Como lidar com os medos infantis


Imagine uma sociedade na qual as pessoas não sentem medo algum. Atravessam na frente dos carros, não fogem de tiroteios e convivem bem com leões selvagens. Evidentemente, nesse cenário não existiria mais raça humana para contar história. O medo, apesar de incômodo, é um elemento essencial de sobrevivência. Ele existe para proteger as pessoas dos perigos – que podem ser reais ou imaginários.

A linha que separa um do outro, no entanto, pode não ser tão tênue quanto parece, principalmente quando se trata das crianças.

Conheça agora os motivos por trás dos medos infantis, quais os tipos e como lidar com eles.

Por que as crianças sentem medo

Todo mundo sente medo, alguns em maior e outros em menor proporção. Com as crianças, é a mesma coisa, mas, no caso delas, há um fator agravante: a imaginação.

A reação cerebral a um suposto “perigo”, que causa aqueles sinais tão conhecidos, como palpitações, suores e tensão, e que existem para que a gente saiba lutar ou fugir do que causa medo, acontece no imaturo cérebro infantil de uma forma mais intensa. Tendo em vista, que as crianças ainda não sabem separar bem o que é fruto da imaginação do que é realidade. É assim que uma simples sombra na parede vira um fantasma assustador.

Conheça os diferentes tipos de medo em cada faixa etária

A criança experimenta vários tipos de medo no decorrer da infância. Alguns deles são reais, como o receio de ir ao médico, de enfrentar novos ambientes, de conhecer pessoas novas. Outros, no entanto, acontecem graças a sua capacidade imaginativa e imaturidade no desenvolvimento cerebral. Entre os medos mais comuns em cada fase estão:

ATÉ 1 ANO E MEIO – Nessa fase o bebê sente medo, principalmente, de barulhos diferentes, luzes, pessoas estranhas. Pode ainda ter medo de altura, de cair, e de ficar longe dos pais;

DE 1 ANO E MEIO ATÉ 3 ANOS – Tudo que fugir da rotina da criança pode ser motivo para ela sentir medo. Geralmente, é nessa fase que se inicia a vida escolar, e muitas coisas novas começam a acontecer no dia a dia das crianças, o que pode a deixar assustada. É comum também que o medo de barulhos estranhos continue, e também de médicos;

DE 3 A 5 ANOS – Nessa fase a imaginação está a todo vapor, graças ao desenvolvimento cerebral. Nessa faixa etária, as crianças sentem medo de monstros, figuras imaginárias e pessoas mascaradas, como palhaços;

A PARTIR DOS 6 – Já maiores, os medos começam a ser mais reais, é quando surgem os temores de ladrões, do escuro, de cachorros e outros animais, e também de perder os pais.

Como lidar com os medos infantis

A melhor forma de lidar com o medo, de acordo com especialistas, é agir com naturalidade. Já que todo mundo sente medo, nada mais natural do que saber lidar com ele, desde cedo. É impossível evitá-lo, então a criança tem que aprender a conviver com ele.

O medo em excesso pode prejudicar o pleno desenvolvimento da criança já que a reprime, impedindo-a de viver situações novas e diferentes. Já a falta de medo também pode ser igualmente nociva, pois é por causa dele que as pessoas evitam se expor a riscos.

Existem várias formas de ajudar as crianças a lidar com o problema:

Conheça a origem do medo

Alguns temores infantis podem ter causa algo que ocorreu com elas. Por exemplo, o medo de determinados insetos inofensivos, como a lagartixa, pode ter sido originado na mente da criança ao presenciar a mãe gritando por causa do bicho. Já o medo de cachorro pode ter sido causado porque a criança foi mordida ou presenciou alguém ser atacado por um animal.

Saber a origem pode facilitar na hora de fazer a criança lidar com o que teme.

Ajude a criança a enfrentar medos irreais

O medo de monstros, fantasmas e outras criaturas imaginárias não deve ser ridicularizado, nem menosprezado. Lembre-se de que a criança não sabe separar o que é realidade e imaginação ainda, o que ela sente é muito real e deve ser levado em conta sempre.

A ajuda mais importante é mostrar para a criança que estará ao seu lado, ao invés de dizer que “monstros não existem”.

Seja verdadeira sobre os medos reais

Coisas ruins acontecem o tempo todo e alguns perigos, como da violência e da morte, são reais e acompanham as pessoas a vida toda. Por isso, diga sempre a verdade, respeitando a faixa etária da criança, abordando-a de uma forma que ela consiga entender.

Não use o medo contra a criança

Dizer que o bicho-papão vai pegá-la se ela não comer toda comida é algo que os pais nunca devem fazer. Não utilize os medos da criança como forma de ameaçá-la, pois você só estará trazendo ainda mais sofrimento para a vida dela.

Seja lúdico

Livros, histórias, brincar de faz de conta, tudo isso ajuda a criança a enxergar o próprio medo de outra forma. Por exemplo, se ela tem medo de escuro, que tal ir passear com ela à noite, mostrando as estrelas, a lua e como as ruas ficam iluminadas? Crianças utilizam as brincadeiras para se expressar, por isso usar conceitos lúdicos pode ser muito efetivo.

Dê objetos transacionais para criança

Objetos transacionais são itens que ajudam as crianças a lidar com as situações, principalmente aquelas que as amedrontam. Um ursinho, um paninho, tudo isso pode servir para que a criança tenha mais segurança e aprenda a lidar com os próprios temores.

Não transfira seu medo para a criança

Adultos são os espelhos na vida das crianças. Se elas presenciam uma cena de pavor causado por algo a tendência é que elas comecem a sentir medo de tais coisas também. Se não der para evitar, explique para a criança que é normal, mas que é importante enfrentar e conviver com o medo.

Quando procurar ajuda

Na maioria das vezes, os medos infantis desaparecem com o amadurecimento cerebral, porém caso você note reações exageradas, como suores, dificuldades de dormir, escapes de urina e dor de barriga; se a criança demorar a ser confortada após enfrentar um medo, vale uma consulta com um especialista.

Pode ser que ela esteja desenvolvendo uma fobia, que é quando o medo atinge proporções anormais, causando sintomas despropositais. Além disso, se a criança começa a evitar situações e se esconder, e o medo passa a prejudicar a rotina dela, procure um médico para que ele oriente e avalie o caso.

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Cintia Ferreira

Paulistana formada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro, tem o blog Mamãe me Cria e escreve para greenMe desde 2017.


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