Leite no copinho é a melhor opção? Por que dar e como dar


Um dos grandes temas da maternidade, especialmente nos primeiros anos, é a amamentação, e não é para menos.

Um aleitamento bem-sucedido traz benefícios para a criança, que vão desde um sistema imunológico mais fortalecido até o estabelecimento do vínculo entre a mãe o bebê. No entanto, em alguns casos, a mãe não consegue amamentar exclusivamente no peito e é preciso recorrer a métodos alternativos.

Muitas vezes a volta ao mercado de trabalho é a responsável por essa interrupção precoce da amamentação, outras vezes, é alguma intercorrência médica ou outras dificuldades. Nesses casos, é comum que se recorra à mamadeira. Porém, você sabia que ela não é recomendada pelos especialistas?

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) não indica o uso da mamadeira, e diversos estudos apontam as inúmeras desvantagens do uso desse acessório.

Mas, afinal, como substituir o peito quando a mãe nã pode amamentar?

Existe uma alternativa já praticada há diversos anos, especialmente no caso dos recém-nascidos prematuros, que ficam internados: o leite no copinho.

Quer saber mais sobre esse método? Acompanhe abaixo o que é o leite no copinho, quais os principais benefícios e por que a mamadeira é tão desaconselhada.

Por que o leite no copinho é melhor que a mamadeira?

Embora muito comum, a mamadeira traz uma série de prejuízos ao desenvolvimento do bebê, um dos principais é a chamada confusão de bicos.

Como a sucção da mamadeira é diferente da sucção feita no bico do seio, a criança pode se acostumar com a mamadeira e isso levar a um desmame precoce. Isso porque, quando o bebê mama no seio, ele exercita a musculatura da boca, fazendo movimentos com a língua, bochechas e mandíbula.

Mais para frente, esses movimentos influenciarão no crescimento e desenvolvimento dos ossos da face, na mastigação e fala.

Uma pesquisa feita pela fonoaudióloga Cristiane Faccio Gomes, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Unesp/Botucatu mostrou que o uso de mamadeira é o pior método de alimentação para bebês pelos riscos envolvidos, inclusive de engasgos, mas também por gerar distorções no funcionamento da musculatura facial da criança e até mesmo alterações ortodônticas.

A amamentação no peito auxilia ainda no fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê, algo essencial no desenvolvimento infantil, nos primeiros anos. Além disso, a inserção da mamadeira pode diminuir o tempo de aleitamento materno e até atrasar o processo de introdução de sólidos, já que muitas crianças maiores que mamam mamadeira acabam preferindo o leite nesse acessório à qualquer outra alimentação.

Oferecer o leite no copinho, por outro lado, é uma forma de estimular os movimentos corretos da mandíbula e língua e não comprometer o desenvolvimento muscular facial, ortodôntico, de mastigação e fala.

Além disso, nesse método, o bebê é quem determina a quantidade de leite que quer e por quanto tempo quer mamar, de modo semelhante ao aleitamento no peito.

É ainda um método barato, que estimula o desenvolvimento e coordenação dos reflexos de sucção, de deglutição, da secreção salivar e das enzimas da língua, o que torna a digestão do leite materno mais eficiente.

O uso do copinho favorece ao bebê uma melhor experiência sensorial e pode ajudar na diminuição de infecções, já que a higienização é mais fácil do que no caso da mamadeira.

Como dar o leite no copinho?

Embora seja um método com muitas vantagens, é importante buscar um auxílio profissional, pois a ingestão do leite no copinho exige uma técnica, caso contrário o bebê corre risco de se engasgar ou aspirar o líquido, o que pode ser muito perigoso.

No aleitamento feito no copinho, o bebê faz movimentos semelhantes ao de um gato bebendo líquido.

É o bebê que controla o leite ingerido, e não o contrário. Além disso, é importante o posicionamento correto e que o leite seja oferecido com calma e fazendo pausas, respeitando o ritmo do neném.

Veja o vídeo da Sociedade Brasileira de Pediatria:

Ainda assim, prefere a mamadeira? Saiba qual escolher!

Em alguns casos, pode ser que os cuidadores prefiram a mamadeira. Por isso, saiba escolher a melhor opção para o bebê, seguindo algumas dicas:

  • Prefira aquelas com bico de silicone, pois o látex favorece o acúmulo de resíduos;
  • Escolha mamadeiras de fluxo lento, pois, como o nome sugere, elas promovem uma ingestão mais lenta do leite, evitando engasgos, diminuindo a confusão de bicos e reduzindo as chances de cólicas;
  • Jamais fure a mamadeira para aumentar o fluxo, pois esse hábito é perigoso e pode levar à engasgamentos;
  • Não deixe a criança tomar a mamadeira deitada, pois ela pode se engasgar;
  • Faça sempre a higienização da mamadeira, mesmo quando a criança já for maior. Ferva o bico e a mamadeira por, pelo menos, cinco minutos, sempre que for utilizar, e troque o bico a cada 3 meses; 
  • Os especialistas recomendam abandonar a mamadeira o quanto antes. Se puder, após 1 ano de idade já é possível usar copos de transição, que são seguros e mais vantajosos que as mamadeiras. 

O aleitamento materno exclusivo é recomendado até os 6 meses. Ou seja, até essa idade os bebês devem ser alimentados somente com leite materno, não precisando de chá, suco, outros leites e nem mesmo de água.

Após os seis meses, o bebê deverá começar a receber a alimentação complementar, as papinhas, mas a amamentação deve continuar até o segundo ano de vida da criança ou mais!

As mães que precisarem  voltar ao trabalho devem retirar o leite de duas a três vezes por dia e conservá-lo em um recipiente limpo para dar ao bebê. A retirada do leite estimula a sua produção.

O leite materno é o melhor alimento que uma criança pode receber. Não tire esse direito dela!

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Cintia Ferreira

Paulistana formada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro, tem o blog Mamãe me Cria e escreve para greenMe desde 2017.


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