Reciclagem: como foram feitas as medalhas das Olimpíadas de Tóquio?


O Japão é um país referência em tecnologia de ponta. Nas Olimpíadas 2020, sediadas em Tóquio este ano, adiadas causa pandemia, o país oriental não iria deixar de mostrar ao mundo o que é capaz de fazer com a sua fama.

A Organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio coletou mais de 70 toneladas de celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos para reutilizar ouro, prata e bronze para a produção de medalhas.

O Japão é um país no qual esses aparatos são muito consumidos, o que gera, por consequência, muito lixo eletrônico.

Para fabricar as 5 mil medalhas dos Jogos, a Organização se empenhou em conseguir matéria-prima para a reciclagem. Segundo Tereza Cristina Carvalho, membro do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e pesquisadora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), é muito difícil conseguir uma quantidade para esse tipo de reciclagem porque a quantidade de metal encontrada em um celular, por exemplo, é muito pequena:

“É uma quantidade muito pequena de ouro e de cobre [nos aparelhos]. Esse volume vem diminuindo gradativamente com o avanço da tecnologia porque os metais são recursos não renováveis. Então, as empresas vêm desenvolvendo tecnologia para fazer as conexões com a quantidade cada vez menor deles”, disse ela ao G1.

Para conseguir, então, o volume de metal adequado para produzir as medalhas, a coleta dos dispositivos ocorreu entre abril de 2017 e março de 2019 em mais de 18 mil pontos espalhados por todo o Japão.

A quantidade de metais extraída a partir do lixo eletrônico foi:

  • 32 quilos de ouro;
  • 3.500 quilos de prata;
  • 2.200 quilos de bronze.

Reciclagem eletrônica: como é feita

A reciclagem eletrônica é um processo complexo que consiste em, primeiramente, triturar as placas de circuito impresso em pó. Depois, os metais são separados por decantação para serem levados a fornalhas onde são derretidos para ganhar novos usos e formatos.

Só que antes de todo esse procedimento, os aparelhos precisam ser desmontados manualmente, pois eles não têm um projeto padronizado.

Sem dúvida, a Organização dos Jogos merece uma medalha de ouro por ter pensado e executado a reciclagem de lixo eletrônico!

Mas na verdade, a ideia não é tão original.

O Brasil inovou nas medalhas da nossa Olimpíadas Rio 2016. Além do uso de materiais reciclados (nas medalhas de prata e bronze e nas fitas), o ouro das nossas medalhas foi extraído sem uso de mercúrio. Além disso, o desenho das medalhas se baseou nos conceitos de sustentabilidade e acessibilidade.

Ou seja, fizemos escola e se a moda pega daqui por diante, só medalhas reciclada afinal, ouro e minerais em geral, são obtidos com processos poluentes e insalubres para o homem e para o meio ambiente.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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