Chega de sensualização: ginastas alemãs fazem história nas Olimpíadas


Existe um esforço para desvincular esporte e política. Mas a História mostra que ambos andam de mãos dadas, inclusive, aquele é costumeiramente usado por governos não democráticos para tentar esconder o seu autoritarismo. Afinal, o corpo, seja ele dos atletas, seja dos demais cidadãos, é um instrumento de disputa e controle.

Em torneios oficiais como os Jogos Olímpicos, sempre chamou a atenção a diferença dos uniformes das atletas e dos atletas. Enquanto para estes o critério da vestimenta parece ser o conforto, para aquelas parece ser a exibição pública dos seus corpos através de roupas mínimas, curtas e colantes.

Para enfrentar essa sensualização dos corpos femininos que ocorre há décadas nas Olimpíadas, a equipe feminina de ginástica da Alemanha apresentou-se com um uniforme de corpo inteiro nas  classificatórias dos Jogos Olímpicos de Tóquio no último domingo para mostrar que elas têm liberdade de escolher como querem praticar o esporte, além de promover o debate sobre roupas confortáveis fazerem parte do vestuário feminino.

As atletas Sarah Voss, Pauline Schaefer-Betz, Elisabeth Seitz e Kim Bui competiram com trajes nas cores vermelhos e brancos estampando collants e leggings que iam do pescoço aos tornozelos.

Voss explicou a escolha:

“Ao crescermos como mulheres, é muito difícil se acostumar com nosso novo corpo. Queremos ter certeza que todas se sintam confortáveis ​​e mostramos a todas que elas podem usar o que quiserem e ter uma aparência incrível, uma sensação incrível, seja com um traje longo ou curto”.

A equipe alemã já havia se apresentado com trajes de corpo inteiro no campeonato europeu em abril deste ano para combater a sexualização do esporte que pratica. Agora é esperar que outras equipes femininas entrem nessa tendência definitivamente.

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Fonte foto: Reuters




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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