Furar ou não a orelha das recém-nascidas? Pense bem!


Mulheres são cobradas por sua aparência desde que nascem. Quer ver um exemplo? Uma das perguntas mais feitas aos pais de meninas é quando eles vão colocar o brinco na filha – isso quando elas não os têm enfeitando as orelhas desde recém-nascidas.

Essa cobrança não faz sentido se o bebê em questão for do sexo masculino. Natural em algumas culturas e malvisto em outras, o tema gera polêmicas. Há quem diga que não há nenhum mal, que é bem melhor que seja cedo, pois “dói menos”. Outros garantem que é um sofrimento desnecessário e pode gerar complicações, além de ser invasivo e autoritário.

E você, de que lado está?

Furar as orelhas cedo – as “vantagens”

Em países, como o Brasil, o hábito de furar as orelhas dos bebês é algo tão enraizado, que são poucas as famílias que questionam se esta é ou não uma boa decisão.

Quem toma o partido do sim, e acha que não há problema em furar as orelhas das meninas tão cedo, garante que os primeiros meses são os ideais já que a cartilagem é molinha, tornando o procedimento mais simples e rápido. Além disso, atualmente, quando feito por profissionais qualificados, é possível evitar que o bebê sinta desconforto, utilizando anestesia local, por exemplo.

Muitos pais utilizam desse artifício para que as pessoas saibam que se trata de uma menina. Outros por uma questão cultural.

De todo modo, é importante tomar algumas providências, caso opte por furar as orelhas nos primeiros meses de vida. Veja logo mais abaixo, algumas recomendações importantes antes de furar a orelha da tua filha.

Afinal de contas, os bebês sentem dor ao furar as orelhas?

Sim, furar as orelhas é doloroso. No entanto, a dor é um conceito subjetivo e é muito difícil precisar o quanto o ato pode ser doloroso para os pequenos.

Alguns choram, outros não. Mas esse não é o único indicativo de dor, pois alguns desses bebês são tão pequenos que ainda estão aprendendo a reagir às sensações, inclusive episódios dolorosos.

Se mal realizado, o procedimento pode gerar complicações, como infecções e mesmo lesões.

Furar as orelhas cedo – melhor não!

Embora seja algo culturalmente bem aceito, na maior parte das vezes, o ato de furar as orelhas das recém-nascidas é apontado por alguns como um ato de violência contra à criança. Vale lembrar que, apesar de pequenas, elas são as donas dos seus corpos, e estes devem ser respeitados em sua integridade.

Submeter os bebês a procedimentos desnecessários, como furar as orelhas, pode, dessa forma, ser um ato invasivo, de desrespeito ao corpo do outro. Afinal de contas, e se a menina não quiser ter as orelhas furadas depois? Não seria melhor que ela escolhesse se quer? Não é mais interessante fazer desse um evento especial, anos depois, quando a criança puder opinar? É importante ensinar para os pequenos a importância do respeito ao próprio corpo e incentivar a autonomia deles.

Quem é contra esse procedimento, quando feito de modo precoce, ainda ressalta que esse é um momento que gera dor no bebê e que pode trazer consequências. Há vários casos de crianças, cujas orelhas infeccionaram depois de colocarem brincos, outras ainda que se incomodam por que os adereços enroscam em todo lugar. Apesar de ser seguro, na maioria dos casos, pode acontecer alguma complicação. Nesse caso, não seria melhor evitar?

Por fim, existe uma questão por trás de tudo isso que diz respeito a como as meninas desenvolvem a autoimagem, as cobranças recebidas pelo fato de serem mulheres, e como a valorização da aparência – acima de tudo – pode ser algo nocivo, e que deve ser combatido desde os mais tenros anos.

A questão polêmica por trás de tudo isso é sobre como os pais lidam com as cobranças que a sociedade faz a respeito de criação. No fim das contas, embora a educação seja algo pessoal, é também uma ferramenta de transformação da sociedade, e o mote de furar ou não as orelhas pode ser uma boa oportunidade para, pelo menos, questionar os velhos padrões.

Tendo em vista todas estas considerações, se, ainda assim, você quiser furar a orelha da criança, fique atento à algumas recomendações básicas para não piorar ainda mais a situação de por si, delicada.

Recomendações

Embora não exista uma idade ideal, os especialistas alertam para a importância de evitar furar as orelhas dos prematuros, pois muitos deles podem ter essa cartilagem ainda em formação.

Além disso, é importante seguir algumas recomendações, como por exemplo:

  • Prefira especialistas capacitados para fazer o furo. Embora os farmacêuticos tenham autorização para fazê-lo, o ideal é procurar um médico ou enfermeiro, que podem, inclusive, utilizar anestesia local para aliviar a dor no momento da aplicação;
  • Jamais fure as orelhas dos bebês em casa, isso é perigoso e pode gerar complicações à saúde dos pequenos;
  • Depois de furadas as orelhas, limpe-as regularmente com álcool 70% e cotonete para cicatrizar corretamente. Geralmente em 45 dias a cicatrização está completa
  • Tome cuidado para os brincos não enroscarem em roupas ou tecidos, como lençóis
  • Observe se a região apresenta vermelhidão, crostas ou secreção, pois esses sinais podem indicar que o local está infeccionado.
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Cintia Ferreira

Paulistana formada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro, tem o blog Mamãe me Cria e escreve para greenMe desde 2017.


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