Interações entre plantas, em chás ou cápsulas: é preciso ficar atento


Pode tomar, sem medo, que é só planta, dizem as pessoas – e a maioria se esquece de que as plantas têm compostos químicos que podem interagir entre si. É preciso conhecer muito bem para não misturar plantas que façam efeito ruim, negativo. Nessa “entrevista farmacêutica” do Dr. Júlio Peixe, você vai saber mais.

O Dr. Júlio Peixe é um farmacêutico, especialista na área de interações medicamentosas tanto entre plantas medicinais quanto com os medicamentos alopáticos. Sua entrevista à Rádio EBC nos alerta sobre os riscos da mistura de plantas, seja em chás ou em cápsulas (formulações fitoterápicas) e destas com medicamentos alopáticos.

Diz ele:

“É fato corriqueiro pessoas irem às unidades de saúde, queixando-se de problemas. Depois de uma investigação minuciosa, o médico descobre que a sua origem é a interação entre o medicamento prescrito e os chás que estão usando por conta própria”. E explica que, as moléculas das plantas também interagem entre si dando origem a outros compostos químicos que podem ter resultados negativos no organismo de cada um.

Porque ocorre a interação medicamentosa?

mix ervas

A interação medicamentosa entre um chá e outro ocorre porque as plantas contêm fitocomplexos com efeito farmacológico que pode ser alterado quando há ingestão de fitoterápicos, alimentos ou medicamentos – essa alteração tanto pode ser benéfica, melhorando os efeitos, quanto maléfica, causando problemas de saúde.

Para evitar esse tipo de problema, o Dr. Peixe recomenda que os usuários não se limitem a ouvir a opinião ou indicação do vizinho ou familiar senão que, busquem aprofundar informações com pessoal médico ou farmacêutico que entenda de plantas ou, estudar estas interações em textos na internet.

Existe uma forma correta de se usar as plantas como medicamentos – é preciso saber como devem ser preparados (algumas plantas não podem ser cortadas com faca, outras devem ser usadas inteiras e piladas, outras se usam secas e algumas, somente frescas), quais partes da planta (raízes, cascas, folhas, flores) devem usar, em que quantidades, como ferver (se fazer uma infusão ou uma decocção) e quanto tempo deixar abafando, se devem coar ou não a mistura, quais plantas se podem misturar sem erro – e tem mais, é importantíssima a época e lua em que se colhe a erva pois, só na época e lua corretas esta conterá todo o seu potencial.

A preparação de um medicamento é toda uma ciência, mesmo quando fazemos uso da medicina popular, que é de conhecimento empírico. Não basta saber a receita, ouvir dizer ou ler em algum texto que tal planta fará bem para o que te perturba. Antigamente, os erveiros, benzedeiras, curandeiros dos povoados eram os detentores desta ciência, que é exata – hoje em dia já não é assim: as ervas estão ao dispor, na terra ou na farmácia fitoterápica, e o uso só depende da sua vontade de experimentar.

Algumas interações que devemos conhecer

mix plantas

Podem ocorrer interações medicamentosas positivas, que é quando se somam, beneficamente, os efeitos de duas plantas (misturadas em chá ou tomadas no mesmo dia) como ocorre com o capim-santo e a erva cidreira, potencializando o efeito calmante;

o malvaisco com o anador, que soma uma ação expectorante com outra, broncodilatadora;

o ginseng com o gingko biloba, que ampliam a ação de ambos quando juntos.

Porém, também podem ocorrer interações ruins como a da castanha da índia e o senne, que causa perda acentuada de água no organismo levando à desidratação;

o café e o maracujá, que aumenta a pressão arterial em vez de reduzí-la;

o boldo do chile com qualquer medicamento que contenha ácido acetil salicílico, que aumenta o risco de hemorragias internas;

a kava-kava, que anula o efeito de alguns medicamento contra o parkinson;

a valeriana tomada com aprazolan e similares, que aumenta o tempo de sedação, o que não é saudável e, por exemplo, a colonia, excelente antihipertensivo que, em algumas pessoas pode produzir taquicardia.

Você poderá ouvir o áudio da entrevista AQUI.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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