Bebês indígenas estão morrendo vítimas de Covid-19


O primeiro caso ocorreu em 30 de abril, a vítima, uma recém-nascida indígena de apenas três dias de vida, residente em Floresta, Pernambuco.

A bebê nasceu saudável, era da etnia Pipipã e vivia em uma aldeia na zona rural do município. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, a pequena morreu em casa, apresentando “sintomas de desconforto respiratório” e testou positivo para Covid-19.

A cidade de Floresta tinha registrado apenas um caso confirmado de coronavírus antes desse falecimento, mas a mãe da recém-nascida, não havia apresentado sintomas e fora testada somente após o falecimento da filha.

Ontem, 19 de maio, a Secretaria Estadual de Saúde do Mato Grosso, (SES), informou que um outro bebê indígena, este  com 08 meses, saudável, morreu de Covid-19 na data de 11 de maio. Esta vítima vivia na aldeia Marawãitsédé, no Município de Alto Boa Vista.

Embora o bebê seja o primeiro indígena vítima de coronavírus no Estado de Mato Grosso, a situação dessa população é muito preocupante e os números de infectados e mortos vem aumentando entre os índios em todo o país.

A situação dos indígenas é agravada por desvantagens econômicas, sociais e de acesso à saúde e saneamento. Além disso, vivem de forma coletiva e isolados, na maioria das vezes, são um grupo de risco mais suscetíveis a sofrerem os efeitos da pandemia.

Além da grande suscetibilidade dos indígenas que não apresentam imunidade, anticorpos, porque não estão expostos normalmente a vírus e bactérias, levanta-se o alerta da ocorrência de subnotificação.

Em ambos os casos, tanto em Floresta quanto em Alto Boa Vista, não havia nenhum registro de infectado por coronavírus na comunidade ou família onde viviam os bebês vitimados.

Esse fato é um grande indício de que o vírus estava circulando, infectando pessoas e fazendo vítimas fatais, sem ter sido notado pelos órgãos oficiais que não puderam tomar as medidas de contenção necessárias.

A Funai informou que irá se reunir com as autoridades de saúde de Mato Grosso e traçar plano de contingência e tentar mapear as regiões com possíveis casos, no intuito de entender como esse vírus chegou até o bebê, locais e pessoas que tiveram contato com ele, enfim, as medidas de prevenção e controle.

Enquanto isso, os indígenas aguardam resposta e solução rápida, mas já demonstram muito medo e enorme preocupação.

Novamente, a falta de testes, pessoas assintomáticas e falta de prevenção eficiente, comprovam a ocorrência de casos subnotificados, deixando as autoridades no escuro quanto à evolução e disseminação da doença, colocando ainda mais em risco os mais vulneráveis.

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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