Modelo recria campanhas famosas para promover diversidade


Em um gesto inspirador de contraposição aos padrões e preconceitos da indústria da moda, Deddeh Howard realizou uma releitura de obras consagradas nesta área. Com o intuito de reforçar que precisamos lutar contra toda forma de preconceito, Howard se uniu ao fotógrafo Raffael Dickreuter e juntos criaram um belíssimo trabalho de fotografia que remonta de forma genial campanhas famosas da Louis Vuitton, Gucci, Victoria’s Secret e Guess.

“Não muito tempo atrás, eu ia a várias agências de modelos e era imediatamente comparada a uma ou duas modelos negras que eles já tinham no catálogo”, relata Dedded ao exemplificar apenas um dos casos.

“Mesmo que eles dissessem que eu tinha um visual incrível e que queriam muito me representar, não era possível pois já tinham uma modelo negra. Parecia que uma ou duas já era o suficiente para representar a todos os negros. Confie em mim, é bizarro quando dizem isso.”, complementa.

Casos como esses relatados por Dedded Howard são mais frequentes do que a mídia nos faz imaginar. O grande empecilho para que grande parte das pessoas enxergue a realidade do preconceito está nos exemplos de conquistas que a sociedade nos apresenta. Assim, cita-se Naomi Campbell para que acreditemos que o sucesso independe de cor, origem, etnia e etc., quando na verdade se trata de uma exceção, e não de uma regra.

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Inclusive, esta é uma das mensagens que Deddeh propõe em seu trabalho: “numa época em que os negros frequentemente aparecem nos meios de comunicação por estarem sub-representados em eventos importantes como o Oscar, ou por serem manchetes por serem vítimas da polícia, eu senti que era hora de fazer algo positivo e inspirador sobre minha raça”.

Sua série de fotos foi intitulada à altura: Black Mirror. “Eu pensei que era perfeito porque estamos espelhando duas imagens. Quando as mulheres negras se olham no espelho, perguntam-se: essa poderia ser eu, por que não sou eu?“, diz Howard, confirmando o que todos sentem diante da estrutura de irreais padrões de beleza criada pela indústria da moda.

No geral, toda a composição das fotos conta com elementos fiéis aos ensaios originais. Ou seja, cada detalhe como os móveis, as roupas, as posições e até mesmo os ângulos e focos das fotos foram reproduzidas de maneira magistral pelo fotógrafo.

Howard relata que para conseguir todas as roupas certas e também todos os móveis e acessórios foi “bem difícil”, mas “valeu a pena”. O resultado tem valor artístico próprio, podendo causar tanta fruição ou mais que o original.

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Felizmente, graças a trabalhos como o de Dedded Howard, as ações controversas e manipuladoras da mídia e da indústria da moda ficam cada vez mais evidentes. Estas, aliás, são duas indústrias que trabalham juntas, geralmente na obtenção de lucros às custas da autoestima. Não é necessário estabelecer uma linha de raciocínio muito longa para percebermos que os padrões de beleza institucionalizados pela indústria da moda são irreais.

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Desta maneira, com um padrão de beleza irreal instituído, a mídia e os meios de comunicação tentam nos garantir o alcance desta beleza através da aquisição de produtos que prometem os mais variados milagres igualmente inalcançáveis. Supondo que não exista nenhum interesso oculto, o mínimo que essas empresas esperam é lucrar.

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Para que consigamos escapar deste aprisionamento, basta olharmos para nós mesmos. A real beleza não é aquela vendida nas revistas e telenovelas, mas sim o que somos agora. Nada mais belo do que as singularidades do nosso rosto, corpo, sorriso. Há ainda a beleza do ser, única e resplandecente. Há tanta beleza em nós que os outros enxergam facilmente mas que muitas vezes para nós é difícil de acreditar, por que será?

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Fonte fotos




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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