Como viajar mais barato com o skiplagging: o jeitinho passageiro de abandonar o voo


Todo mundo gosta de uma promoção quando o assunto é viajar. Ainda mais se for uma promoção de passagem aérea para aquele destinado tão sonhado. Nestes tempos de dólar nas alturas, venha conhecer um truque que pode fazer você a preparar a mala – ou não.

O truque se chama “skiplagging” e se trata de uma forma de driblar as tarifas das companhias áreas. A BBC News Brasil dá o seguinte exemplo para esclarecer como o comprador deve proceder: suponhamos que você queira viajar de Boston para Houston. Ao invés de você comprar esse trecho, você compra um outro com destino a Las Vegas com escala em Houston e desembarca nesta cidade, visto que o valor da passagem de um voo direto é mais elevado.

Literalmente, você abandona o barco (ou melhor, o voo) no meio do caminho. Claro que isso só funciona para quem não despachou bagagem. Mas, como as companhias aéreas têm cobrado por esse serviço, grande parte dos passageiro viaja apenas com bagagem de mão. A “manha” ganhou notoriedade este ano quando a companhia alemã Lufthansa processou um passageiro que não usou todo o trecho que havia comprado.

De acordo com Peter Belobaba, pesquisador do Centro Internacional de Transporte Aéreo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), as tarifações são as mesmas em todo o mundo. Ele explica:

“Boston-Las Vegas é uma rota de lazer que é mais sensível ao preço. Já Boston-Houston é um mercado empresarial, o que significa tarifas mais altas. São mercados muito diferentes quando se trata de concorrência e sensibilidade aos preços. Do ponto de vista econômico, faz todo o sentido cobrar tarifas mais baixas na rota Boston-Las Vegas, mesmo que seja mais longe do que Houston em termos de milhas, especialmente se a concorrência estiver cobrando US$ 199 por um voo sem escalas “.

É ético?

Bom, grande parte dos passageiros sente que paga caro por um serviço ruim. Nos últimos anos, sobretudo, a qualidade dos voos caiu bastante. Voos atrasados ou cancelados, serviço de bordo criticável, preços elevados, cobrança por serviços que antes não eram tarifados são itens que têm levado os passageiros a não se importarem muito com o lucro reduzido das empresas aéreas.

Pouca gente sabe dos ‘skiplaggers’, que são praticados, em geral, por viajantes experientes, ou seja, os que costumam ser os melhores clientes das companhias. Existe um site que ajuda a encontrar as “cidades escondidas” em conexões, o Skiplagged.

O jornal estadunidense New York Times, na coluna The Ethicist, que debate questões éticas, publicou um artigo positivo sobre o skiplagging. E os leitores endossaram o texto: nos comentários, eles argumentam que o fato de você realizar uma compra não o obriga a usar o produto.

Além do dilema ético, o “skiplagging” pode trazer problemas ao passageiro caso ele seja descoberto, podendo chegar a ser impedido de sair do aeroporto.

As companhias aéreas têm registros dos seus passageiros frequentes. Logo, a farra pode ser descoberta em pouco tempo e o barato sair caro.

A jornalista especializada em viagens Benét Wilson diz que entende

“a tentação de compensar isso, mas você precisa entender que pode ser processado, pode perder todas as suas milhas de passageiro frequente. Podem cancelar sua adesão.”

O jogo é sujo mesmo e as regras dele, geralmente, não beneficiam os jogadores compradores.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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