Desigualdade: os 8 mais ricos acumulam o que a metade da população mundial possui


A ONG britânica Oxfam, de assistência social e combate à pobreza que atua em 94 países, acaba de divulgar uma pesquisa que mostra uma triste realidade: oito empresários (todos do sexo masculino) acumulam juntos a mesma quantidade de dinheiro da metade da população mais pobre do mundo, que são 3,6 bilhões de pessoas. Isso mesmo, a proporção 8 x 3,6 bilhões revela o quão desigual o mundo é social e economicamente.

Tal desigualdade mostra que “a lacuna entre ricos e pobres é muito maior do que se temia”, segundo a Oxfam afirma em seu relatório. Muitas dessas pessoas que fazem parte dos 3,6 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia, enquanto os 8 mais ricos acumulam uma fortuna que, sejamos francos, é muito além do que qualquer pessoa precisa para viver dignamente e ainda satisfazer muitos caprichos.

A diretora-executiva da Oxfam, Winnie Byanyima, faz uma análise importante dessa disparidade ao comentar que muitos salários

“se estagnam enquanto as remunerações dos presidentes e altos diretores de grandes empresas disparam, corta-se investimento em serviços básicos como saúde e educação enquanto grandes corporações e grandes fortunas conseguem reduzir ao mínimo sua contribuição fiscal“.

Infelizmente, a maioria das pessoas ricas do mundo não paga impostos e contribuições fiscais de acordo com os seus ganhos, ficando para a classe trabalhadora a maior parte dos encargos tributários, o que levanta uma outra discussão acerca da desigualdade dentro da desigualdade.

Dinheiro que não acaba nunca

A ONG destaca que o primeiro trilionário pode “nascer” em 25 anos, já que o ritmo da concentração de riqueza está acelerado. “Esta pessoa necessitaria esbanjar um milhão de dólares por dia durante 2.738 anos para gastar toda sua fortuna”, segundo a Oxfam. A questão é: alguém precisa realmente de tanto dinheiro?

Afinal, do que adianta tanto dinheiro se o seu vizinho passa necessidade? Para que tanto dinheiro se, socialmente, você está isolado dentro de um condomínio fechado ou em um carro blindado?

Desigualdades na desigualdade

Ademais, a concentração de renda nas mãos de homens brancos coloca em questão outros aspectos da desigualdade, como gênero e etnia. Ou seja, mulheres e negros não têm as mesmas oportunidades no âmbito do trabalho, já que são vítimas de discriminação e recebem, por causa disso, salários mais baixos ou ficam fora do mercado de trabalho formal.

A Oxfam prevê que, no ritmo atual, somente em 170 anos haveria a igualdade salarial entre homens e mulheres.

Como se combate a desigualdade?

O que a ONG propõe para equacionar essa brutal desigualdade é o óbvio: taxação sobre as grandes fortunas. Ou seja, os detentores de altas rendas devem pagar maiores impostos e cooperarem com o mundo no qual eles, também, vivem. Assim, trabalhadores e pessoas que passam necessidades teriam a oportunidade de terem uma vida mais digna, com a reversão social do imposto de renda – e, certamente, isso não afetaria essas grandes fortunas.

Outra recomendação da Oxfam é que os governos apoiem empresas interessadas em dar benefícios aos seus trabalhadores, e não apenas aos seus acionistas, além de terem uma política equitativa para homens e mulheres.

Quem são os 8 bilionários?

Você está curioso para saber quem são os 8 homens mais ricos do mundo?

Segue a lista:

  1. Bill Gates, da Microsoft;
  2. Amancio Ortega, da Inditex (dono da Zara);
  3. Warren Buffett, maior acionista da Berkshire Hathaway;
  4. Carlos Slim, proprietário do Grupo Carso;
  5. Jeff Bezos, da Amazon;
  6. Mark Zuckerberg, do Facebook;
  7. Larry Ellison, da Oracle;
  8. Michael Bloomberg, da agência de informação de economia e finanças Bloomberg e ex-prefeito de Nova York.

Há um brasileiro também com fortuna na cifra do bilhão. Segundo a revista Forbes Brasil, o empresário Abilio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, é a 14ª pessoa mais rica do país, em 2016. Sua fortuna está avaliada em R$ 12,39 bilhões.

Desigualdade social no Brasil

Rocinha x São Conrado- RJ

Como nós sabemos, a desigualdade social no nosso país é muito grande. Sobre para a classe trabalhadora pagar a maior fatia do imposto de renda. O nosso sistema tributário é extremamente injusto, o que aprofunda a desigualdade social.

O pesquisador Evilásio Salvador realizou o estudo Perfil da Desigualdade e da Injustiça Tributária, produzido pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) com apoio da Oxfam Brasil, Christian Aid e Pão Para o Mundo, no qual aspectos como sexo, rendimentos em salário mínimo e Unidades da Federação foram analisados.

O objetivo do estudo é identificar o efeito concentrador de renda e riqueza, considerando os dados da Receita Federal sobre os rendimentos e os bens e direitos dos declarantes de imposto de renda, no período de 2008 a 2014.

A análise dos dados da Receita Federal revelam que os R$ 5,8 trilhões de patrimônio informados no ano de 2013 pertenciam a apenas 726.725 de pessoas, com rendimentos acima de 40 salários mínimos. Elas representam apenas 0,36% da população brasileira, que, além de ser dona de um patrimônio equivalente a 45,54% do PIB do Brasil, recebe uma tributação baixíssima.

A desigualdade no Brasil é, também, regional, já que a renda está concentrada em apenas cinco estados da federação: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

As pessoas precisam rever as suas reais necessidades de vida e ser conscientes dos seus privilégios e das dificuldades de sobrevivência da maioria das pessoas do planeta. Infelizmente, as pessoas extremamente ricas não têm a menor ideia do que isso significa. E pior: muito dessa riqueza é acumulada sobre a exploração de pessoas que não têm escolha e precisam se submeter a ela. Mas quem tem escolha tem, também, responsabilidade.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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