Por que algumas pessoas estão sempre insatisfeitas?


Existem pessoas que são “carinhosamente” chamadas de o “reclamão de plantão”, ou seja, aquela pessoa sempre insatisfeita com tudo e com todos. Será que isso é normal?

Pode ser difícil saber o limite de uma reclamação, pois sempre haverá algum motivo para reclamarmos da vida. Problemas com trabalho, dinheiro, amizade, amor, enfim, sempre podem surgir ao longo da vida, mas e quando parece que nada está bom o suficiente?

Existe um limite saudável para a reclamação?

A reclamação não deve ser vista como algo negativo, pois é a partir da insatisfação que também mudamos um estado de coisas que não nos agradam. Não podemos confundir sonhos, proatividade e a busca pelo crescimento pessoal como um problema de insatisfação com tudo e todos. As pessoas têm estilos diferentes para encarar a vida.

O problema é quando a insatisfação se torna frustração, levando a pessoa a não se contentar com nada que tem. Essas pessoas ficam focadas no que não têm no presente e não buscam satisfazer o seu desejo de mudança pela concretização de objetivos plausíveis.

O G1 entrevistou a psicóloga Jaqueline Pitchon acerca do tema da insatisfação, sobre o qual ela explicou que o ser humano é um ser de faltas, pois é o desejo pelo que não tem que o move. O ser humano precisou usar a criatividade para alcançar algo melhor, mas é o exagero disso o problema.

Quando a pessoa sente uma falta, mesmo conquistando o que deseja, algo não vai bem. No estudo da psique humana, analisa-se como as carências afetivas se deslocam para outros lugares. As pessoas podem canalizar essa falta constante de algo, por exemplo, comprando demasiadamente.

Existe diferença entre a insatisfação específica e a genérica. Quando a falta é específica, canalizada para um aspecto da vida, como o amor ou a profissão, a psicóloga explica que ela representa a frustração sobre uma escolha errada. Por exemplo, a insatisfação no trabalho. A causa aí é clara. Já quando a pessoa não se satisfaz com nada, ela não está satisfeita com ela mesma, que é um dos sintomas da depressão.

Atualmente, as pessoas são mais incentivadas a buscar o que lhes satisfaz. Isso não quer dizer que antes não existia tanta insatisfação, mas falar dela era mais contido.

As crianças também têm se mostrado muito insatisfeitas, o que, em geral, está associado à falta de afeto ou cuidado. Há pais que tentam compensar o problema “dando demais”, o que, naturalmente, não supre a falta da criança por carinho e atenção.

Quando a insatisfação se torna um problema

O problema da insatisfação exagerada é que ela nunca deixa a pessoa curtir o presente e aquilo que tem. O foco dessas pessoas não é entender o presente e a própria vida, mas em criar algo melhor fora dessa realidade. Isto é, as pessoas insatisfeitas não realizam o que desejam, mas focam no sofrimento da ausência.

O psicólogo e diretor da MS&Cia Assessoria em RH, Mário Vieira Serra, destacou algumas motivações para a insatisfação constante:

– problemas no presente;

– dificuldade de focar nas coisas boas do momento;

– aprendizado com os pais ou por quem os criou que a vida deve ser vivida dessa forma;

– sonhar com o futuro ideal, sem condição de viver o presente real.

Como sair dessa bolha?

Serra diz que a pessoa insatisfeita pode estar passando por dois processos na vida: a insatisfação com ela mesma ou a compulsão por reclamar.

A mania de queixar-se negativamente pode acarretar problemas para a saúde. O psicólogo explica que: “Tendo essa postura ela vai levar uma vida sempre negativa, se autodestruindo e podendo cair em profunda depressão”.

A mudança, para esses casos, deve vir de dentro para fora. A pessoa deve olhar para si mesma na busca de entender o que lhe causa um estado permanente de insatisfação.

A partir da percepção de que há um problema é que deve vir a mudança, que, às vezes, precisará ser orientada por um profissional da área da psicologia, que irá estudar a vida da pessoa para descobrir o motivo da insatisfação.

Só assim ela conseguirá enxergar as coisas boas que existem em sua vida e ao seu redor. Por mais problemas que se tenha, também há muitas coisas boas acontecendo. E quando as vemos e as valorizamos, a nossa vida ganha sentido e leveza.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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