Carga mental: Por que esse é um problema das mulheres ?


O dia das pessoas é dividido em tarefas, que podem ser mais complexas ou simples, mas que sempre demandam algum grau de ação. Porém, por trás de cada tarefa, como fazer o almoço, por exemplo, existe um planejamento.

Infelizmente, a sociedade ainda não conseguiu desenvolver um prato de refeição que apareça como mágica; então é preciso pensar nos ingredientes daquele prato, se eles estão disponíveis na geladeira ou armário; e, depois, é preciso cortar, assar, fritar, cozinhar. Feito o almoço e já fartos daquela refeição, chega a hora de lavar louça. Mas para fazer mais essa ação, é necessário que tenha detergente e bucha à disposição, ou seja, alguém precisa ter ido ao mercado comprar aqueles itens.

Isso só para dar um exemplo de uma tarefa corriqueira e indispensável, que é a alimentação. Porém esse exemplo serve para ilustrar algo que as mulheres conhecem bem: a carga mental. Você já ouviu falar disso?

O que é carga mental?

A carga mental nada mais é do que esse “planejamento” que existe por trás das tarefas. No caso do trabalho doméstico, esse trabalho é algo invisível, que pouca gente falava há alguns anos.

Ainda bem que isso está mudando. Essas pequenas decisões que exigem um esforço mental demandam de quem precisa tomá-las, uma atividade cerebral constante.

Que atire a primeira pedra quem nunca foi ao banheiro e percebeu que não tinha papel higiênico? Pois bem, a pessoa que abastece o banheiro com o papel higiênico novo em folha é aquela que estará com a carga mental de ter que lembrar dessa inglória tarefa.

E, geralmente, essa carga mental ainda é essencialmente feminina, pois trabalhos domésticos ainda são vistos como sendo “coisa de mulher”.

Estatisticamente, ainda é isso mesmo. Um estudo do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE), de 2020, mostrou que as mulheres dedicavam, em média, 21,4 horas semanais para tais serviços, enquanto os homens dispensavam 11 horas, por semana.

Então, por trás de uma mulher que limpa, passa, cozinha, leva o filho à escola, entre outras coisas, existe um esforço mental enorme para dar conta de tudo isso. Em termos técnicos a carga mental é uma quantidade de esforço não físico e deliberado, que deve ser realizado para alcançar um resultado concreto. E todas as tarefas, por menores que sejam, exigem algum grau de planejamento.

Conflitos conjugais

Embora existam cada vez mais homens dividindo as “tarefas” com as mulheres; no geral, ainda é delas a responsabilidade de “lembrá-los” de fazer tais atividades. Isso também é carga mental. Ter que “cobrar” o parceiro para limpar o quintal, aos finais de semana, demanda esforço cerebral da mulher. Embora a ajuda esteja ali, presente, para que a mulher tenha acesso à essa colaboração, ela precisa lembrar muito o companheiro sobre o que ele precisa fazer.

Não à toa, a carga mental está por trás de muitos conflitos conjugais, tendo em vista que há uma desigualdade e insatisfação relacionadas. Além disso, o trabalho doméstico é uma das bases por trás do crescimento econômico de qualquer país do mundo: para que alguém gere riqueza, ela precisa ter sido criança – logo ter sido cuidada por uma outra pessoa – até chegar à fase economicamente produtiva. Isso sem contar nos inúmeros casos de homens que são “cuidados” por suas esposas, mesmo sendo bem grandinhos.

Dividir decisões

Por isso e por toda a sobrecarga envolvida no trabalho de cuidado/doméstico é preciso discutir melhores formas de aliviar as tarefas e carga mental que existem na vida de boa parte das mulheres.

Uma das formas é dividir a responsabilidade não somente das tarefas, mas também das decisões que as envolve. Assim, uma pessoa que cuide da saúde dos filhos, precisa ser aquela que vai levar ao posto para vacinar, que vai marcar as consultas, que vai comprar os remédios necessários e administrá-los, quando preciso, e assim por diante.

Só assim para que a pauta sobre divisão de tarefas fique realmente justa.

Fontes: 

  1. El Pais
  2. G1
  3. Estadão

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Cintia Ferreira

Paulistana formada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro, tem o blog Mamãe me Cria e escreve para greenMe desde 2017.


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