Conheça a inacreditável história do indiano que criou o absorvente para mulheres pobres


Embora muitos homens brasileiros não se sintam tocados no que se relaciona à menstruação, um indiano revolucionou o absorvente feminino. Tudo isso aconteceu em uma região pobre da Índia.

Arunachalam Muruganantham parece seguir a filosofia do Amartya Sen – economista indiano vencedor do Prêmio Nobel de economia, um dos criadores do Índice de Desenvolvimento Humano – a qual afirma que “quando as mulheres estão bem, todo o mundo está melhor”.

Sua criação tem se voltado para o público de mulheres habitantes de uma pobre zona rural da Índia.

Via crucis pelas mulheres

Embora sua iniciativa seja louvabilíssima, Muruganantham – ou Muruga, como gosta de ser chamado – passou por toda sorte de lutas até chegar ao resultado ideal para o absorvente. Sua mulher se afastou dele, sua mãe se afastou dele, com asco, e os vizinhos e demais habitantes do local chegaram a oferecer-lhe uma escolha: ser amarrado, de cabeça para baixo, em uma árvore tida como sagrada, ou então ter de se exilar. Nada disso demoveu Muruga de seu propósito.

A razão para tal reação negativa

Segundo os indianos, a menstruação atrapalha o desenvolvimento social da mulher, já que têm de se afastar de suas atividades rotineiras, como os estudos e outras. Com isso, perdem o ano letivo – algumas nem chegam a estudar – e isso impacta negativamente as finanças dos grupos familiares; também ficam impossibilitadas de irem ao templo.

Muruga e a grande ideia

Muruga teve a ideia para a criação do absorvente a partir da convivência com sua mulher, a quem amava intensamente. No começo do casamento de ambos – só conseguiam se falar a sós na hora do almoço – uma tarde, ele se dirigiu a ela perguntando o que tinha nas mãos – ela parecia esconder algo atrás do corpo. Ela lhe esbofeteou e disse que “não era de sua conta”. Ele percebeu que era um pano sujo com sua menstruação.

Em um momento, ele chegou a perguntar à mulher, por qual razão ela não adquiria absorventes descartáveis; ao que ela respondeu que custavam muito caro. Uma vez, quando Muruga comprou para ela um pacote de absorventes, viu realmente o preço e ficou impressionado – era o custo de 40 vezes o preço de algodão cru, embora pesasse menos de 14 gramas.

Além disso, havia um grande perigo para a saúde pública, com o uso dos panos, já que, por vergonha, as mulheres não os deixam secar ao sol; com isso, ficam infectados e acabam trazendo transtornos às mulheres; não raro afetando a saúde e até levando à morte de algumas delas.

O invento de Muruga

A criação do absorvente se deu da seguinte forma: como era filho de uma tecelã sabia como manipular o algodão, então comprou uma rede à base do material, cortando-a em retângulos, envolvendo tudo em tecido viscoso. Mas não sabia como ia testar seu material, porque o assunto era tratado com tamanho alarde.

Sua mulher aceitou experimentar, mas não gostou do resultado. Ele tentou fazer com que suas irmãs fizessem o mesmo, ao que também se recusaram. Sua família se voltou contra ele, fazendo ameaças para o caso de ele continuar com as experiências.

Ele continuou fazendo a pesquisa, agora em segredo. Chegou a se dirigir – de bicicleta,em longa viagem – para a Faculdade de Medicina, por crer que as mulheres fossem mais esclarecidas e lhe fornecessem os dados de que precisava. Isso não aconteceu, os dados eram mentirosos.

Um experimento incomum

Muruga decidiu experimentar o absorvente por conta própria. Fabricou um “útero” a partir de uma bola de futebol, enchendo-a se sangue de animais e fazendo um furo pequeno. Amarrou-o por baixo da roupa e fazia suas atividades rotineiras.

Com isso, novos problemas: Muruga começou a ser ainda mais mal visto que antes, e sua mulher o deixou, porque acreditava nos rumores que afirmavam que seu marido era amante das estudantes de medicina.

Nova experiência

Ele abandonou, depois de algum tempo, a ideia do útero artificial e decidiu continuar seu estudo com absorventes higiênicos usados, para reparar qual o funcionamento.

Muruga acabou conseguindo que mulheres doassem seus absorventes, mas sua mãe acabou descobrindo e, por achar que seu filho estava sob efeito de magia negra, se afastou dele. A comunidade deu a ele um ultimato e ele saiu de lá.

Verificou, em sua nova moradia, que a saída era não usar algodão, mas celulose nos absorventes. Como as máquinas de decomposição de celulose custavam muito caro, ele construiu uma… em quatro anos e meio.

Enfim… o sucesso de Muruga

Muruga, CEO de sua Jayaashree Industries, atualmente conta com 250 máquinas, que foram adotadas em cerca de 1.300 vilarejos pelo país todo. São operadas, em geral, por mulheres, para que não haja constrangimento na aquisição dos produtos.

Muruga foi premiado no Instituto Indiano de Tecnologia (IIT), com um reconhecimento nacional pela inovação. Recebeu o prêmio das mãos do presidente do país na época, Pratibha Patil.

Com a visibilidade, sua mulher decidiu voltar para ele e foi possível realizar seu sonho: o de permitir que as mulheres não fossem prejudicadas pelo ciclo menstrual – como ocorria com sua mãe solteira, que precisava sustentá-lo, mas que ficava impossibilitada nas épocas da menstruação.

Fonte foto: bbc.com




Redação greenMe

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