Autobiografia em Cinco Capítulos – Um Poema Sobre Mudança e Consciência


“Autobiografia em Cinco Capítulos” é um poema simples que revela como mudamos — ou não — nossos caminhos.

Mulher caminha pela rua

Mulher caminha pela rua

Em algum momento da vida, todos nós repetimos padrões que nos machucam: insistimos em escolhas erradas, ignoramos sinais, caímos nos mesmos “buracos”. Por que fazemos isso? E como conseguimos, afinal, mudar?

O poema “Autobiografia em Cinco Capítulos”, da artista americana Portia Nelson, responde a essa pergunta de forma surpreendentemente simples e profunda. Em poucas linhas, ele descreve o ciclo da inconsciência à transformação — algo que terapeutas, filósofos e mestres espirituais tentam explicar há séculos.

A seguir, compartilhamos o poema original, sua tradução para o português e uma breve reflexão sobre seu significado e impacto.

Poema original (em inglês)
Autobiography in Five Chapters
by Portia Nelson

I
I walk down the street.
There is a deep hole in the sidewalk.
I fall in.
I am lost … I am hopeless.
It isn’t my fault.
It takes forever to find a way out.

II
I walk down the same street.
There is a deep hole in the sidewalk.
I pretend I don’t see it.
I fall in again.
I can’t believe I’m in the same place.
But it isn’t my fault.
It still takes a long time to get out.

III
I walk down the same street.
There is a deep hole in the sidewalk.
I see it is there.
I still fall in … it’s a habit.
My eyes are open.
I know where I am.
It is my fault.
I get out immediately.

IV
I walk down the same street.
There is a deep hole in the sidewalk.
I walk around it.

V
I walk down another street.

Tradução para o português
Autobiografia em Cinco Capítulos
por Portia Nelson

I
Caminho por uma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio dentro.
Estou perdida… sem esperança.
Não é minha culpa.
Levo uma eternidade para sair.

II
Caminho pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Finjo que não o vejo.
Caio de novo.
Não acredito que estou no mesmo lugar.
Mas não é minha culpa.
Ainda levo muito tempo para sair.

III
Caminho pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu vejo que ele está lá.
Ainda assim, caio… é um hábito.
Meus olhos estão abertos.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.

IV
Caminho pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Desvio dele.

V
Caminho por outra rua.

Interpretação: O ciclo da mudança

Esse poema é uma metáfora simples e poderosa sobre os padrões repetitivos da vida, especialmente aqueles que envolvem autossabotagem, vícios, relacionamentos tóxicos ou escolhas que nos prejudicam.

Cada capítulo representa uma fase do processo de mudança:

Capítulo I – Inconsciência: Você sofre sem entender por quê. A culpa é externa.
Capítulo II – Negação: Você começa a perceber, mas ainda evita a responsabilidade.
Capítulo III – Consciência e responsabilidade: Você entende que o padrão se repete por sua ação (ou inação).
Capítulo IV – Ação consciente: Você muda seu comportamento, evitando o “buraco”.
Capítulo V – Transformação real: Você muda completamente o caminho — não apenas evita o buraco, mas escolhe uma nova rota.

Esse poema é frequentemente usado em psicologia, programas de recuperação (como os 12 passos) e grupos terapêuticos por expressar com clareza o desafio da mudança de padrões profundamente enraizados.

Quem foi Portia Nelson?

Portia Nelson (1920–2001) foi uma artista norte-americana multifacetada: cantora, atriz, compositora e escritora. Atuou em musicais e filmes como The Sound of Music (1965), além de manter uma carreira reconhecida nos cabarés de Nova York e na televisão, incluindo a novela All My Children.

Apesar de seu talento artístico em diversas frentes, foi por meio da escrita que deixou sua marca mais duradoura. Em 1977, publicou o livro There’s a Hole in My Sidewalk: The Romance of Self-Discovery, onde aparece o hoje célebre poema “Autobiography in Five Chapters” — um texto curto, direto e profundo, que se tornou referência em processos de autoconhecimento e terapia ao redor do mundo.

Por que esse poema ainda importa?

Porque todos nós já caímos nos mesmos buracos da vida — erros, padrões, distrações, medos — e demoramos a perceber que temos escolha. O poema de Portia Nelson não julga; apenas mostra, com compaixão e leveza, que a mudança é possível, um passo por vez.

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Redação greenMe

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