como nutrição e utilização de cuidados naturais, para levar o indivíduo a alcançar o reequilíbrio físico e emocional e uma melhor qualidade de vida.

Osteopatia

Esta Terapia foi criada por Andrew Taylor Still (1828-1917), e seu fundamento se baseia na teoria de que o corpo tem capacidade de produzir seus próprios medicamentos e remédios para sua autocura. De acordo com os princípios da Osteopatia, para o corpo se curar, é preciso cuidar dele, proporcionando condições ambientais favoráveis e alimentação saudável. A análise da estrutura corpórea do indivíduo é uma das formas de diagnóstico desta prática terapêutica.

Quiropraxia

Este método terapêutico tem por base, para tratamento de saúde, as condições do sistema músculo-esquelético, principalmente da coluna vertebral do paciente.

Reflexoterapia

Essa prática está relacionada com os fundamentos da medicina tradicional chinesa, e consiste na aplicação de pressão, utilizando os dedos das mãos em pontos energéticos situados na plantas dos pés e nas palmas das mãos, promovendo o equilíbrio e revitalização do organismo e do corpo, através dessa ativação energética.

Reiki

O Reiki surgiu em 1922, através do monge budista japonês Mikao Usui e tem por base o trabalho com a energia vital universal “Ki”, através da imposição de mãos, com a finalidade de energizar o corpo físico, trazendo saúde e equilíbrio.

Shantala

A Shantala é uma massagem milenar indiana. Essa prática foi trazida para o Ocidente pelo médico francês Frédéric Leboyer, que de passagem pela Índia, viu a cena de uma mulher, chamada Shantala, à massagear seu bebê. Dessa “descoberta”, esse médico criou a terapia Shantala, que consiste em massagem feita pelas mães em seus bebês, principalmente, para aliviar cólicas e acalmá-los.

Terapia comunitária integrativa

A Terapia Comunitária Integrativa tem como eixo temático a reunião em grupo com o objetivo de diminuir o sofrimento, melhorar a autoestima e criar redes sociais solidárias. Esse tratamento coletivo é um instrumento que contribui para a prática de solidariedade coletiva, visando a promoção da vida, mobilização de recursos e o desenvolvimento de competências dos indivíduos, das famílias e das comunidades.

Yoga

Ioga ou yoga é uma prática mística e meditativa originária da Índia. Esta prática tem por finalidade proporcionar equilíbrio, força, harmonia e saúde para o corpo físico, através de suas asanas (posições e movimentos).

Apiterapia

Método que utiliza produtos provenientes das abelhas. Aqui vale fazer um parênteses, ressaltando que existem muitos outros tratamentos de saúde que se pode fazer uso, sem interferir na vida das abelhas, respeitando sua preservação e integridade.

Aromaterapia

A Aromaterapia faz uso de concentrados voláteis extraídos de vegetais, que são óleos essenciais que com seus aromas promovem bem estar e saúde.

Bioenergética

Tratamento que tem por base, para o diagnóstico do problema de saúde, a relação da emoção com a doença. A bioenergética como terapia curativa, adota psicoterapia corporal, exercícios terapêuticos e trabalhos energéticos, visando a liberação das tensões do corpo e a expressão de sentimentos.

Constelação familiar

A Constelação Familiar é um método psicoterapêutico desenvolvido pelo alemão Berl Hellinger, que se baseia no estudo e análise das relações familiares, ajudando a identificar bloqueios emocionais no indivíduo, herdadas de gerações anteriores ou por problemas de relacionamento em família.

Cromoterapia

A cromoterapia é uma técnica terapêutica que utiliza as cores para tratamentos de vários problemas de saúde, com o objetivo de harmonizar o corpo.

Geoterapia

Tratamento que utiliza a argila com água, em aplicação nas áreas do corpo a serem tratadas. A argila pode ser usada em ferimentos e lesões com o objetivo de promover a cicatrização, ou em doenças osteomusuculares, entre outros usos.

Hipnoterapia

A Hipnoterapia é conjunto de técnicas que produzem relaxamento e através da indução do terapeuta, que faz hipnose, o paciente revela emoções reprimidas e bloqueios psíquicos, podendo reconhecer seus desequilíbrios.

Imposição de mãos

Através da imposição das mãos, o terapeuta passa energia para o paciente promovendo recuperação, calma, equilíbrio, revitalização e bem-estar.

