Republicanos x Democratas: quem são eles? Entenda as diferenças


Toda vez que tem uma eleição norte-americana os únicos partidos que aparecem são Republicano e Democrata. Mas por que isso acontece?

Porque nos EUA o sistema político é bipartidário e esses são os dois maiores partidos do país, predominantemente.

A Constituição norte-americana porém, não proíbe a existência de outros partidos e de fato, eles existem, porém, Democratas e Republicanos, por serem os maiores, dominam o sistema político-partidário dos Estados Unidos, alternando-se no poder há décadas, por isso a rivalidade acirrada.

Parece tudo a mesma coisa, e de certo modo, pode até ser. As palavras República e Democracia são “parentes”.

República é uma forma de governo cuja origem, do latim res publica, significa “coisa pública”.

Já a democracia é um regime político onde todos os cidadãos participam diretamente, ou através de representantes eleitos, das decisões do Estado. A palavra tem origem grega demos, δῆμος, (significa “povo”) e κράτος (kratos, significa “poder”). Democracia é portanto o governo do povo.

A diferença entre os termos está no fato que, de um lado a república é uma organização político administrativa, enquanto a democracia é uma forma idealizada de poder.

Mas voltemos às eleições norte-americanas com os democratas de um lado, e os republicanos de outro.

Surgimento dos partidos

Dados históricos dão conta que na organização política norte-americana os primeiros partidos surgiram no final do século XVIII, junto com a independência dos Estados Unidos, ocorrida em 4 de julho de 1776, quando se instituiu o modelo republicano.

Partido Democrata

O partido democrata é o mais antigo dos partidos americanos, fundado há mais de 200 anos, em 1792 por Thomas Jefferson, um dos chamados “pais fundadores” da nação norte-americana, chegando à presidência dos EUA em 1800.

Segundo Antônio Pedro Tota conta em seu artigo “Origens do bipartidarismo. Uma tentativa de entender as eleições norte-americanas”, o partido democrata ganhou adesão da sociedade americana do Sul, com pauta agrária escravocrata:

“Com a Guerra Civil, o Partido Democrata, por ter incitado a secessão, ficou associado aos sulistas, ao racismo e ao reacionarismo.”

Partido Republicano

O partido republicano é um pouco mais novo que o partido democrata, tendo sido fundado em 1854, com pauta antiescravocrata, chegando ao poder com a eleição de Abraham Lincoln.

Ainda segundo Tota, o partido republicano ou (Grand Old Party – ou simplesmente GOP), surgiu a partir do Partido Federalista (partido que surgiu logo após a independência), e reunia membros da sociedade do norte do país, com ideias ligadas ao trabalho livre assalariado (os americanos vinham de um sistema escravagista), à proteção à pequena propriedade a ao desenvolvimento industrial do país.

No século XIX, os republicanos empenharam-se na defesa dos negros e foram fundamentais pela emenda constitucional que aboliu a escravidão no país.

Mas espera aí, quer dizer que no início o partido democrata defendia a escravidão e o partido republicano defendia os negros, o trabalho assalariado e a pequena propriedade privada?

Isso mesmo.

Mas como a história desses partidos mudou tão radicamente?

A reviravolta

Já havia uma grande rivalidade de ideias e até de região, democratas do sul e republicanos do norte. Após a Guerra Civil Americana (1861-1865), os EUA passaram por grandes transformações sociais, políticas e econômicas, com o fim da escravidão e o forte desenvolvimento industrial.

Essas mudanças foram sentidas pelos partidos e muitos membros do Democrata, aqueles mais radicais e conservadores, acabaram migrando para o Partido Republicano, fixando a pauta conservadora, enquanto que os democratas foram se flexibilizando assumindo uma linha mais progressista e liberal.

Tanto que houve presidentes, como Madison e Adams, cujo partido era Democrata-Republicano, uma fusão dos dois.

Inverteram-se as ideologias, radicalmente.

A partir do governo de Franklin D. Roosevelt em 1933, logo após a Grande Depressão (1929-1933), o partido democrata assumiu uma posição claramente de proteção à classe operária e às políticas assistencialistas e trabalhistas.

