Racismo e crueldade contra crianças negras DENUNCIE


Duas desinfluenciadoras, Kérollen e Nancy, com mais de 13 milhões de seguidores no TikTok postaram videos contendo “racismo recreativo”, termo usado pela advogada Fayda Belo. No vídeo, as mulheres entregam dois presentes inusitados às crianças negras: uma banana e um macaco de pelúcia.

Qualquer interpretação racista está dentro da realidade. Se alguém pensou em dizer “ah mas o macaco é bonitinho” ou “ah mas a banana é saudável”, não entendeu a mensagem.

No Twitter, a advogada diz:

“Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas ‘desinfulenciadoras’ tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores […]? Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada?”

e deixa um link para denunciar racismo ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Não compartilhamos o vídeo da advogada porque ela expõe as crianças, enquanto o vídeo abaixo, d’O Globo, esconde os rostos dos menores de idade.

Além do racismo, crueldade

É muita crueldade enganar crianças. A menina que recebeu o macaco de pelúcia ficou contente, enquanto o menino que recebeu a banana ficou “apenas” desiludido. É deveras monstruoso porque as crianças não entenderam a mensagem racista, nem poderiam entender, dada a inocência delas.

Mas então, qual é o ponto? É que tem gente ganhando like e dinheiro com crime. Sim, crime! Segundo a advogada Fayda Belo, expor crianças a constrangimento é crime pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, e discriminar pessoas negras por diversão é racismo recreativo, crime punível com até 8 anos de reclusão.

Racismo é coisa pra ignorante

Macacos são animais maravilhosos. Segundo a Teoria da Evolução de Darwin, a mais aceita no âmbito científico sobre a antiga pergunta “de onde viemos”, todos nós teríamos vindo do macaco, que veio de outras espécies, que vêm de um denominador comum. Somos todos um.

Infelizmente, com todas as probabilidades essas moças são ignorantes, além de racistas. Elas provavelmente nada sabem sobre teorias de evolução e nada sobre zoologia. Tampouco devem saber sobre sociologia pois, no Brasil, provavelmente somos todos negros, indígenas e europeus. Será que existe alguém 100% de alguma dessas 3 etnias? Realmente, o racismo não é para pessoas inteligentes e lógicas porque não cabe em nenhum lugar do mundo, sob qualquer ângulo e, não obstante, somos cercados de racismo não só contra negros, como contra asiáticos, ciganos, indígenas, etc.

Na verdade, até o termo racismo poderia estar fora de contexto pois não existiriam raças dentro da espécie humana (de acordo com Ashley Montagu, antropólogo e humanista inglês). Mas o termo, segundo pessoas racializadas, que vivem no dia a dia o uso de suas “raças” como ferramenta de intimidação, não falar sobre raças seria engrossar ainda mais o caldo do racismo, porque ele ficaria ali, escondido.

A discussão sobre raça é essencial para que um dia esse conceito possa ser ultrapassado. Mas ainda estamos muito longe disso.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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