Antinatalismo: por que é melhor não nascer, segundo David Benatar


Uma entrevista polêmica feita pela BBC a David Benatar, autor de Better Never to Have Been, filósofo diretor do departamento de Filosofia da Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul, está dando o que falar. Enfim, nascer é mesmo uma desgraça assim grande que seria melhor renunciarmos à procriação?

Com sua filosofia antirreprodução, David Benatar acredita que seria melhor pra todo mundo que os humanos parassem de procriar e, assim, estaríamos seguindo o rumo em direção à extinção. Que maravilha ou, que tragédia!?

Na entrevista que pode ser lida aqui, neste link, David fala um pouco da sua teoria antinatalista, por assim dizer, fundamentada principalmente na questão do sofrimento humano pois, para ele, “há muita dor e sofrimento na existência humana. Por isso que é um horror trazer novos seres humanos ao mundo.”

De certo, ele reconhece que em nossas vidas há tantas alegrias também, mas estas seriam superestimadas em detrimento do fatídico sofrimento que a velhice, as doenças, as dificuldades que a vida certamente impõe a todos (alguns mais, alguns menos, mas enfim, viver é sofrer, em sua visão).

Nada de errado, aliás, todos os seres sofrem, não há como negar. Ao que parece, a vida é mesmo uma batalha, uma força dolorosa que nos empurra, não sabemos porquê, a seguir avante, a passar nosso DNA pra frente, que seja para a evolução da espécie como diria Darwin, que seja porque Deus assim quis, como diriam os criacionistas.

Para David Benatar abraçar o antinatalismo sempre foi uma coisa óbvia, afinal, para que nascer se sabemos que iremos sofrer? E se ninguém pediu pra nascer, ou para sofrer, por que tantas pessoas decidem ter filhos? “Muitas pessoas não sabem o que significa ter filhos, simplesmente os têm. A metade das crianças do mundo não são desejadas.”

Além do sofrimento

Sofrimento à parte, há quem vá de mãos dadas com esta teoria embora seguindo uma outra estrada, a da sustentabilidade.

Uma pesquisa feita este ano, publicada na revista científica Environmental Research Letters, chegou muito abertamente à uma conclusão meio que óbvia: para salvar o planeta é preciso fazer menos (ou zero) filhos. Sim, porque se somos muitos, se os recursos estão realmente se esgotando, como o planeta irá dar conta de tanta demanda por água, alimento, etc?

Além disso, outras 3 ações (viajar menos de avião, renunciar ao carro, renunciar ao consumo de carne) também estão na lista desta pesquisa desenvolvida pela University of British Columbia.

Para se aprofundar:

Qual futuro?

Desemprego, clima quente e seco, robotização, escassez de água e de alimentos, desastres naturais devido ao aquecimento global, eventos climáticos extremos, chuvas, ciclones, aumento do nível do mar, inundações, seca, guerra, enfim, a lista que prevê um futuro cruel para todos é longa, exceto se tomarmos as rédeas do desenvolvimento agora (já tarde) para uma direção mais sustentável.

Juntando tudo isso ao sofrimento natural (e até romântico, “que nos faz crescer”, que “faz parte da vida”), pensando bem, não vamos dizer que é melhor não nascer, mas sim, que é melhor pensar MIL vezes antes de querer por uma pessoa no mundo, não é mesmo? O que vocês acham?




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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Este artigo possui 2 comentários

  1. José Sidenei de Melo
    Publicado em 18/04/2021 às 8:44 pm [+]

    Essa questão é simples de entender. Nós estamos no meio de um processo evolutivo, e dentro de um certo tempo a edição genética (CRISPR) pela Genômica nos tornará cada vez melhores, não perfeitos, mas bem melhores em todos os pontos de vista. A espécie humana não poderia ter-se iniciado como se fosse um paraíso e ir piorando gradativamente. Vai demorar um bocado, mas valerá a pena viver. A Ciência e as Tecnologias avançam em uma progressão geométrica e todos os males e sofrimentos que enfrentamos hoje deixarão de existir.


  2. Daia Florios
    Publicado em 20/04/2021 às 8:11 am [+]

    Oxalá <3


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