Universidade cancela sonetos porque representam cultura ocidental branca


Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar-me, e novas esquivanças… A arte está prestes a morrer neste novo mundo que vem se formando.

Tentaram matar Dostoiévski, Tchaikovsky e outros imensos russos que nada têm a ver com a invasão russa na Ucrânia. Agora, com a desculpa de descolonizar, a Universidade de Salford, no Reino Unido, decidiu eliminar a composição de sonetos das provas a serem enfrentadas pelos estudantes de literatura, como reporta o Daily Mail.

Ou seja, alunos do curso de literatura da Salford University não terão que escrever sonetos para serem avaliados.

O que é um soneto?

O soneto é uma composição literária métrica, cujo nome vem do francês antigo Sonet que significava “espécie de canção, poema” , “cançoneta”, diminutivo de “som”.

Um soneto tem natureza predominantemente lírica, é composto por 14 versos, dos quais dois são quartetos (conjunto de quatro versos) e dois tercetos (conjunto de três versos), distribuídos em silabas tônicas metricamente contadas.

A criação do soneto é atribuída ao italiano Giacomo da Lentini, que o teria construído combinando dois strambotti (estrofes). Na Grã -Bretanha tornou-se popular com William Shakespeare.

Ao ser definido pela universidade em questão como “produto da cultura ocidental branca”, adeus sonetos, pelo menos naquela escola, pois ninguém precisa saber escrevê-los dado que não vai cair na prova.

Ah se a moda pega!

Diversificado e inclusivo

Os documentos da universidade afirmam que o objetivo é descolonizar a educação, ou seja, rever os programas de estudo para tirar o foco dos pontos de vista ocidentais historicamente dominantes, para que Salford se torne “um lugar mais diversificado e inclusivo” para os estudantes.

A universidade quer “produzir graduados social e eticamente conscientes, com um alto grau de competência cultural” com melhores métodos de avaliação, afinal, um asiático ou um africano não pode ser avaliado com base no conhecimento dos sonetos, pois isso seria discriminatório dado que sonetos não fazem parte da cultura destes povos.

Claro que choveu críticas ao projeto. O historiador Dr. Zareer Masani chamou a mudança de “paternalista” e “ultrajante”.

Acontece que muitas políticas de inclusão acabam por fazer o exato oposto. Deveríamos ensinar à crítica, às visões de mundo diferentes. Há, de fato, uma visão branca dominante (é como dizem: a história é sempre contada pela parte vencedora). Mas a questão não é calar a história branca e sim dar vozes às outras cores. E aqui nem estamos falando de história, e sim de arte.

A arte não deveria ter barreiras divisórias. A arte é a soma de todas as histórias, é beleza pura.

E você, o que acha disso?

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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