Ozonioterapia

Método que utiliza a mistura dos gases oxigênio e ozônio, por diversos meios de administração, com o propósito terapêutico de promover a recuperação de diversas doenças. Esta terapia pode ser usada nas áreas de odontologia, neurologia e oncologia.

Terapia de Florais

Através do uso de essências florais, este tratamento harmoniza a vibração e energia do paciente. A respeito da inclusão desses tipos de tratamento no SUS, o Ministro da Saúde Ricardo Barros, ressaltou, esta ação como uma importante medida de prevenção da saúde:

“O Brasil passa a contar com 29 práticas integrativas pelo SUS.

Com isso, somos o país líder na oferta dessa modalidade na atenção básica.

Essas práticas são investimento em prevenção à saúde para evitar que as pessoas fiquem doentes.

Precisamos continuar caminhando em direção à promoção da saúde, em vez de cuidar apenas de quem fica doente”.

Estas terapias ocorrem em 9.350 estabelecimentos, de 3.173 municípios, sendo que 88% são oferecidas na Atenção Básica (Saúde da Família).

Em 2017, aconteceram e foram registrados 1,4 milhão de atendimentos individuais, em práticas integrativas e complementares.

Levando em conta e somando todas as atividades coletivas, a estimativa é que cerca de 5 milhões de pessoas, por ano, recebam os benefícios dessas práticas, através do SUS.

As práticas mais utilizadas no Brasil

Na atualidade, a acupuntura é a prática mais utilizada, com 707 mil atendimentos e 277 mil consultas individuais. As práticas de Medicina Tradicional Chinesa, como Tai-chi-chuan e Lian gong, também, aplicadas no SUS, estão em segundo lugar com os atendimentos de 151 mil sessões. Em terceiro lugar, om 142 mil procedimentos, vem a auriculoterapia, uma prática similar a acupuntura, com a diferença, que trata pontos energéticos através do pavilhão auditivo.

Em seguida, se tem registradas 35 mil sessões de yoga, 23 mil de dança circular/biodança e 23 mil de terapia comunitária, entre outras.

Os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e complementares, têm sido mostrados com comprovações médico-científicas.

Outros fatores que contribuem para viabilizar essas práticas no atendimento à população pelo serviço de saúde pública, é o crescente número de profissionais capacitados e habilitados e maior reconhecimento e valorização da eficácia dos conhecimentos milenares, envolvidos nestas terapias complementares de saúde.

Infelizmente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconhece como prática médica apenas duas da lista das práticas complementares incluídas pelo SUS: a acupuntura e a homeopatia.

Segundo o CFM, os médicos não podem clinicar e indicá-las como tratamento básico de saúde, entretanto o Ministério da Saúde as incorporou, de forma a serem realizadas por outros profissionais e especialistas da saúde, de forma complementar ao tratamento convencional.

Em contrapartida, a Presidente da Associação Brasileira de Ozonioterapia, Maria Emília Gadelha, especialista em otorrinolaringologista de formação, diz que se trata de uma grande conquista. Ela enfatiza que é de fundamental importância entender a saúde de forma mais ampla:

” Oferecer novas formas de cuidado à saúde é algo que afeta diretamente o bem-estar da população.

Estamos lutando, há mais de 10 anos, para a regulamentação da ozonioterapia, como mais uma forma de cura de doenças, comprovada por estudos científicos.

Ela pode ser usada para membros da família, evitar complicações provocadas pelo diabetes e para tratar inflamações intestinais crônicas e queimaduras, entre outros problemas.”

O Ministro da Saúde, Ricardo Barros, a respeito dessas medidas instituídas em seu ministério, que visam a prevenção das doenças, afirmou:

“Primeiro, estamos consolidando a oferta do serviço, permitindo que as estruturas de atenção básica implantem esses serviços e coloquem à disposição das pessoas.

Agora é fazer a divulgação e o engajamento dos cidadãos na prevenção, que não é a nossa cultura.

Se você vai à China, a cada 50 metros tem uma casa de massagem.

Aqui, a cada 50 metros tem uma farmácia.

Essa é a mudança que precisa ser alcançada.”

A prevenção é o melhor remédio

De fato, em nosso país, precisamos desenvolver a cultura da prevenção da saúde. Cuidar, evitar e tratar da saúde, antes da doença aparecer ou se instalar no corpo. Realmente, a prevenção continua sendo o melhor remédio.

Que, essas novas terapias, no SUS, sejam bem viabilizadas, para que mais e mais pessoas possam usufruir de seus benefícios e prevenir, em vez de remediar!




Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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