Por sua vez, os republicanos defendiam a intervenção mínima do Estado no fornecimento de serviços e auxílio à população, acreditando que as leis do mercado é que deviam regular e definir a distribuição da renda e a liberdade do trabalho é que promoveria a justiça social.

A partir daí, novamente, os partidos estavam em frentes totalmente opostas, surgindo as primeiras menções de identidades partidárias de esquerda e direita, sendo os democratas defensores dos trabalhadores e direitos sociais e ambientais e os republicanos, do capitalismo, da propriedade e valores religiosos.

Pauta republicana x pauta democrática

A partir do século XX, os republicanos representavam a base fundamental do conservadorismo norte-americano em oposição aos liberais sociais do partido democrata.

Atualmente, numa descrição bem resumida e simples, pode-se dizer que a pauta do partido republicano é:

  • Apoio incondicional ao capitalismo e às livres leis do mercado
  • Livre iniciativa
  • Conservadorismo fiscal
  • Defesa de políticas econômicas conservadoras
  • Defesa de valores cristãos posicionando-se contra o aborto, casamento gay, pesquisas em célula-tronco e eutanásia, por exemplo
  • Defensores do porte de arma, da propriedade e do estado-mínimo, corte de impostos, privatizações e fim de programas sociais

Presidentes mais famosos: Nixon, Reagan, Bush pai, Bush filho e Donald Trump.

Da mesma forma simplista, a pauta dos democratas atualmente é:

  • Defende a igualdade social e econômica
  • Intervenção do Estado para regulação de mercado
  • Incentivo a programas sociais
  • Plataforma ideológica voltada para a proteção do consumidor, do meio ambiente e apoio ao sistema público de saúde

Presidentes mais famosos: Kennedy, Jimmy Carter, Bill Clinton e Barack Obama.

Direita x esquerda

Assim, pode-se considerar que o partido republicano é de direita e o partido democrata é de esquerda?

A resposta para essa pergunta é muito subjetiva, porque há autores que acreditam que, por serem liberais, jamais poderiam ser de esquerda, outros que acreditam que no país americano não exista esquerda no sistema político, apenas centro-direita e por aí vai.

Mas afinal, para os norte-americanos, o que isso significa?

Quando se fala em democratas e republicanos, fala-se em liberais e conservadores, o que não corresponde exatamente ao conceito de esquerda e direita.

Além disso, a grandiosidade dos partidos, por si só, impede que haja uma unidade de pautas, uns podem defender uma coisa, enquanto outros são absolutamente contrários, mesmo dentro do próprio partido, porque existem os mais radicais, os mais de centro, os dissidentes, os divergentes, ou seja, pode-se encontrar várias vertentes dentro de um mesmo partido. 

Outra questão importante é que não se pode dizer que seja uma esquerda ou direita como no Brasil, por exemplo, porque todos nos EUA são, acima de tudo, liberais e absolutamente defensores do capitalismo.

Até nas cores essa diferença se faz presente.

Enquanto que no Brasil e em boa parte do mundo a cor vermelha é associada à esquerda, representa bandeiras socialistas e comunistas, nos EUA, o partido republicano é representado pela cor vermelha e o símbolo ou mascote é um elefante, enquanto que os democratas, pela cor azul, e o mascote um burro ou jumento.

Assim, é mais certo dizer que existam pessoas, grupos, entidades de esquerda, de centro-direita, de direita, ultradireita, radicais e por aí vai, mas não parece correto atribuir essa posição política, esquerda ou direita, aos partidos.

Por aqui, muitos brincam que a direita brasileira estaria mais próxima dessa “esquerda americana”, ou seja, dos democratas, enquanto que os ultradireitistas brasileiros se aproximariam da “direita americana”, os republicanos.

Atualmente, na era Trump, o partido republicano procura eliminar seus últimos elementos moderados, aproximando-se ainda mais das pautas radicais, com discursos claramente armamentista, xenofóbico, racista e homofóbico, enquanto que a ala mais progressista do partido democrata assiste, de mãos atadas, ao crescimento em sua própria estrutura de uma corrente conservadora.

Novamente o cenário pode mudar com as eleições de 3 de novembro, onde republicanos (Trump) e democratas (Joe Biden) disputarão a alternância no poder e isso com certeza poderá promover mudanças no mundo, inclusive no Brasil.

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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